Claudia Goldin, pesquisadora e economista de Harvard, fez história ao ganhar o Prêmio Nobel de Economia pela sua ampla pesquisa sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho ao longo dos séculos. Goldin foi a primeira mulher a receber esse reconhecimento sozinha, e é provável que outras a acompanhem em breve.
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Sua pesquisa tornou mais profunda a discussão sobre as desigualdades salariais e os vieses inconscientes de gênero. Entretanto, ainda precisamos avançar para a próxima fase dos estudos de Goldin: o impacto econômico de mães na força de trabalho.
A evolução das mães na força de trabalho
As mães são essenciais para a saúde da economia. De acordo com a organização norte-americana “Center for American Progress”, de 1970 a 2013, a receita decorrente da participação das mulheres na força de trabalho dos EUA foi de US$ 2 bilhões. Muitas dessas mulheres que trabalham também são mães, e a maioria delas (64%) chefia seus núcleos familiares.
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Apesar dos avanços até o momento, a pandemia de covid-19 aumentou ainda mais a desigualdade salarial entre homens e mulheres. As mulheres foram as mais afetadas pelo aumento da taxa de desemprego, e as mães tiveram que conciliar os cuidados dos filhos com as mudanças que ocorriam no mercado de trabalho, em suas vidas pessoais e no mundo.
O Werklabs, setor de pesquisa da consultoria de recrutamento de mães The Mom Project, calculou em US$ 393 bilhões o prejuízo da ausência de mães no mercado de trabalho em 2020, considerando tanto a perda de emprego na perspectiva individual dessas mulheres (US$ 81 bilhões) quanto o custo do desligamento delas pelos seus empregadores (US$ 312 bilhões).
Um fator fundamental para diminuir as disparidades salariais entre homens e mulheres é garantir que elas tenham oportunidades para crescer nas suas carreiras. Entre as mães entrevistadas pelo Werklabs durante a pandemia, a maioria das mulheres estava “feliz por receber um salário todo mês”.
Embora parte disso possa ser verdade, a consequência é que muitas mães não defenderam seus interesses profissionais e, muito menos, tiveram negociações relacionadas a aumentos ou promoções nesse período da pandemia.
Participação recorde na força de trabalho não significa equidade
Com o aumento da participação feminina na força de trabalho desde a pandemia, as mães foram as que contribuíram mais significativamente para a economia. De acordo com um relatório da consultoria Brookings, as mulheres em idade economicamente ativa (de 25 a 54 anos) foram as que mais ajudaram na recuperação pós-pandemia da força de trabalho. As mulheres com filhos pequenos, em particular, estão participando da força de trabalho a taxas nunca vistas antes, 1,4% acima do auge pré-pandemia.
Trabalho remoto, flexibilidade e oferta de cuidados infantis são essenciais para proporcionar às mães e aos cuidadores oportunidades de crescimento na carreira. Levanto, a seguir, outros questionamentos relacionados à evolução das mulheres na força de trabalho:
- Será que a indefinição do regime de trabalho, em presencial, híbrido ou remoto, irá gerar um retrocesso no potencial econômico das mães no mercado de trabalho? Estudos recentes mostram que políticas flexíveis impactam positivamente as receitas das empresas e ajudam as mulheres, especialmente as que são mães, a evoluir na carreira.
- Como reverter a tendência de encarecimento de recursos para o cuidado dos filhos?
- Com um aumento de 80% das mulheres que estão se tornando mães aos 44 anos, qual será o impacto a longo prazo da desigualdade salarial e profissional às mulheres que terão filhos mais tarde?
As pesquisas de Claudia Goldin impulsionou o diálogo sobre o impacto das mulheres no mercado de trabalho e deve ser uma discussão que ainda vai reverberar por muito tempo. Precisamos estimular ainda mais essa conversa para chegarmos à igualdade salarial plena entre homens e mulheres.