O projeto As Donas do Bar, criado pela marca de bebidas Jack Daniel’s, lançou um guia de bares comandados por mulheres na capital paulista, com 10 histórias de empreendedoras do setor. “Descobrimos que em 30% do mercado de bares há pelo menos uma mulher no comando do negócio”, diz Lucia Abreu, gerente de comunicação da Brown-Forman, multinacional que é dona da marca. A seleção levou em conta as histórias das empreendedoras, a qualidade dos seus bares e a diversidade em relação à idade, raça, orientação sexual e aos tipos de estabelecimento, tempo de atuação e localização.
O whisky faz parte da cultura de networking masculino, então a ideia é fazer um contraponto e criar espécie de clubes de whisky femininos, em bares liderados também por elas – e derrubar alguns mitos em torno de mulheres frequentando bares. “Vamos reuní-las para uma roda de conversa, sempre com uma convidada que abordará temas sob a perspectiva feminina e as barreiras enfrentadas na sua área”, diz Abreu. O projeto foi feito em parceria com a consultoria 65|10.
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Conheça mulheres que comandam bares em SP
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Quem são as mulheres à frente dos bares:
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Karla Brights Giulia Simokomaki, do Cambará
Advogada de formação, foi professora, também cursou ciências sociais e trabalhou no Censo do IBGE. Descendente de japoneses e italianos, pegou gosto pela cozinha com a bisa e a avó, com quem colhia os ingredientes para os preparos no quintal de casa. Aos 19 anos, criou um moodboard com referências para o dia que tivesse um bar. Durante a pandemia, estudou por conta própria e começou a divulgar e vender suas criações gastronômicas virtualmente. Em 2022, abriu o Cambará, bar do qual é sócia e cozinheira, na Barra Funda.
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Karla Brights Julieta Benoit, do Gato Rojo
Fotógrafa de nudes femininos, Julieta via a cozinha como um hobby. Na pandemia, comprou uma defumadora e começou a vender carnes defumadas. Um ano depois, abriu um bar underground na sua garagem, que depois fechou. Hoje, a filha de um uruguaio, criada à base de muita parilla, está à frente do endereço na Barra Funda, servindo charcutaria e receitas que remetem à sua família.
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Karla Brights Noemi Rosa, do Miquelina
O que era para ser um intercâmbio para estudar inglês em Nova York, acabou se tornando casa por sete anos e um novo olhar para a carreira. Ainda estudante de administração, Noemi trabalhou como cuidadora de uma idosa, em loja de 99 centavos e em bares, onde pegou gosto pela coisa. Aprender a ser bartender com a empreendedora da noite nova iorquina Deb Palmer. E, com influências da noite de Londrina, no Paraná, começou a reunir pessoas em casas como Astronete, Alberta #3, Ramona e, mais recentemente, o Miquelina. Ela divide a sociedade com Vanessa Patrícia, que era contadora do Alberta, e Drica Cruz, quem conheceu no antigo site de fotografias Fotolog.
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Karla Brights Nina Veloso e Raquel Braga, do Das
Amigas há mais de 15 anos, Nina e Raquel compartilhavam a mesma vontade de abrir um bar voltado para mulheres e um espaço seguro e confortável para a comunidade LGBTQIA+. Antes de empreenderem juntas, Raquel trabalhou em outros bares e hotéis, como o Grand Hyatt, e abriu uma confeitaria. Nina é designer gráfica de formação e se especializou em coquetelaria. As duas, que são lésbicas, fundaram o Das há quatro anos, em Santa Cecília. Reformado por uma equipe toda feminina, o bar trabalha com cervejarias também tocadas por mulheres.
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Karla Brights Railídia Carvalho, do Vila Sá Barbosa
Durante a semana, trabalha como jornalista. Aos sábados (e às vezes aos domingos), está à frente do Vila Sá Barbosa, boteco escondido na antiga vila de mesmo nome na região da Luz. Rai também é cantora e virou sócia do bar de um ex-namorado, onde se apresentava em rodas de samba. Além de assumir as funções atrás do balcão, cuida da curadoria dos músicos que passam por ali.
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Karla Brights Stefânia Gola, do Ó do Borogodó
A casa em Pinheiros especializada em samba e choro nasceu de um antigo sonho do seu irmão, Léo Gola, que faleceu em 2020. Ainda produtora de TV, no início dos anos 2000, Stefânia acabara de voltar de uma temporada fora do Brasil quando foi chamada pelo irmão, que estava tocando o local sozinho, a entrar no negócio. Percussionista, ele tinha virado sócio do bar, onde costumava se apresentar em rodas de samba. Hoje, Stefânia sabe tocar qualquer coisa: da cozinha ao bar, passando pelo caixa, salão e limpeza.
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Karla Brights Bianca Battesini, do Ladin
Formada em gastronomia, foi mãe aos 22 anos e trabalhou em buffet, hotel, churrascaria, cozinha experimental e bistrô para dar conta da casa. Até que um amigo disse que imaginava Bianca como dona de um bar no imóvel dos avós dele, que já havia sido casa de outros empreendimentos desde a década de 1940. Ela decidiu apostar e abriu o Tiquim, em Perdizes. 10 anos depois, uma loja ao lado encerrou os negócios e assim nasceu o Ladin.
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Karla Brights Lilian Varella, do Drosophyla
Lilian nunca quis ser mãe; seu desejo, desde muito cedo, era ter um bistrô ao estilo francês. Sem dinheiro, formação ou experiência na área, a mineira abriu o primeiro Drosophyla, ainda em Belo Horizonte, há 37 anos. Passou uma temporada fora do país e, de volta, abriu mais seis bares. O “caçula”, Drosophyla Madame Lili, num casarão histórico de dois andares na Bela Vista, em São Paulo.
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Karla Brights Lígia Giovanini, do Samambaia Bar e Lanches
Pedagoga de formação, foi dona de uma creche e uma escola de educação infantil que vendeu para se dedicar à família e aos dois filhos. Depois de 27 anos, ao tentar uma recolocação, já não queria mais seguir carreira na educação. Pensou em abrir um café, mas a oportunidade de ter um bar caiu no seu colo e por ideia dos filhos. O Samambaia virou um empreendimento familiar. O cardápio é gerido a distância pela chef Jéssica Giovanini, dona do bistrô Odília, em Lyon. E quem comanda as receitas na cozinha é Ester, irmã de Lígia, que se divide na operação com o seu caçula, Henrique.
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Karla Brights Carol Warzée, do Boato
Sócia do grupo DRK, é uma das responsáveis por seis casas na capital paulista. Carol cuida do Boato, no Itaim Bibi – irmão dos bares e restaurantes Olívio, Mule Mule, Caulí, Fortunato Bar e Betsy. Seu pai sempre foi dono de restaurantes, então o gosto pela gastronomia está na veia. A administradora passou por diferentes culinárias – italiana, argentina, japonesa – antes de tocar o próprio negócio.
Giulia Simokomaki, do Cambará
Advogada de formação, foi professora, também cursou ciências sociais e trabalhou no Censo do IBGE. Descendente de japoneses e italianos, pegou gosto pela cozinha com a bisa e a avó, com quem colhia os ingredientes para os preparos no quintal de casa. Aos 19 anos, criou um moodboard com referências para o dia que tivesse um bar. Durante a pandemia, estudou por conta própria e começou a divulgar e vender suas criações gastronômicas virtualmente. Em 2022, abriu o Cambará, bar do qual é sócia e cozinheira, na Barra Funda.
O projeto contou com uma pesquisa para desenhar o perfil das consumidoras da marca e entender sua relação com destilados, com o whisky e os bares. “Elas enxergam o bar como um espaço de liberdade e o whisky como um símbolo de poder, mas o consumo é cercado de rótulos”, diz Thaís Fabris, criadora da consultoria 65|10. Segundo Fabris, a mulher que bebe whisky é vista como “presa fácil”, é questionada se vai ter dinheiro para pagar a bebida ou se vai “dar conta” de beber. “O bar, que podia ser um lugar de relaxamento para mulheres que têm uma rotina puxada, acaba sendo também um campo de batalha.”