Em novembro de 2022, Tarciana Medeiros, então gerente-executiva do Banco do Brasil, foi chamada para uma conversa com o presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. “Falamos sobre minha carreira, das questões salariais, crédito, a gestão do banco, exportação de grãos, linhas de crédito”, conta.
A executiva discorreu tranquilamente por esses assuntos por conta de sua experiência no BB. “Trabalhei na diretoria de empréstimos, na seguridade e na diretoria de clientes. Ganhei uma visão sobre todas as áreas e números do banco, então, já tinha conhecimento.”
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Foi só no dia seguinte, quando a paraibana ouviu os rumores de que havia nomes de colegas sendo cotados para a presidência do BB, que percebeu o que havia acontecido naquela reunião. “Foi aí que me dei conta de que eu tinha feito uma entrevista de emprego.”
Em janeiro, Tarciana Paula Gomes Medeiros foi anunciada como a primeira presidenta da instituição em 214 anos, uma das maiores empresas de capital aberto do mundo. Funcionária de carreira, começou como estatutária em uma agência do Banco do Brasil na Bahia há 22 anos.
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Duas décadas mais tarde, chega à presidência pulando um degrau na hierarquia – não passou pela vice-presidência. E, nesse primeiro semestre sob sua liderança, mais uma vez o banco conseguiu um resultado recorde: o lucro líquido de R$ 17,3 bilhões está 19,5% acima do total do mesmo período do ano passado.
Para além dos resultados financeiros – sem dúvida, essenciais –, a profissional traz um ar de contemporaneidade para a instituição bicentenária. Negra, nordestina, lésbica e ex-feirante, Tarciana tem a ideia de usar a diversidade como caminho para ampliar negócios.
Uma de suas primeiras iniciativas foi investir mais na comunicação dos produtos do banco para empreendedoras. “Entre as pequenas e microempresas, descobrimos que mais da metade tinha mulheres na estrutura societária e reforçamos a orientação de investimento para elas”, diz. Em poucos meses, aumentou em 20% a tomada de crédito por empresas com liderança feminina. “Para mudar, você só precisa de alguém que tenha essa visão ampliada.”
A amplitude no olhar de Tarciana Medeiros trouxe diversidade também para a alta liderança do banco. “O exemplo arrasta. Quando uma mulher conquista sua autonomia e independência, ela mostra para outras que isso é possível”, ensina.
E assim, arrastou com ela três mulheres para a vice-presidência do BB e um homem preto para a cadeira de CEO do BB Asset Management, uma das maiores gestoras de ativos do mundo. “Essas pessoas já estavam ali, e já estavam prontas. Só precisavam ser vistas.”