Capacidade de planejamento foi o que levou a administradora Luciana Villas-Boas à gestão do Camarote Salvador, o mais disputado da capital mundial do carnaval de rua. A gestora, que fez carreira na Rede Bahia de TV, pôde treinar essa habilidade em seus 19 anos de emissora. “Eu passei por praticamente todas as áreas de gestão, incluindo financeiro, marketing e inteligência de mercado”, diz.
Seu último cargo, porém, foi a diretoria de planejamento e pessoas. “Sempre acreditei nesse viés de planejamento. E saber lidar com pessoas é fundamental para montar um evento desse porte.”
O Camarote de Salvador traz R$ 95 milhões para a economia local, 15 mil turistas são recebidos (formando 85% do público) e 4.500 mil empregos diretos e indiretos são gerados. Neste ano, o evento terá um espaço de 10 mil metros quadrados e serão 61 atrações, como Alok, Jorge e Mateus, Banda EVA e Steve Aoki, que está entre os 10 melhores DJs do mundo. Os ingressos custam a partir de R$ 2.290 (feminino) e R$ 3.050 (masculino), a depender do dia. O ingresso full pass, para os seis dias de festa, pode chegar a R$ 13.850.
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A transição da TV aconteceu em 2010, quando Villas-Boas decidiu mudar para a área pública. “Fui convidada pela consultoria Mckinsey para o projeto da gestão da prefeitura de Salvador”, conta. Um ano depois, um dos sócios da Rede Bahia assumiu a Premium, empresa que já fazia um camarote e que queria uma remodelação depois de 13 anos de existência.
A ideia era planejar o evento para os próximos 10 anos. “Enxergaram em mim essa pessoa dos processos”, diz ela. A executiva leva tão a sério esse aspectos que as vendas para o ano seguinte começam já na quarta-feira: de cinzas. “Até junho é planejamento, entre julho e outubro, contratação de artistas e fornecedores, e de outubro em diante é execução”, diz. Até por isso, tem conseguido melhores resultados na organização e um ano recorde em termos de patrocínio.“É o único camarote do Brasil que tem patrocínio do TikTok.”
Ela vem trabalhando ainda em criar um evento mais sustentável. “Temos projeto de lixo zero em três anos”, diz. A água do degelo das bebidas é usada nos banheiros e a madeira da cenografia é reciclada.
A executiva marca presença em todos os seis dias de festa, que terminam na terça-feira (21). “Mas não termina quando termina”, diz ela, porque ainda vem a etapa de desmontagem e auditoria que só acaba de fato em abril, quando ela já estará há meses planejando o carnaval de 2024.