Sucesso de bilheteria mundial, “Divertida Mente 2” tem um pouquinho do Brasil em sua essência. Bruna Berford, animadora da Pixar desde 2020, participou da criação do filme e riscou mais um sonho da lista desde que se mudou para os Estados Unidos com a ambição de trabalhar na gigante de filmes.
Formada em Desenho Industrial pela PUC do Rio de Janeiro, a carioca sempre quis fazer parte da companhia responsável por longas como “Toy Story” e “Procurando Nemo”. Há 12 anos, Bruna decidiu se mudar para São Francisco, onde fica a sede da empresa, para tentar o sonho. “Chegando aqui, bateu a realidade. Você vai aprendendo com o tempo como é a vida de imigrante.”
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Para reconstruir a carreira do zero, ela fez faculdade de novo, desta vez focada em animação, na Academy of Art University, além de diversos cursos sobre o setor. “Desde que entrei na faculdade, aplicava para a Pixar. Conseguia o estágio, mas não tinha o visto. Chegou uma hora que percebi que não dava para ficar esperando esse sonho acontecer e deixar a vida passar.”
Entre os anos de dedicação, a artista atuou em diferentes empresas e chegou até a trabalhar com videogames por um tempo, mas foi em realidade virtual que Bruna construiu sua carreira no exterior. Ao longo de sete anos, ela trabalhou no desenvolvimento de histórias imersivas na startup Penrose Studios, com a qual percorreu festivais e arrecadou alguns prêmios para o currículo.
A startup, porém, não resistiu à pandemia e encerrou as atividades em 2020. Mas foi justamente quando essa porta se fechou que outra se abriu para Bruna. No mesmo ano, ela aplicou novamente para a Pixar e conseguiu a sonhada vaga de animadora após quase uma década nos EUA. “Nunca é um caminho reto, sempre temos curvas.”
Desde que entrou nos estúdios, ela já participou da produção de filmes como “Luca”, “Red: Crescer é uma Fera” e “Elio”, que deve chegar aos cinemas em 2025, além do trabalho em “Divertida Mente 2”.
Responsável por dar vida aos personagens, a artista explica que, além de animar as cenas, seu trabalho consiste em pensar na emoção por trás do movimento. “O sentimento que está por trás é o que faz a diferença entre uma animação mediana e uma elevada.”
Fã de carteirinha do primeiro “Divertida Mente”, Bruna aproveitou o período de produção do segundo longa, que compartilhou com seus nove meses de gravidez, para dividir suas emoções com a animação. “Pude dar um pouquinho do turbilhão de sentimentos que corriam soltos em mim para o filme.”
Desde que pisou na Pixar pela primeira vez, a artista fez questão de fincar uma bandeira do Brasil no seu próprio cantinho dos estúdios. Para ela, que não é a única brasileira na elite da animação, ver outros profissionais que também quebraram a bolha é um sinal de reconhecimento dos talentos do país. “É difícil entrar, então é muito bom ver que a gente conseguiu.”
A chave para o sucesso? Segundo Bruna, é a persistência. Além de se dedicar ao máximo, ela destaca que é necessário aproveitar as oportunidades que aparecem no meio do caminho e aprimorar habilidades enquanto mira em um objetivo. “No momento certo, vai acontecer.”
Na torcida pelos futuros brasileiros que almejam chegar aos estúdios, a animadora deixa uma dica valiosa: “Não necessariamente você precisa ser o melhor animador 3D, mas, para qualquer departamento da Pixar, é importante cultivar boas ideias.”
Com um legado para os próximos animadores, espectadores e também à filha, Victoria, Bruna firma sua trajetória entre curvas e emoções. “Quero que a minha filha saiba que as coisas são difíceis, mas não impossíveis.”
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Para o futuro, ela garante que vai continuar dando vida às animações e não descarta a possibilidade de mirar em um cargo de liderança na equipe. “Tem bastante espaço para crescer. Quando você atinge seus sonhos, não pode parar ali.”