A arquiteta e empreendedora Marina Vaz recebeu prêmios de organizações internacionais, convites de grandes empresas para palestrar e subir em palcos de eventos, mas, segundo ela, isso não passava de uma cortina de fumaça. “Me colocavam ali porque precisavam colocar uma mulher para falar, mas eu não tinha um negócio estruturado e não investiam dinheiro em mim.”
Ao perceber isso, ela se afastou dos holofotes, e só decidiu voltar quando de fato tinha resultados para mostrar. Hoje, a startup fundada por ela, a Scooto, uma empresa de call center humanizado, emprega 325 mulheres. A maioria são mães que encontram na Scooto uma forma de se reinserir no mercado de trabalho.
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Marina fez parte do painel “Mulheres na liderança de startups”, no evento Mansão das Empreendedoras, que aconteceu na quarta (25) em São Paulo, e foi organizado pela RME (Rede Mulher Empreendedora), fundada por Ana Fontes.
Na companhia de Janine Rodrigues, fundadora da startup de educação inclusiva Piraporiando, Mia Lopes, do AfroEsporte, um laboratório de conteúdo sobre atletas negros e Flávia Deutsch, da femtech de saúde da mulher gestante Theia, e com mediação de Tania Gomes, diretora do coworking Ibrawork, elas compartilharam suas trajetórias empreendedoras e deram dicas para as outras mulheres na plateia.
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A RME selecionou 20 empreendedoras para participarem de palestras, workshops, mentorias e dolphin tank entre os dias 25 e 26. No entanto, o salão, repleto de fundadoras de empresas, não representava a realidade desse universo: menos de 5% dos fundadores de startups no Brasil são mulheres, segundo o estudo “Female Founders Report”, com 13 mil empresas.
Negócios fundados por mulheres geram receita maior e resultados melhores, de acordo com dados da consultoria Boston Consulting Group. As mulheres, afirma Mia Lopes, do AfroEsporte, têm uma liderança empática e se preocupam em levantar outras pessoas à sua volta.
Mesmo assim, elas são questionadas ao buscarem investimento e têm dificuldades de fechar negócios tão rapidamente como os homens, ao terem que conciliar a maternidade, o casamento e as inseguranças. “Muitas vezes, precisamos que um homem branco abra a porta para entrarmos, mas daqui a pouco – a gente espera – não vai mais ter porta nenhuma”, diz Marina.
Aqui vão alguns conselhos deixados pelas painelistas para trilhar uma jornada empreendedora de sucesso:
- Ter resiliência: entender que os nãos vêm muito mais rápido do que os sins, e acreditar no seu processo;
- Não bater cabeça: perceber rapidamente os erros e não insistir neles;
- Fechar parcerias: encontrar parcerias sólidas e duradouras podem ser mais eficientes do que fechar um cliente;
- Focar em diversidade: fazer o exercício de avaliar quão diversos são os ambientes que você frequenta e trabalhar para mudá-los, se preciso;
- Se permitir errar: iniciar um negócio hoje pode te fazer tropeçar e descobrir algo maior amanhã;
- Comemorar e expor conquistas: se vangloriar e falar sobre suas conquistas e resultados, por menores que eles possam parecer;
- Não se comparar: saber o que você quer e onde você quer chegar te ajuda a focar no seu processo e não se comparar com outros.
- Casar com o problema, não com a solução: encontrar algo que te deixe inconformada e te dê energia para trabalhar mesmo nos momentos difíceis;