A arte manual sempre foi algo muito intrínseco à vida da santista Luísa Viscardi. Desde criança, dividia seu tempo livre entre fazer crochê, mexer com argila, montar bijuterias e gravar CDs com capas feitas por ela mesma. Mais velha, foi natural decidir por um caminho que a permitisse seguir explorando seus dotes artísticos.
Primeiro escolheu a moda, com o sonho de torná-la mais democrática. Aos poucos, se envolveu com o estilo street e urbano – que a empolgava muito mais do que desfiles e passarelas – e, naturalmente, passou a ter contato com gêneros musicais diferentes. “Comecei a me envolver mais com rap e resgatar a minha adolescência, quando ouvia muito hip hop”, lembra.
Quando percebeu, a música estava se misturando com o trabalho no mundo fashion: “Nos meus horários de almoço no emprego, ficava pesquisando músicas e mandava para um monte de DJs. Isso tudo quando eu ainda nem tocava. Mas eles já sabiam que eu tinha um bom gosto musical, porque conhecia vários sons que eles nem tinham escutado”.
Foi dessa relação orgânica com os profissionais que Luísa foi pegando mais gosto pela coisa. Primeiro gravou uma mixtape e postou na internet. Foi um sucesso. Em 2012, apareceu a primeira oferta de trabalho como DJ – ela aceitou e, a partir daí, nunca mais parou de receber convites para tocar.
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Quem já a viu tocar conhece sua marca registrada: além de usar o clássico vinil, já que prefere o trabalho manual, ela comanda a mesa com um set freestyle, looks chamativos e maquiagens coloridas. A formação em moda tem um dedo na persona que assume quando está nos palcos.
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Mas o trabalho de Luísa vai além. Nos últimos anos, viu seu leque de papéis e negócios se ampliar, adicionando uma faceta de empresária e produtora ao currículo.
Nesses dez anos em que atua como DJ, organizou festas com patrocínios de grandes marcas, tocou em eventos de empresas como Adidas, Chanel e BMW, discotecou ao lado de artistas internacionais como Katy Perry, Diplo, U2 e Grace Jones, agenciou a carreira musical de artistas brasileiros e até trouxe para o país grandes DJs e nomes do mundo do rap internacional.
“Meu apelido entre as amigas da música é ‘Anitta dos toca-discos’, porque elas falam que faço mil coisas, gerencio minha própria carreira, nunca paro”, brinca. Mas quando fala que nunca para, é sério. É difícil achar algum horário vago na agenda de Luísa, ainda mais agora na época de festas, quando ela tem uma programação intensa de performances de fim de ano em São Miguel dos Milagres, Maranhão, Atins, Barra Grande no Piauí e Caraíva. Já em fevereiro, vai abrir pela terceira vez para Anitta no seu evento pré-Carnaval, o Ensaios da Anitta.
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A santista enxerga sua carreira como uma construção constante, sempre baseada em “dar a cara a tapa”. “No começo, fiz bookings de artistas grandes quando nunca tinha produzido um evento na vida. Não tenho medo, vou atrás, aprendo, e assim as pessoas vão tendo confiança no meu trabalho. Tinha um DJ internacional que queria trazer para cá desde 2014 e consegui este ano, porque nunca desisti”.
Hoje, o lado empresário grita cada vez mais alto, concentrado na sua empresa Jambox. Definida por Luísa como um “beatbox cultural”, a companhia funciona como um guarda-chuva para os seus vários negócios, desde gerenciar a sua carreira como DJ (o braço mais rentável de todos) a produzir eventos e festas, agendar artistas internacionais, organizar turnês, agenciar a rapper Stefanie, fazer curadoria para empresas e cuidar de uma gravadora e editora musical.
Sua meta para 2023 é lançar as próprias músicas, que faz a partir da mixagens no vinil e mashups de sucessos já conhecidos
Com sua posição de destaque na indústria, Luísa Viscardi também quer fazer outras mulheres subirem junto com ela. “É maravilhoso conseguir ajudar quem não teve o mesmo privilégio que você. Eu acredito em pegar um diamante bruto e investir tempo e energia para lapidá-lo, fazer essa pessoa alavancar o seu trabalho. Pra isso eu me desdobro em mil. E quando me pedem indicações de artistas ou uma curadoria, também sempre tento dar oportunidades para mulheres, em especial manas pretas”.
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