Abrir a casa para receber toda a família passou de tradição a negócio para Lúcia Fleury. Há quase 10 anos, a empreendedora e artesã idealiza e vende jogos americanos com tecidos impermeáveis diretamente de Recife (PE) para todo o país. Lúcia, 76 anos, costura e cria os produtos e sua filha, Patrícia, 51, comercializa. “Começamos a vender para amigos e parentes até que vimos que tinha potencial de negócio”, conta Patrícia.
Marketeira, usa qualquer oportunidade que tem para mostrar os produtos da Jogo Americano e Cia – participa de feiras, grupos de empreendedoras no WhatsApp e produz conteúdos para as redes sociais.
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Desde o início do negócio, muito antes de o Instagram se tornar oficialmente ferramenta de venda, já aproveitava as redes sociais para buscar clientes. Hoje, esse é o principal canal de vendas da empresa. E a maioria dos clientes está bem longe da dupla – especialmente no Sul e Sudeste. “Naquela época não tinha reels, mal tinha vídeo, mas as pessoas mandavam mensagem e a gente começou a enviar para o Brasil inteiro.”
As redes sociais ajudam a expandir e escalar os negócios, especialmente para microempreendedores. Segundo o Sebrae, cerca de 70% das mulheres empreendedoras utilizam a internet como canal de vendas. Isso ajudou Lúcia e Patrícia principalmente durante a pandemia, quando muitos negócios foram prejudicados. “Não tivemos esse problema. Estava todo mundo em casa e as vendas só cresciam.”
Foi um momento de virada para aumentar a equipe a fim de acompanhar a demanda. Hoje, elas contam com a ajuda de uma especialista em mesa posta e arranjos florais, e também fazem parcerias e revendem outros produtos que complementam o negócio.
Como se destacar da concorrência
A possibilidade de comprar de marcas do país todo não traz apenas benefícios, mas também intensifica a concorrência. “Não vendo preço, e sim qualidade. Nosso diferencial é o serviço personalizado”, diz Patrícia. Ela prefere não vender em site para manter o contato direto com os clientes. “Tenho um grupo de WhatsApp com quase 100 clientes, onde envio conteúdos sobre mesa posta, vídeos de etiqueta e as nossas novidades.”
No Instagram, a dupla compartilha todo o processo de produção, desde a escolha do tecido até a mesa pronta. “Recebo muitas mensagens de como combinar uma louça específica, por exemplo, e não descanso até conseguir ajudar o cliente.”
Dicas para alavancar as vendas com as redes sociais
Pioneira das vendas por meio do Instagram, Patrícia aprendeu a lidar com a plataforma nesses últimos 10 anos. “Meus vídeos não são superproduzidos, mas a ideia é essa mesmo. A pessoa precisa ser transparente e mostrar quem realmente é”, diz. Segundo a empreendedora, principalmente no início, é importante produzir bastante conteúdo e acompanhar perfis que estejam relacionados ao seu nicho para ir moldando o algoritmo.
Além disso, surfar na onda de eventos e datas comemorativas é uma das estratégias do seu negócio. “Estamos montando muitas mesas com a temática do Brasil e esportes por conta das Olimpíadas.”
A empreendedora aprende com a prática, mas também buscou formações ao longo da sua trajetória. A história dos jogos americanos começou quando a família estava morando nos Estados Unidos, onde Patrícia estudava marketing, no final da década de 1990. Foi lá que conheceram o substituto da toalha de mesa. Logo depois, Lúcia teve a ideia de trazer ainda mais praticidade para o jogo americano, com tecidos impermeáveis. “Herdei da minha mãe o gosto por receber e nos apaixonamos por esse universo da mesa posta.”