De volta ao Brasil depois de uma viagem a Nova York, onde conheceu os badalados food halls, Laura Bier sabia que queria levar algo parecido para o seu estado, o Rio Grande do Sul. “O negócio começou pequeno, em 2016, com 700 metros quadrados, e ao final de cinco anos, já comercializava 70 operações em 5 hectares”, lembra a gaúcha.
Após enfrentar um processo judicial com os donos do terreno que sublocava, a empreendedora venceu um edital de licitação da prefeitura de Xangri-lá, no litoral norte do estado. Em parceria com a D1 Empreendimentos, com investimento de cerca de R$ 5 milhões, revitalizou a praça central de Atlântida, uma das praias mais conhecidas da cidade e destino muito procurado no verão. “Construímos o projeto do zero e, por ser uma praça pública, damos vida, segurança, iluminação e limpeza o ano todo.”
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O espaço de 16 mil metros quadrados se transformou em um complexo de lazer e gastronomia, com 40 opções de bares e restaurantes, cinco quadras de areia para beach tennis, vôlei de praia e futevôlei, pista de skate, bikes para locação, academia ao ar livre, palco para shows, espaço kids e uma roda gigante. No verão de 2024, o Roubadinhas Atlântida, como é chamado, recebeu cerca de 700 mil pessoas.
O poder do networking
Para colocar o negócio de pé, Laura acionou sua rede de contatos com marcas e personalidades influentes da região. Conseguiu grandes patrocinadores, como Claro, Red Bull, Heineken e Grupo Femsa (Coca-Cola e outras marcas).
Relacionamento é algo natural para essa gaúcha, que herdou do pai a veia empreendedora e tirou lições importantes de um dos grandes pilares da sua vida: o esporte. “Sempre joguei tênis e isso me deu muita bagagem para o empreendedorismo”, diz. “Sou competitiva, mas ao mesmo tempo respeito o adversário e sei perder. Também tenho a mentalidade de que o jogo só se perde no último ponto, então vou até o fim.”
Foram essas características que chamaram a atenção de Alexandre Birman, hoje CEO da AZZAS 2145, fruto da fusão entre Arezzo e Grupo Soma, e lhe renderam um emprego na Schutz, que acabava de chegar a Porto Alegre. “Ele adorou o meu lado esportista e queria justamente essa garra e esse espírito competitivo na equipe de vendas.”
Depois da experiência na marca, Laura também trabalhou em uma escola para aproveitar os cursos oferecidos e com seu pai, organizando eventos. Em paralelo, começou a compartilhar dicas de restaurantes, comidas e viagens nas redes sociais. “O nome do meu negócio, Roubadinhas, surgiu na brincadeira. Começou com posts no Instagram de dicas de ‘roubadinhas’ na dieta”, lembra. Mas a influência acabou rendendo parcerias com grandes marcas, de Le Lis Blanc a Samsung. “Mal sabia cobrar, mas fui criando meu networking.”
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Impacto das enchentes
Hoje, a empreendedora leva a experiência como “curadora gastronômica” para seus negócios, na praia de Atlântida e em Porto Alegre, com a Vila Roubadinhas, um food hall a céu aberto com 15 operações. “Fomentamos o empreendedorismo local quase como uma incubadora. Mais de 10 marcas nasceram nesse espaço e já estão em outros lugares também.”
Este ano, a Vila também se tornou ponto de coleta e distribuição de doações para os afetados pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul a partir de abril. “Não fomos impactados diretamente, mas os colaboradores e fornecedores foram. É uma tragédia sem precedentes.”
Laura renegociou contratos de aluguel, disponibilizou espaço para negócios se reconstruírem e retomarem suas operações e tentou se manter otimista em meio à tragédia. “Não tenho o perfil de ficar me vitimizando. Prefiro me manter firme e forte para ajudar o máximo de pessoas.”