No início da década de 1960, como recém-chegada aos Estados Unidos, a peruana Alicia Cervera se arriscava no inglês e levava suas duas filhas toda vez que tinha uma reunião de trabalho com grandes empresários. “É um país que abre portas e ajuda as pessoas que querem alcançar algo”, diz Cervera, que construiu do zero um império imobiliário em Miami e conquistou um nome de respeito nesse mercado.
Hoje, aos 93 anos, continua envolvida nos negócios da Cervera Real Estate, liderada pelas filhas que participavam das reuniões, e vai ao escritório ao menos uma vez por semana. “As pessoas falam que minha maior qualidade não é minha paixão ou experiência, é que eu resolvo os problemas.”
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Filha de um diplomata peruano e uma corretora imobiliária, Cervera entrou no mercado quando decidiu comprar uma propriedade na Brickell Avenue, conhecida como o centro financeiro de Miami, em 1966. “Tenho uma visão para o negócio desde que cheguei aqui”, diz Cervera, que esteve à frente de mais de 30 torres de condomínios de luxo nessa área.
Ela veio de Cuba, onde se casou, e de onde saiu em meio ao regime comunista cubano. Sem uma rede de contatos nos EUA, Cervera escreveu uma carta para o bilionário do setor imobiliário Harry Helmsley com uma proposta para representar um dos seus edifícios de luxo, de 254 unidades. “Quando eu abordava pessoas que não conhecia, no início elas ficavam fechadas, mas então eu mostrava que sabia do que estava falando, e a postura mudava completamente.”
Leia também:
- “Estou no lugar certo no momento certo”, diz embaixadora dos EUA no Brasil
- Quem é a dançarina brasileira em vídeo de Natal na Casa Branca?
Carreira decolando
O bilionário apostou nela, que se envolveu em todas as partes do projeto, de reuniões com arquitetos a estratégias de marketing para lançar Miami ao mundo.
Cervera profissionalizou as vendas, trouxe uma equipe capacitada para abordar os clientes, criou uma plataforma dedicada a atender as necessidades dos construtores e aproveitou o olhar internacional, emprestado pelo pai diplomata, para fazer conexões com pessoas de diferentes nacionalidades.
Em menos de um ano, conseguiu outros grandes projetos na região, incluindo o The Atlantis, que aparece na abertura do seriado Miami Vice, o Villa Regina e Bristol Towers.
Para além da Brickell Avenue, sua carreira envolve mais de 120 torres de condomínios em todo o sul da Flórida. Entre eles, Aston Martin Residences Miami, Apogee, em South Beach, Ritz Carlton Coconut Grove, St. Regis Bal Harbour e Grove at Grand Bay.
Mãe do mercado imobiliário de Miami
Cervera também faz trabalhos filantrópicos tanto em Miami quanto no Peru. É colaboradora da Cruz Vermelha Americana e do centro de artes cênicas Adrienne Arsht Center for the Performing Arts. Há 40 anos atua como presidente da Clínica San Juan de Dios, um hospital para crianças com deficiências no Peru.
No ano passado, recebeu um prêmio do Centro de Arquitetura e Design de Miami por sua dedicação ao desenvolvimento do núcleo urbano de Miami.
E desde 2016 o dia 18 de outubro é o Dia de Alicia Cervera, proclamado pelo prefeito do condado de Miami, Tomás Regalado. Ele comparou o impacto da empresária no desenvolvimento de Miami com o de Julia Tuttle, dona da propriedade sobre a qual a cidade foi construída, e conhecida como a “mãe de Miami”.