Sharon Williams não planejava abrir sua própria empresa. Ela estava satisfeita com seu cargo de marketing na companhia em que acompanhou o crescimento de 100 para 2.000 funcionários durante seus seis anos de trabalho. A executiva planejava continuar construindo sua carreira ali, até que, após ser transferida para um escritório em Sydney, na Austrália, e engravidar de seu primeiro filho, foi informada de que seria demitida.
Williams viveu um choque ao saber que seria dispensada devido à gravidez. “Fiquei chateada e desapontada. Estava na empresa desde que era a funcionária número 100. Amava a companhia e era leal ao fundador. E, então, me disseram que eu não valia a pena ser mantida.”
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Após sua demissão forçada, Williams precisou encontrar outro trabalho. Quando um concorrente a procurou para um serviço, ela agiu rapidamente e registrou a Taurus — hoje uma premiada agência de marketing estratégico e relações públicas — para emitir faturas. “Provavelmente foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.”
Espaço para mães que trabalham
Nos últimos 30 anos, Williams fez a Taurus crescer de uma forma única. Inspirada por sua própria experiência, contratou mães que trabalhavam meio período e criou um ambiente onde mulheres que atravessam a maternidade podem prosperar sem esconder partes de suas vidas.
Em muitos aspectos, a empresária estava à frente de seu tempo. Williams permitia que suas funcionárias compartilhassem funções, trabalhassem remotamente quando seus filhos estavam doentes ou até mesmo levassem as crianças pequenas para o escritório. E funcionou. A empresária construiu uma cultura baseada em confiança total, responsabilidade e valores compartilhados.
No entanto, o que a Taurus faz está longe de ser a norma, mesmo em locais de trabalho liderados por mulheres.
Rivalidade feminina no trabalho
A pressão que as profissionais exercem umas sobre as outras e a natureza competitiva no ambiente de trabalho podem influenciar negativamente suas carreiras. “Isso é realmente triste, e acho que precisamos dizer para as mulheres pararem”, diz Williams, que acredita que essa competição entre mulheres está “enraizado no nosso DNA.”
Semelhante ao fenômeno da Abelha Rainha — que se refere especificamente a líderes mulheres que se sentem ameaçadas e até intimidam funcionárias mais jovens —, a rivalidade feminina descreve a competição que pode surgir entre mulheres no trabalho.
Em ambos os casos, a causa raiz é a falta de apoio e de oportunidades de crescimento igualitárias para as mulheres. Como elas ocupam um número limitado de posições de liderança, cria-se um sentimento de competição, que leva a um ambiente em que não se apoiam e até se impedem mutuamente.
Williams, por outro lado, adotou a postura oposta, com foco intencional em apoiar as mulheres na Taurus e elevar outras por meio de mentoria. A fonte de motivação da empresária vem da sua infância e da sensação de injustiça que sentia ao ver sua mãe ganhar menos que os homens ao seu redor.
Hoje, ao ajudar figuras femininas com a Taurus, ela incentiva outras líderes a fazerem o mesmo. “Não basta criar um ambiente de apoio para mais mulheres na liderança, também precisamos que mulheres apoiem outras mulheres.”
Cabe às mulheres
Para Williams, a responsabilidade de transformar o ambiente de trabalho está nas mãos tanto dos homens, quanto das mulheres. “Essas líderes precisam ser a mudança que querem ver — e não se esquecer das jovens sob sua liderança”, aconselha.
As próprias ações da empresária são prova dessa crença. Sua paixão é desenvolver as carreiras de jovens mulheres e, ao longo dos últimos 30 anos, orientou 1.800 dessas profissionais. Uma delas é Samantha Sakr, que passou de estagiária na Taurus a diretora-gerente em apenas seis anos.
Enquanto Williams entra na próxima fase de sua carreira, sua mensagem é simples: “Eu quero que as mulheres elevem outras mulheres.”
*Katy McFee é colaboradora da Forbes USA. Ela também é coach executiva e fundadora da Insights to Action, empresa focada em reduzir a desigualdade de gênero nas lideranças sêniores.