Depois de estabelecer uma carreira sólida na música, Lady Gaga encontrou outra paixão na arte: o cinema. Com filmes como “Nasce uma Estrela”, de 2018, e “Casa Gucci”, de 2021, no currículo, ela embarca agora em um novo papel em “Coringa: Delírio a Dois”, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (3). “Tudo começou quando entendemos que, além de uma sequência para o Coringa, essa era uma história de origem para a minha personagem, a Harley Quinn”, conta a artista em exclusiva à Forbes.
Em 2019, o longa “Coringa” arrecadou mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) em bilheteria mundial e rendeu ao protagonista, Joaquin Phoenix, o Oscar de melhor ator. “O truque mágico daquele filme era que todos viam um pouco de si mesmos em alguém que, aparentemente, era tão diferente”, diz Gaga.
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A sequência, porém, ganhou uma direção diferente com o toque da artista. O filme conta com cenas musicais e algumas canções escritas por Lady Gaga para a trama. “A música é muito importante para o longa, é quase como outro personagem na história. É confusa, caótica e muitas coisas ao mesmo tempo.”
Lady Gaga estreou na música com o single “Just Dance” em 2008 e, quase duas décadas depois, lança “Harlequin”, álbum que conta com 13 faixas, algumas escritas por ela para “Coringa: Delírio a Dois.”
No longa, Lady Gaga vive o par romântico de Coringa com a personagem Lee, também conhecida como Harley Quinn, papel escrito pelo diretor, Todd Phillips, especialmente para a cantora. “Fui desafiada e trabalhei muito para abandonar qualquer ideia preconcebida e ser o mais honesta possível em cada cena.”
Conhecida por seu estilo disruptivo, Lady Gaga também fez questão de imprimir sua personalidade na personagem: roupas, maquiagem e cabelo foram escolhidos a dedo pela artista, ao lado da equipe do longa. “Queríamos criar algo que se conectasse profundamente com a alma dela.”
Várias faces de sucesso
Antes da carreira no cinema, a artista alcançou a fama com hits como “Poker Face” e “Born This Way”, que lhe renderam um posto na lista da Forbes de músicos mais bem pagos na última década, com US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões) em faturamento. A música também a ajudou a conquistar um lugar na lista das mulheres self-made mais ricas dos EUA com menos de 40 anos, em 2020, com uma fortuna de US$ 150 milhões (R$ 816 milhões).
Entre os inúmeros prêmios que já recebeu, a artista coleciona um Oscar de canção original por “Shallow”, de “Nasce uma Estrela”, e mais de 13 Grammys ao longo da trajetória musical.
Assim como o grande público se envolveu com a história de Coringa, Lady Gaga também se encontrou entre o caos e a paixão da trama. “Acho que não era a intenção, mas acabamos fazendo uma obra que mostra que, não importa o quão diferente alguém seja, todos somos capazes de amar, e o amor torna todos iguais.”
Confira, abaixo, os destaques da entrevista com Lady Gaga
Forbes: A direção já tinha você em mente para o papel de Harley Quinn no início da escrita do roteiro. Quando você passou a fazer parte desse mundo?
Lady Gaga: Me senti extremamente grata e lisonjeada porque o diretor Todd veio até mim e disse: “Escrevemos este papel para você.” Muito do enredo já estava bastante desenvolvido, mas mudamos bastante coisa após nossa primeira reunião. Tudo começou quando entendemos que, além de uma sequência para o Coringa, essa era uma história de origem para a minha personagem, a Harley Quinn.
Como foi o processo de mergulhar no universo do longa e na sua personagem?
Todd é extremamente livre e experimental, assim como Joaquin. Entre os dois, ficou claro para mim que uma obra que, de muitas maneiras, é não linear, também teria um processo de criação não linear.
Sempre soube quem Lee era por dentro, mas nunca cheguei ao set com uma ideia preconcebida. Na verdade, fui desafiada e trabalhei muito para descartar essas ideias e apenas tentar ser o mais honesta possível em cada cena.
Qual a conexão da música com a trama?
A música desempenha um papel crucial na produção ao expressar a complexidade do amor. Ela é confusa, caótica e representa muitas coisas ao mesmo tempo. É quase como outro personagem na história.
Você precisou deixar de lado um pouco do seu talento vocal natural para encarnar o papel. Como foi essa experiência e o trabalho com a equipe musical?
Nunca foi para ser o mesmo que estar no palco e contar uma história para uma plateia. Em vez disso, as músicas serviam como um meio para os personagens se comunicarem ou terem um momento privado para descobrir algo sobre si mesmos.
Você realmente só me ouve cantar plenamente em uma cena em todo o filme. Além disso, eu brinquei com momentos em que a personagem usa canções para se acalmar. A música foi um grande desafio na obra, mas foi uma experiência interessante e muito divertida.
Você tem alguma lembrança dos bastidores que te marcou?
Lembro que algumas semanas depois que paramos de filmar, fui fazer uma trilha, e eu não tinha caminhado fora do set por cerca de três meses e meio. Estava andando por um campo e pensei: “Nossa, é tão bonito aqui. Tem tanta vida e é tão feliz.” Isso me lembrou que esses dois personagens viviam em um mundo realmente sombrio quando não estavam em suas fantasias.
Foi muito poderoso e me deixou feliz que estávamos sempre contando piadas e rindo no set. As pessoas compartilharam comigo que, quando fizeram o primeiro filme, o humor ajudou a atravessar a escuridão de tudo aquilo, e fizemos isso desta vez também.
Como foi passar pelo processo de descobrir o visual da sua personagem e ver a si mesma nessas diferentes versões?
Foi interessante experimentar diferentes perucas, maquiagens e roupas para descobrir Lee na câmera. Levou um tempo para entender como orientá-la para estar na órbita de Arthur, porque esses dois precisavam ser compatíveis um com o outro.
Além disso, eu estava entrando em um universo com toda uma atmosfera que havia sido construída anteriormente. A sequência é muito diferente do longa original, mas o ambiente ainda estava lá. Então, foi um processo bastante intencional.
Uma das partes mais interessantes não foi quando eu vi a mim mesma na câmera, mas quando conheci o Coringa pela primeira vez. Tive aquela experiência de fã e pude perceber a conexão entre a Lee e o Arthur. Nós criamos tudo de maneira intencional para Lee, sempre considerando a dinâmica entre ela e o protagonista.
Levou um tempo para descobrir como ela deveria ser apresentada ao público, porque queríamos que sua essência se conectasse profundamente com sua alma.
Por que você acha que o Coringa se tornou tão querido?
As pessoas se apaixonaram por Arthur porque, enquanto ele navegava pela sociedade, era repetidamente agredido, tanto física quanto metaforicamente. Ele era diferente, enfrentava dificuldades e parecia que, não importava o que fizesse, não conseguia uma chance.
Acredito que pessoas em todo o mundo ressoaram com esse sentimento dentro de si mesmas. Elas viam um pouco de si no personagem. Esse foi o truque mágico daquele primeiro filme: todos se sentiam conectados a alguém que, aparentemente, era tão diferente.
Desta vez, como você espera que a história impacte o público?
A obra leva Lee e Arthur a outro nível por meio do amor. Não acho que era a intenção, mas acabamos criando algo que mostra que, não importa o quão diferente alguém seja, todos somos capazes de amar, e o amor torna todos iguais.
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