Daniella Pierson, que fundou a empresa de newsletter focada em mulheres The Newsette quando tinha 19 anos, agora é uma das mulheres latinas mais ricas dos EUA e, aos 27 anos, é mais jovem do que qualquer empreendedora com uma fortuna de nove dígitos.
Fundadora da Latinx, Pierson construiu o The Newsette do zero e chegou em US$ 40 milhões (R$ 204 milhões) em receitas – e lucros de pelo menos US$ 10 milhões (R$ 51 milhões) no ano passado. Há duas semanas, ela vendeu uma pequena participação no The Newsette para um investidor, em uma transação que avaliou a empresa em US$ 200 milhões. É o primeiro investimento externo que ela recebeu (além de um empréstimo de US$ 15 mil de seus pais, que ela pagou), e ela continua sendo a acionista majoritária da empresa.
Ela também é CEO da startups de saúde mental Wondermind, criada em conjunto com a cantora Selena Gomez e com Mandy Teefey (CEO da Kicked to the Curb Productions e mãe de Gomez). Sua participação nessa empresa, combinada com dinheiro e outros investimentos que ela fez, coloca o patrimônio líquido de Pierson em US$ 220 milhões (R$ 1,12 milhão), segundo estimativa da Forbes estima (atualização: em 11 de agosto, a Wondermind anunciou no Instagram que levantou US$ 5 milhões (R$ 25,5 milhões) em uma avaliação de US$ 100 milhões (R$ 511 milhões) liderada pela Serena Ventures).
Uma das mais ricas entre as Forbes Under 30
Pierson, que completou 27 anos na semana passada, é dez meses mais nova que Lucy Guo, a mais rica entre as mulheres Forbes Under 30 BIPOC (sigla em inglês para pretos, indígenas e pessoas de cor) 2022 das mulheres mais ricas da América. Guo, que completará 28 anos em outubro, cofundou a empresa de tecnologia Scale AI, que apareceu na Forbes com valor de US$ 440 milhões (R$ 2,25 bilhões). A única outra mulher self-made na lista da Forbes mais jovem que Pierson é Kylie Jenner, que completou 25 anos na quarta-feira, 10 de agosto).
Quando Pierson estava no segundo ano na Universidade de Boston em 2015, ela não conseguia encontrar tempo para visitar seus sites favoritos, então decidiu criar um boletim informativo que selecionasse o conteúdo de cultura, negócios, beleza e bem-estar que ela e seus amigos queriam ler.
Primeiro, disse às pessoas que estava trabalhando como estagiária para uma empresa de newsletter muito legal. “Eu não queria dizer que fui a fundadora”, explica, em parte porque lhe faltava confiança. Mas ela se apressou, imprimindo cópias e colocando-as nas áreas comuns e nos saguões dos prédios ao redor da universidade.
Receitas de publicidade chegaram a US$ 7 milhões
Foi só depois que ela se formou que Pierson começou a cobrar por publicidade. Ela diz que as receitas passaram de US$ 1 (R$ 5,1 milhões) milhão em 2019 para US$ 7 milhões (R$ 35 milhões) em 2020 e US$ 40 (R$ 204 milhões) milhões em 2021, com parcerias e anunciantes que incluem Bumble, Fidelity, Old Navy, Twitter e Walmart. Ela entrou para a lista Forbes Under 30 na categoria Mídia em 2020, quando tinha 24 anos.
Agora, sua newsletter gratuita – que combina notícias e links para artigos sobre coisas como produtos de beleza naturais – tem mais de 500 mil assinantes, a maioria mulheres de 18 a 35 anos. Os assinantes ganham pontos por indicar novos leitores por meio de um código de referência personalizado. E os pontos podem ser usados para resgatar qualquer coisa, desde um “newsletter exclusivo de domingo” até uma variedade de brindes.
Dentro da Newsette, ela também fundou a agência criativa Newland, que cria canais TikTok para clientes e os ajuda a encontrar influenciadores para comercializar suas marcas, em 2020. Sua primeira campanha foi para a Amazon no Dia Internacional da Mulher em 2020, destacando 20 pequenos negócios iniciados por mulheres. Os negócios cresceram principalmente através do boca a boca, diz Pierson.
A agência ainda não teve um lançamento oficial e só recentemente lançou seu próprio site, mas respondeu por um percentual de receita maior do que o negócio de newsletter no ano passado e também por 60% de seus 40 funcionários, diz ela, que acaba de contratar mais 10.
A especialista em newsletter aprecia sua boa sorte, mas é franca sobre o fato de que ela não é o ideal típico de uma empresária de sucesso. “Tenho TOC e depressão. Fui uma aluna horrível”, confessa. Sua mãe cresceu pobre na Colômbia e acabou se tornando um cirurgiã-dentista e seu pai, que cresceu em Niagara Falls, é dono de concessionárias de carros na Flórida, onde Pierson foi criada.
Quando criança, Pierson tinha problemas para dormir: ela ficava incomodada com o fato de que havia uma fita preta em um lado de sua cama, mas não no outro.
Problemas de saúde mental
Em uma aula do ensino médio, ela percebeu, enquanto estudava distúrbios de saúde mental, que tinha TOC. “Eu era considerada a gêmea burra da oradora da minha classe”, diz ela. Sua irmã gêmea, que escreve sob o nome de Alex Aster, foi para a Universidade da Pensilvânia, graduou-se com louvor, tem 1 milhão de seguidores no TikTok (tornando-a uma das autoras mais seguidas na plataforma de mídia social) e publicou dois livros de suspense para jovens adultos – um dos quais está sendo transformado em filme pela Universal e pelos produtores do filme Crepúsculo.
Pierson não procurou tratamento para o TOC até chegar ao último ano da faculdade. Além de olhar debaixo de sua cama, “eu batia minhas mãos no chão com tanta força que minhas mãos começaram a sangrar um dia”, lembra. “Eu passei três meses chorando”
Ela sabia que precisava de ajuda, mas também sabia que seus pais não acreditavam em terapeutas. Com parte do dinheiro que vinha do The Newsette, ela pagou um terapeuta que prescreveu antidepressivos e, com terapia cognitivo-comportamental, mudou um pouco as coisas. Ela entrou na lista do reitor no último ano e tirou quase todas as notas A. Hoje, o TOC não desapareceu, mas está mais controlado. “Eu não quero que ninguém com problemas de saúde mental deixe de alcançar sucesso por causa disso”, diz Pierson. “Quero mostrar ao mundo que o sucesso pode ser diferente.”