Um novo estudo desenvolvido pela organização Women’s Sport Foundation, fundada pela tenista Billie Jean King, oferece uma visão importante sobre o papel do esporte na juventude para o desenvolvimento da liderança de meninas e mulheres.
O relatório Play to Lead destaca habilidades adquiridas por elas ao competir e praticar esportes, além de revelar como a experiência esportiva pode influenciar futuras carreiras e conquistas ligadas à liderança.
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Para Danette Leighton, CEO da Women’s Sport Foundation, o relatório é um chamado à ação para que a sociedade priorize a participação de meninas nos esportes. “Mesmo que elas não joguem em nível universitário ou em grandes competições, elas se tornarão líderes como professoras, médicas, advogadas, legisladoras, empresárias ou em qualquer profissão que decidam seguir.”
A pesquisa coletou dados de mulheres entre 20 e 80 anos, o que permite uma avaliação dos impactos da participação esportiva a longo prazo.
Os resultados destacam que praticar esportes na juventude pode gerar benefícios que vão além da busca por uma bolsa universitária ou uma carreira profissional no esporte.
Principais Conclusões
O relatório Play to Lead foca em diversos temas-chave, incluindo as principais habilidades e características desenvolvidas pelas jovens esportistas. “Os esportes preparam as mulheres para liderar, e as principais habilidades aprendidas são: trabalhar em equipe (73%), aprender com os erros (53%), lidar com a pressão (51%) e ultrapassar limites físicos (46%)”.
Veja outras conclusões importantes do estudo:
- Quanto maior a duração e a diversidade de esportes praticados durante a juventude e início da idade adulta, incluindo experiências em equipes mistas, maior a probabilidade de ocupar cargos formais de liderança, especialmente posições executivas, na vida adulta;
- Quase 50% das mulheres pesquisadas atribuíram o desenvolvimento de suas habilidades de liderança às experiências adquiridas por meio da prática esportiva;
- A prática contínua ajuda a cultivar habilidades de liderança: 67% das mulheres acreditam que levaram as habilidades aprendidas nos esportes para a vida adulta; 73% citaram o trabalho em equipe como a maior lição, enquanto mais de 50% relataram aprender com os erros e lidar com a pressão como lições-chave;
- A grande maioria das mulheres que praticaram esportes na juventude assumiu cargos formais de liderança em diversos setores na vida adulta. As gerações mais jovens atribuíram particularmente o desenvolvimento de suas habilidades de liderança e satisfação pessoal às experiências adquiridas por meio da prática esportiva;
- As mulheres mais jovens, especialmente aquelas na faixa dos 20 anos, relatam taxas significativamente mais altas de barreiras para a participação plena e segura em esportes, incluindo restrições financeiras, preocupações com segurança e treinamento inadequado, indicando desafios crescentes para o acesso a experiências esportivas de qualidade na juventude.
Essas descobertas demonstram tanto os impactos positivos e duradouros da participação esportiva para mulheres e meninas quanto as barreiras persistentes enfrentadas por elas. “O relatório também destaca os obstáculos que ainda limitam a plena participação das mulheres em esportes ao longo das gerações”, diz Leighton. Alcançar um acesso equitativo e fomentar experiências esportivas para todas as meninas é crucial para aproveitar os benefícios do esporte, da saúde à formação de líderes e pessoas disciplinadas e bem-sucedidas.
Como manter as meninas no esporte
O relatório Play to Lead busca não apenas incentivar as meninas a ingressar nos esportes, mas também mostrar a importância de mantê-las envolvidas. As estatísticas apontam que, por volta dos 14 anos, cerca de 7 em cada 10 meninas abandonam a participação esportiva. “Eu fiz parte dessas estatísticas de abandono dos esportes como vemos que acontece com muitas adolescentes”, diz a CEO, que aprendeu lições que a ajudam na sua atuação profissional hoje. “Durante o tempo em que estive no campo, me ensinaram a perder com dignidade, a superar decepções e a me reerguer, habilidades que me ajudam a liderar.”
Embora o estudo Play to Lead revele que o desenvolvimento de habilidades de liderança pode ocorrer na juventude, quanto mais tempo as meninas permanecem no esporte, mais essas habilidades se desenvolvem. “Ainda há necessidade de investimento em todos os níveis do ecossistema dos esportes femininos.”
As meninas deixam de praticar esportes por diversas razões, incluindo experiências negativas, a falta de modelos positivos e o estigma social.
Treinadores e pais devem motivar as meninas destacando as habilidades que estão desenvolvendo ao praticar esportes. Quando investimos nos esportes femininos, não estamos apenas cultivando atletas – estamos formando a próxima geração de líderes que moldarão o nosso mundo. “A mensagem é simples: quando as meninas jogam, elas lideram, e todos nós ganhamos.”
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Lindsey Darvin é colaboradora da Forbes US. Ela é professora assistente na Universidade de Syracuse e pesquisa sobre equidade de gênero na indústria do esporte e dos esportes eletrônicos.