Durante muito tempo, o mercado corporativo não considerou a diversidade e a inclusão como pilares estratégicos para os negócios, tanto para suas estruturas organizacionais, quanto para desenvolvimento de produtos, serviços e comunicação dedicadas. A ausência de pessoas negras, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência e outros grupos minorizados era evidente, criando um grande distanciamento entre marcas e consumidores.
Como resultado do trabalho incansável de pessoas que fazem parte destes grupos, aos poucos, esse debate foi crescendo e ganhando força e as empresas começaram a se conscientizar sobre a importância da diversidade para estabelecer uma conexão verdadeira, uma longa jornada para chegar ao cenário que temos hoje.
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Nesse sentido, hoje quero destacar o trabalho de uma mulher que vem fazendo a diferença. Raquel Virgínia, de 36 anos, nascida na periferia de São Paulo, é uma verdadeira potência e uma referência quando falamos em inovação, porque para mim, trabalhar com impacto, inverter a lógica regenerando o mundo é também inovar.
Ao fundar a agência Nhaí, uma empresa que fomenta o pilar da diversidade, ela está revolucionando a forma como as empresas pensam e fazem comunicação com o seu olhar estratégico e consultivo. Muitos devem se lembrar da premiada Campanha Doritos Rainbow, que estampou o arco-íris nas embalagens de Doritos, em referência ao principal símbolo da comunidade LGBTQIAPN+. A Nhaí foi fundamental para que a Pepsico pudesse levar seu compromisso com a diversidade até as prateleiras e os lares brasileiros, ampliando o diálogo e abrindo caminhos acerca da diversidade e inclusão na sociedade.
Tem também a Contaí, plataforma focada nas dores dos empreendedores, especialmente pensando no público LGBTQIAPN+, que possui dificuldades ainda maiores na hora de empreender principalmente pela falta de apoio. A Contaí foi criada para tornar essa jornada, que poderia ser solitária, mais leve e descomplicada, por meio de networking, eventos e trocas de experiências. Esse tipo de ação tem um papel fundamental para potencializar os negócios, permitindo que a comunidade se desenvolva e gere renda.
Ou seja, a Nhaí não é apenas uma “agência”, mas sim um negócio que contribui para um presente e um futuro inclusivos.
Mais do que uma referência para a própria comunidade negra e LGBTQIAPN+, ela é um exemplo para todo o ecossistema criativo e empreendedor e o seu sucesso se deve principalmente pela habilidade de criar soluções para um mundo melhor. Pode parecer clichê e, talvez seja mesmo, mas querer e trabalhar para um mundo melhor, considerando o tempo e espaço que vivemos, é algo absolutamente admirável.
*Adriana Barbosa é diretora executiva da PretaHub e fundadora do Festival Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina. Foi reconhecida como a primeira mulher negra entre os Inovadores Sociais do Mundo em 2020 pelo Fórum Econômico Mundial e passou a integrar o time de empreendedores sociais da Rede Schwab.
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