No primeiro semestre de 2022, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos registrou mais de 31 mil queixas de violência doméstica contra as mulheres. O problema é global: um levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicado em março de 2021 indica que um terço das mulheres em todo o mundo sofrem violência física ou sexual ao longo da vida. E os agressores são, principalmente, familiares e companheiros.
Durante a pandemia, o aumento da violência contra as mulheres foi um fenômeno mundial advertido pela ONU. Enquanto isso, muitas mulheres usaram sua influência para debater o assunto, inspirar as vítimas a romper o silêncio e ajudá-las na recuperação dos traumas.
Hoje (10), no Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, veja mulheres que criaram projetos de impacto para combater essas violências.
Duda Reis e Izabella Borges: Survivor
A atriz Duda Reis veio a público em 2021 para falar sobre os abusos que havia sofrido em um relacionamento. Este ano, ao lado da advogada e psicanalista Izabella Borges, ela lançou o Instituto Survivor, para dar suporte a vítimas de violência doméstica. O objetivo é fornecer ferramentas para que as mulheres possam ressignificar seus traumas e assumir o protagonismo de suas vidas.
As fundadoras também usam suas redes sociais, que somam quase 10 milhões de seguidores, para debater o assunto, informar mulheres, incentivar as denúncias e fornecer uma rede de apoio.
Izabella também é cofundadora do Sentinelas, que busca empoderar mulheres com informações sobre violência de gênero, saúde e autoconhecimento.
Yasmine Sterea: Free Free
Em 2018, aos 28 anos e depois de uma carreira de sucesso no jornalismo de moda, Yasmine Sterea fundou a Free Free, organização que trabalha pela liberdade física, emocional e financeira de meninas e mulheres. O trabalho da Ong envolve acolhimento, educação e incentivo por meio de workshops e campanhas.
Em sua atuação com a Free Free, Yasmine trabalha ao lado do Ministério Público, faz parcerias com empresas e já chegou a envolver mais de 15 mil mulheres diretamente e 20 milhões de pessoas indiretamente em seus projetos.
As mulheres impactadas têm acesso a cursos sobre liberdade financeira, direito da mulher, empreendedorismo, saúde mental e reconhecimento de diferentes tipos de abusos. Primeiro, elas são acolhidas e, depois, passam por um processo mais prático que as ajuda a criar soluções para suas vidas dali em diante. O foco da organização, que agora está expandindo sua atuação para a Europa, é dar ferramentas para que elas possam (re)começar a construir suas vidas.
Anne Wilians e Gabriela Manssur: Justiceiras
Com o aumento de casos de agressão a mulheres em meio ao isolamento social por conta da pandemia, a advogada e presidente do INW (Instituto Nelson Wilians), Anne Wilians, e a promotora de justiça Gabriela Manssur, também criadora do Instituto Justiça de Saia, fundaram o Justiceiras, ao lado do empresário João Santos, do Instituto Bem Querer Mulher.
Até maio deste ano, o Justiceiras, organização de apoio e acolhimento de vítimas de violência, já havia atendido mais de 11 mil mulheres com a colaboração de 10 mil voluntárias. A Ong oferece orientação jurídica, psicológica e médica, além de ter canais de apoio e acolhimento online.
“Via WhatsApp as mulheres pediam ajuda e a gente recebia a solicitação que tinha o descritivo de qual era a violência que ela estava sofrendo e passava para o atendimento psicológico, socioassistencial, jurídico e uma rede de apoio e acolhimento”, diz Anne, que saiu da organização para se dedicar ao INW e à gravidez.
Marina Ganzarolli: Me Too Brasil
A advogada Marina Ganzarolli é presidente da Ong Me Too Brasil, fundada por ela em 2020. O objetivo era criar a primeira organização no Brasil cuja missão fosse unicamente o enfrentamento da violência sexual contra mulheres.
Em parceria com o Justiceiras, o Me Too Brasil atendeu 51 mulheres em seu primeiro ano. Metade desses atendimentos foram feitos por uma equipe de advogadas, psicólogas e assistentes sociais. A outra foi feita pelo canal de desabafo no site da organização, em que a vítima compartilha sua história, que é publicada de forma anônima.
A Ong, em parceria com a Uber, também tem um plantão de acolhimento psicológico que funciona 24 horas por dia todos os dias para mulheres que são vítimas de assédio e violência ao usar o aplicativo.
Agora, o Me Too Brasil quer levar a experiência com esses atendimentos para outro patamar, anunciando sua entrada na Web3, com o lançamento da Me2 DAO. “A gente quer participar da construção desses ambientes digitais desde o início para garantir que as mulheres estejam seguras e em espaços de liderança também nesse ecossistema”, diz Marina.
Nana Lima e Maíra Liguori: Think Olga
A Ong Think Olga atua junto à sociedade civil promovendo a equidade de gênero, com um trabalho de comunicação e educação sobre temas que envolvem assédio, violência e desigualdade de gênero. Maíra Liguori e Nana Lima são diretoras da Think Olga e da Think Eva, consultoria de inovação social que articula o setor privado.
Em 2018, a organização começou o projeto Conexões que Salvam, para combater a violência online e informar e acolher as vítimas. Em 2019, o projeto ganhou uma versão chat bot, a Isa.bot, em parceria com a Ong Nossas, o Facebook e o Google Assistente, para levar esse conteúdo de forma acessível para toda a população. E, em 2020, com a pandemia, também incorporou informações sobre violência doméstica.
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