O câncer de mama é a neoplasia (crescimento anormal e descontrolado de células) que mais atinge mulheres no Brasil e o tipo de câncer que mais mata a população feminina, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Estima-se que, entre 2023 e 2025, sejam diagnosticados quase 74 mil novos casos da doença no país, e que ela cause 18 mil mortes. “Quase metade dos casos é diagnosticada em estágios mais avançados, o que resulta em tratamentos mais caros, maior impacto na qualidade de vida das pacientes e menores chances de cura”, afirma Maira Caleffi, médica mastologista, fundadora e presidente da FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama).
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O câncer de mama está associado a diversos fatores de risco, que podem ser classificados em incontroláveis e modificáveis. Entre os fatores não-modificáveis, destacam-se a idade e o sexo biológico. Indivíduos acima de 50 anos enfrentam um risco significativamente maior de desenvolver a doença. Além disso, pessoas com histórico familiar de câncer de mama ou que portam mutações genéticas hereditárias, como as relacionadas aos genes BRCA1 e BRCA2, também estão em um grupo de maior vulnerabilidade.
Embora a grande maioria dos casos ocorra em mulheres, os homens também podem desenvolver a doença e representam 1% do total de casos, segundo o Inca. “Embora o câncer de mama masculino seja raro, a mortalidade é alta, porque há pouca conscientização sobre o assunto. Por isso, é importante que os homens fiquem atentos a alterações na região das mamas.”
Como se prevenir
Embora existam fatores de risco incontroláveis associados ao câncer de mama, a doença também pode ser influenciada por hábitos prejudiciais, como tabagismo, sedentarismo e consumo excessivo de alimentos processados. “Para diminuir o risco, precisamos repensar nossos hábitos enquanto sociedade.”
Até 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de um estilo de vida saudável, que inclua a prática regular de atividades físicas, uma alimentação equilibrada, rotina de sono adequada, além de evitar o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas, explica Maira Caleffi, citando um dado do Inca. “Discutir a prevenção do câncer é falar de redução de riscos, diagnóstico precoce e acesso a tratamentos de forma ágil.”
A especialista também destaca a importância de repensar a relação com o cuidado à saúde. “O diagnóstico precoce só acontece se conhecemos bem o nosso corpo, percebemos sinais e sintomas de alterações e mantemos o hábito de realizar exames de rotina anualmente.”
“A informação é uma poderosa ferramenta de proteção e ação em saúde, e um diagnóstico não precisa ser sinônimo de morte. Mas precisamos pensar na saúde das mulheres de forma preventiva, garantindo espaço para que elas possam viver esses cuidados.”
Maira Caleffi, médica mastologista
Como identificar o câncer de mama
Os sinais e sintomas mais comuns do câncer de mama incluem um novo caroço ou massa na mama, dor nos seios ou no mamilo, retração e secreção do mamilo, ondulação da pele, inchaço ou vermelhidão ao redor da mama, assim como linfonodos inchados sob o braço.
Segundo levantamento do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), 60% das mulheres acreditam que a principal medida para a detecção precoce do câncer de mama é o autoexame. “Cada mulher deve observar alterações e, eventualmente, realizar a autopalpação das mamas, seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano”, afirma Caleffi. “Não existe recomendação de técnica específica, valoriza-se a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.”
Embora o autoexame seja uma prática importante, apenas a mamografia pode detectar tumores pequenos. O exame médico é fundamental para um diagnóstico precoce, uma vez que, em muitos casos, não há sinais ou sintomas visíveis relacionados ao câncer de mama.
A mamografia é um exame de diagnóstico que utiliza raios-x para examinar as mamas e diagnosticar o câncer. A quantidade de radiação recebida nesse exame é de aproximadamente 0,4 mSv (milisieverts), o equivalente à radiação que uma mulher recebe naturalmente ao longo de sete semanas.
Quando fazer exames
No Brasil, a média de idade das mulheres com a doença é de 53 anos, cerca de 10 anos a menos que nos Estados Unidos, por exemplo. Segundo o Ministério da Saúde e o Inca, a mamografia de rastreamento é indicada para mulheres entre 50 e 69 anos sem sinais e sintomas de câncer de mama, uma vez a cada dois anos. No entanto, existe um debate, ainda em andamento, em relação à realização do exame anualmente em todas as mulheres a partir dos 40 anos. “Toda mulher, independentemente da idade, se perceber alterações suspeitas na mama, deve procurar um médico para avaliar a necessidade de realizar exames de imagem.”
Nos EUA, a recomendação é de que mulheres entre 40 e 74 anos com risco médio devem fazer a mamografia a cada dois anos. Dados da Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos mostram que iniciar os exames aos 40 anos pode salvar vidas. A detecção precoce permite que o câncer seja diagnosticado antes que os sintomas apareçam, prevenindo diagnósticos tardios de cânceres que podem ser difíceis de tratar.
Embora o câncer de mama afete todas as raças e etnias, mulheres negras enfrentam disparidades significativas em relação ao rastreamento, diagnóstico e tratamento em comparação com as mulheres brancas. As mulheres negras têm 57% mais chance de morrer devido a um câncer de mama do que as brancas, enquanto as pardas apresentam uma probabilidade 10% maior, segundo o Inca. “Ainda não existem evidências científicas de que a população negra tenha perfis de câncer de mama mais agressivos que mulheres brancas dentro do mesmo estágio da doença, mas sabe-se que a saúde das mulheres pretas e pardas é tradicionalmente negligenciada no país.”
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Para além do Outubro Rosa, informe-se e incentive outras mulheres a priorizarem a mamografia e o cuidado com a saúde. Cada exame pode fazer a diferença entre um diagnóstico precoce e um tratamento mais eficaz.