Mais de 90% dos funcionários hoje dão tanta importância ao bem-estar quanto ao salário, mostra uma pesquisa recente do Gympass com mais de 5 mil profissionais em 9 países. A plataforma pegou carona na demanda por esse tipo de benefício corporativo e atingiu a marca de 300 milhões de check-ins de usuários em academias, aulas de meditação e educação financeira e programas de saúde mental. “Demorou 10 anos para a gente chegar nos primeiros 100 milhões. Os outros 200 vieram nesses últimos dois anos”, diz Priscila Siqueira, CEO do Gympass no Brasil, que liderou a virada digital da empresa.
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Siqueira chegou na companhia há cinco anos, como vice-presidente de vendas, quando a plataforma ainda era voltada apenas para atividade física. Assumiu como CEO em abril de 2020, logo que a pandemia estourou no Brasil e as academias fecharam. Seu background de cerca de 30 anos em tecnologia ajudou a criar uma nova estratégia, vendendo soluções digitais e, mais tarde, trazendo aplicativos para além dos exercícios. “A pandemia deu um chacoalhão e mostrou que a gente precisa se cuidar.”
A executiva lidera a maior operação do Gympass, hoje presente em 11 países e com mais de 15 mil empresas clientes, um aumento de 80% em relação ao ano anterior. Em agosto, a companhia brasileira, fundada em 2012, foi avaliada em US$ 2,4 bilhões, depois da sexta rodada de investimento, de US$ 85 milhões.
O ambiente de startup, ainda que unicórnio, foi novidade para a executiva. Siqueira ficou quase tantos anos na última empresa em que trabalhou, a Oracle, quanto o Gympass tem de vida. “Pela primeira vez, vim trabalhar em uma empresa brasileira que internacionalizou.”
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Tecnologia na virada dos anos 2000
Em uma estratégia consciente, Siqueira passou por poucas empresas, onde fincou os pés e ficou durante anos liderando grandes projetos. Construiu sua trajetória aproveitando a escassez de profissionais qualificados no setor de tecnologia, que persiste até hoje, e a virada dos anos 2000, quando as empresas se preparavam para adotar o sistema ERP, um software de gestão empresarial que automatiza processos e armazena dados.
Entrou na Oracle depois de a empresa em que trabalhava, a Hyperion, que vendia software de orçamentos, ser comprada. “Foi um momento de muita ansiedade, mas combinei com o meu time que a gente iria mostrar o nosso trabalho”, diz ela, que ganhou visibilidade na empresa ao vender uma solução de orçamento para o governo do Chile.
Chegou à vice-presidência de vendas digitais na Oracle, à frente de uma área que era quase uma startup dentro de uma multinacional com mais de 100 mil funcionários. “Comecei a notar que as startups têm um problema na área comercial. E eu poderia auxiliar as empresas nesse sentido.”
Antes de receber a proposta do Gympass, já tinha decidido sair do emprego atual. Estava certo que se mudaria com a família para Miami para assumir uma área digital para a América Latina em uma big tech. “Repensei quando uma colega que trabalhava lá disse que pegava um avião na segunda-feira e só voltava na sexta”, lembra a executiva, que optou por ficar no Brasil e mais próxima da filha. “Nunca mudei de emprego pensando em dinheiro.”
Workaholic assumida – e sem orgulho
No seu primeiro trabalho, um estágio em uma distribuidora farmacêutica, que conseguiu por indicação de um primo (e com o dedo da sua mãe), não era remunerada e trabalhava aos finais de semana. “Foi lá que tive meu primeiro computador e onde aprendi a programar.”
Nascida no interior de São Paulo e criada na capital, Siqueira cursou colégio técnico em processamento de dados para poder começar a trabalhar aos 14 anos e, assim, pagar sua faculdade. “Venho de uma família humilde e cresci com o seguinte mantra: ‘se você quer ser alguma coisa na vida, você tem que trabalhar e estudar.’”
No início da carreira, chegava no trabalho às 7h e só saía para ir para a faculdade, à noite. “Desde sempre eu trabalho bastante. Sou meio workaholic, mas sem nenhum orgulho. Só sabia que tinha que fazer o negócio virar.”
O equilíbrio entre vida e trabalho, uma das principais bandeiras que levanta hoje, até pela empresa que lidera, veio mais tarde. “Quando virei mãe, comecei a questionar quais eram as prioridades” – e o trabalho nunca deixou de ser uma delas.
Antes de ter sua filha, hoje com 12 anos, começou a fazer terapia e a exercitar o autoconhecimento. “A síndrome da impostora era muito forte e me fazia trabalhar ainda mais”, diz. A maternidade também veio com um estalo do que significava ser mulher na indústria de tecnologia. “Depois que eu tive a Rafa minha carreira deslanchou.”
Papel da líder
Quando olha para trás, percebe como o machismo acompanhou sua trajetória. “Como mulher, tive que batalhar mais pelas coisas do que os homens”, diz. “Eu não quero fazer mais, quero fazer igual.”
“Everyone can be a feminist” (Todos podem ser feministas) é a frase que se lê na foto de capa do seu LinkedIn. No mês de novembro, da Consciência Negra, a executiva cedeu seu perfil para funcionários negros da empresa trazerem depoimentos pessoais e sobre carreira e tecnologia.
O Gympass já nasceu em uma época em que a diversidade imperava nos negócios, mas a cultura ainda se constrói de cima. “A inclusão social me toca muito. Já passei por várias situações em que não tinha uma roupa adequada para uma ocasião ou dinheiro para comprar.”
Hoje, 70% dos usuários da plataforma estão na camada operacional das empresas. E um estudo do Gympass mostra que os usuários ativos reduzem as despesas de saúde em até 35%, são mais produtivos e satisfeitos com o emprego. “Recebo depoimentos de pessoas que pisaram em uma academia pela primeira vez por conta do Gympass. É a melhor parte do meu trabalho.”
A jornada de Priscila Siqueira, CEO do Gympass no Brasil
Primeiro cargo de liderança
“Aos 24 anos, na HQS, onde liderei uma frente de implementação de ERP na Elevadores Atlas. Fiquei 12 anos na Hyperion, que depois foi comprada pela Oracle. Na Hyperion, uma empresa americana, tive a oportunidade de montar a área de pré-vendas na América Latina, Chile e México, daí também aprendi espanhol. Foi um momento de crescimento profissional.”
Quem me ajudou
“A minha rede de apoio é muito forte. Minha mãe me ajudou e incentivou muito no
início.”
Turning point da carreira
“Foi a migração da área de TI para a área comercial. Foi uma experiência e super oportunidade. A área de vendas nas startups não é muito estruturada, até hoje na maioria delas, então vi uma oportunidade para focar profissionalmente. Outro ponto é que conseguiria unir o cuidado com gente, tecnologia e vendas, que eu amo.”
O que ainda quero fazer
“Eu adoraria um dia me dedicar mais a trabalho voluntário, cuidar mais das pessoas, fazer um trabalho social relevante.”
Causas que abraço
“Sem dúvida, eu sou uma grande apoiadora do papel ativo das mulheres tanto na esfera profissional quanto na pessoal. É fundamental que as mulheres ofereçam suporte mútuo e pratiquem a sororidade. Se eu deixasse um recado para as mulheres das novas gerações, diria: posicionem-se sem medo de errar e tenham muita convicção do que estão falando.”
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