As mudanças que se vê nas lojas da Kopenhagen ou Brasil Cacau às vésperas do Natal ou da Páscoa, momentos em que as marcas veem um aumento nas vendas, não começam um ou dois meses antes do dia propriamente dito. “Começamos a planejar a estratégia de cada ‘sazonal’ [épocas com oferta de produtos específicos, como Páscoa e Natal] 18 meses antes de cada data”, diz Renata Vichi, CEO do grupo CRM, que envolve as duas marcas e também a rede de cafeterias Kop Koffee. A organização significou vender 1,5 milhão de panetones em 2022 – 50% a mais do que no ano anterior.
Para Renata, a disciplina é um ponto nevrálgico, algo que incorpora na estratégia antecipada de vendas, na dedicação diária aos cuidados com o corpo e também em suas 10h a 12h de trabalho no dia, parte delas usada para visitar lojas em cidades diversas. São 995 lojas distribuídas por todos os estados. E a executiva tira um tempo para estar em cada uma ao longo do ano. “Eu não gosto de ficar muito tempo no escritório, eu digo que sou uma CEO de campo, as visitas fazem parte da minha rotina.”
Renata acorda diariamente às 4h40 da manhã para se exercitar antes de começar a trabalhar. “Dou um beijo no meu filho antes dele ir pra escola e por volta das 7h30 já estou no escritório”, diz. Ela começa o dia com as prioridades listadas – e entre elas está almoçar com o filho adolescente algumas vezes na semana. “Eu mesma organizo a minha agenda para poder controlar o que importa para mim.”
Parte da conversa com Vichi aconteceu um pouco antes de uma viagem, quando esteve na redação da Forbes Brasil para gravar um vídeo contando sua trajetória, peça que faria parte de um dos painéis do Forbes Summit Austria, uma reunião de lideranças femininas contando o que aprenderam e como lidam com suas carreiras.
Na história de Renata Vichi, que começou aos 16 anos a carreira na empresa que o pai havia comprado, a então fabricante de chocolates finos Kopenhagen, cuidar da transformação digital de uma marca quase centenária foi o momento mais importante. “Temos 3 milhões de clientes ativos que podem receber seus pedidos em qualquer lugar do Brasil em até 3h, o que não era possível antes da pandemia.”
Foi o fechamento das lojas em março de 2020 que levou a líder a promover essa mudança na empresa e, consequentemente, a assumir o cargo de CEO no mesmo ano. Foram R$ 10 milhões investidos em fortalecer a presença online e transformar lojas em uma espécie de centro logístico, onde cada franqueado fica responsável pelas entregas dos pedidos que chegam via ecommerce em sua região.
A inovação que Renata trouxe à empresa, como a criação da uma marca com preços mais populares, a Brasil Cacau, como forma de manter o mercado da Kopenhagen, sua primeira marca, foram parte do grupo ter alcançado faturamento em torno de R$ 1,5 bilhão, segundo estimativas de 2020, já que a companhia não divulga números.
Essa trajetória a levou a ser convidada, há dois anos, para fazer parte do board da Arezzo & Co. “Como conselheira, eu sinto que posso contribuir com o que aprendi nesses mais de 20 anos dentro do CRM o que, de novo, só foi possível por conta da minha disciplina”, diz.
Para dar conta dessas tarefas a mais, ela se propõe a analisar o que é discutido em cada reunião com antecedência. “Se é para analisar um relatório, vou chegar na reunião com tudo lido e anotado. Logo, disciplina não é algo que trago só pra mim, mas que tento inspirar nas pessoas que trabalham comigo”, diz a executiva que, enquanto vê as lojas do grupo que preside venderem os últimos panetones do ano, já está de olho na Páscoa de 2024.