As mulheres que integram a primeira edição da lista da Forbes 50 Over 50 Global atuam em 32 países e territórios e estão transformando setores que vão desde a cibersegurança até a ciência. Ao liderar empresas gigantes, conquistar espaços de poder, desenvolver negócios inovadores, fundar empresas de capital de risco ou organização sem fins lucrativos, elas estão gerando riqueza, criando empregos e demonstrando que a idade não é uma barreira para deixar um impacto significativo e duradouro no mundo.
Entre as 50 lideranças acima dos 50 anos, que se destacam em diferentes indústrias e ao redor do mundo, estão três brasileiras. Fernanda Torres, que conquistou o inédito Globo de Ouro de melhor atriz em filme dramático por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”, e acaba de ser indicada ao Oscar; Ana Cabral, CEO de uma das maiores empresas de mineração de lítio do mundo, a Sigma Lithium; e Maria da Penha, que dá nome a uma lei que protege vítimas de violência doméstica, resultado de sua luta de quase 20 anos por justiça.
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Veja destaques da primeira lista 50 Over 50 global
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Getty Images Fernanda Torres
59 | Atriz e Escritora | Brasil
Fernanda Pinheiro Monteiro Torres tornou-se a primeira brasileira a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático, em janeiro de 2025, por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”. Curiosamente, a primeira brasileira indicada ao prêmio foi sua mãe, Fernanda Montenegro. A carreira de Torres começou aos 13 anos, e, mais de quatro décadas depois, ela acumula inúmeros prêmios no cinema e no teatro. Em 2025, foi indicada ao Oscar pelo mesmo longa, que também concorre como melhor filme internacional e melhor filme. Além de atuar, Torres também escreve: seu primeiro romance, “Fim”, publicado em 2013, vendeu mais de 200 mil cópias, foi traduzido para sete idiomas e adaptado para a TV.
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Cláudio Belli Ana Cabral
52 | CEO, Sigma Lithium | Brasil
A brasileira Ana Cabral lidera uma das maiores empresas de mineração de lítio do mundo, a Sigma Lithium. Ela assumiu o cargo em 2016, quatro anos após a empresa abrir capital no Brasil. Sob sua liderança, a companhia avançou na produção de lítio sem produtos químicos perigosos e realizou sua listagem na Nasdaq em 2021. Ana também é cofundadora e sócia-gerente da A10 Investimentos, a firma de private equity que detém cerca de 44% das ações da Sigma. No início de sua carreira, trabalhou no Goldman Sachs supervisionando mercados de capitais na América Latina.
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José Cruz/Agência Brasil Maria da Penha
79 | Ativista | Brasil
Maria da Penha utiliza cadeira de rodas desde 1983, após sobreviver a uma tentativa de feminicídio. O agressor, então seu marido, foi condenado duas vezes no Brasil, mas apelos legais o libertaram. Em 2006, aos 61 anos, a “Lei Maria da Penha” (Lei Federal 11.340) foi sancionada, fruto de sua luta de quase 20 anos por justiça, estabelecendo punições mais severas para violência doméstica contra mulheres no Brasil.
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Getty Images Claudia Sheinbaum
62 | Presidente | México
Claudia Sheinbaum fez história ao se tornar a primeira mulher presidente do México, com uma vitória esmagadora em junho de 2024. Sua posse, em outubro, foi recebida com aplausos e o uso do termo “Presidenta” pela primeira vez no Congresso mexicano em 200 anos de independência do país. Sheinbaum foi prefeita da Cidade do México antes de assumir o cargo nacional. Cientista renomada, com doutorado em engenharia de energia, ela integrou o painel de ciência climática da ONU que venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2007.
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Getty Images Miuccia Prada
75 | Co-Diretora Criativa, Prada | Itália
Neta do fundador da Prada, Miuccia Prada herdou a empresa com seus irmãos em 1977. Na época, era uma loja de artigos de couro que precisava de renovação. Ao longo da década seguinte, Miuccia transformou a Prada em uma das principais marcas de luxo do mundo. Em 1993, lançou a marca irmã Miu Miu, inspirada em seu apelido. Ela foi presidente do Grupo Prada de 2003 a 2014, quando a empresa abriu capital na Bolsa de Valores de Hong Kong, e foi co-CEO até 2023. Hoje, Miuccia é bilionária, com uma fortuna de US$ 6 bilhões (R$ 35,6 bilhões), e segue como uma das figuras mais influentes da moda.
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Getty Images Desiree Ellis
61 | Treinadora, Seleção Sul-Africana de Futebol Feminino | África do Sul
Desiree Ellis é a treinadora da seleção feminina de futebol da África do Sul, Banyana Banyana (que significa algo como “As Garotas”). Em 2022, liderou a equipe à conquista do primeiro título do Campeonato Africano de Futebol Feminino, garantindo uma vaga na Copa do Mundo Feminina da FIFA. Em 2023, levou o time às oitavas de final pela primeira vez. Ellis recebeu o prêmio de Treinadora do Ano da CAF de 2018 a 2023 e, no mesmo ano, foi agraciada com a Ordem Nacional de Ikhamanga pelo governo sul-africano por sua contribuição ao esporte.
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Getty Images Margaret Atwood
85 | Escritora | Canadá
A prolífica autora e poeta Margaret Atwood escreveu mais de 50 livros publicados em mais de 45 países ao longo de 64 anos desde que seu primeiro poema foi lançado por uma pequena editora. Nesse tempo, Atwood colecionou inúmeros prêmios literários, incluindo dois Booker Prizes, o Prêmio Franz Kafka e reconhecimentos pela sua carreira do National Book Critics Circle e do PEN Center USA. Seus romances distópicos de maior destaque se tornaram especialmente relevantes. “O Conto da Aia” foi adaptado para a TV e estreou em 2017. Aos 85 anos, Atwood continua surpreendendo os leitores e lançou “Paper Boat”, uma coletânea de poemas escritos ao longo de seis décadas, em outubro passado.
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Yoshio Tsunoda/AFLO/Newscom Mitsuko Tottori
60 | CEO, Japan Airlines | Japão
Mitsuko Tottori é a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente e CEO da Japan Airlines (JAL). Sua trajetória começou há 40 anos como comissária de bordo da TOA Domestic Airlines, que em 2001 fundiu-se com a JAL. Trabalhou como atendente de cabine por 20 anos, antes de ser promovida a gerente do departamento de segurança de cabine em 2005. A partir daí, assumiu papéis cada vez mais importantes até se tornar CEO em janeiro de 2024.
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Rafaela Aponte-Diamant
79 | Co-proprietária, MSC | Suíça
Rafaela Aponte-Diamant é co-proprietária da Mediterranean Shipping Company (MSC), a maior empresa de transporte marítimo do mundo. Ela e seu marido, Gianluigi, dividem igualmente a empresa, resultando em uma fortuna líquida de US$ 31,3 bilhões (R$ 186 bilhões) para cada. A jornada rumo à riqueza começou em 1970, quando o casal comprou um navio com um empréstimo de US$ 200 mil (R$ 1,1 bilhão). Eles fundaram a MSC no mesmo ano, adquirindo navios de segunda mão e explorando rotas menos concorridas. O maior negócio da dupla nas últimas décadas ocorreu em 2022, quando compraram a Bolloré Africa Logistics por US$ 6 bilhões (R$ 35,6 bilhões). A fortuna de Aponte-Diamant a posiciona como a 57ª pessoa mais rica do mundo, segundo a Forbes.
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Getty Images Han Kang
54 | Autora | Coreia do Sul
Em outubro de 2024, aos 53 anos, a romancista sul-coreana Han Kang foi premiada com o Prêmio Nobel de Literatura por sua “prosa poética intensa que confronta os traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”. Ela é a primeira mulher asiática a ganhar o prêmio em seus 123 anos de história. O romance que lhe garantiu o reconhecimento, “A Vegetariana”, também recebeu o Prêmio Booker Internacional de Ficção em 2016. Outras obras notáveis de sua autoria incluem “Human Acts” (Ação Humana), “The White Book” (O Livro Branco), “Greek Lessons” (Lições de Grego) e “We Do Not Part” (Não Nos Separamos). Kang cresceu rodeada de livros, sendo filha do romancista Han Sung-won.
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Getty Images Mary Hanna
70 | Amazona | Austrália
Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, Mary Hanna, aos 69 anos, foi a competidora mais velha. Representando a Austrália como reserva na competição de adestramento, saiu sem medalha, mas sem planos de aposentadoria. A atleta, que participou de seis Olimpíadas, já se prepara para Los Angeles 2028 com dois novos cavalos para treinamento.
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Getty Images Wandia Gichuru
57 | Cofundadora e CEO, Vivo | Quênia
Wandia Gichuru começou sua carreira no desenvolvimento internacional, mas encontrou seu maior impacto profissional em sua marca de moda, a Vivo. O que começou como uma loja com duas pessoas em Nairóbi, capital do Quênia, em 2011, transformou-se em um verdadeiro grupo de moda com um braço de comércio eletrônico (Shop Zetu) e 29 lojas físicas no continente africano. Em 2024, Gichuru abriu sua primeira loja nos EUA, em Atlanta, na Geórgia. O presidente do Quênia, William Ruto, compareceu à inauguração, chamando a Vivo de “a maior marca de moda da África Oriental”. Gichuru é comprometida com a criação de oportunidades financeiras e realiza 100% do design e da manufatura da marca no Quênia. “Em uma região com tanto desemprego, precisamos ver o potencial dessa indústria para criar mais empregos”, diz a empresária.
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Getty Images Hayat Sindi
57 | Fundadora e CEO, Institute for Quality | Arábia Saudita
Renomada biotecnologista com nove patentes registradas, Hayat Sindi decidiu, em 2022, ampliar o alcance de sua ciência ao fundar o Institute for Quality, uma consultoria voltada ao suporte de organizações a partir da perspectiva da ciência e tecnologia. Sindi já havia fundado a Diagnostics For All, uma ONG que cria dispositivos de diagnóstico acessíveis para comunidades carentes, e liderou o i2, que oferece mentoria para jovens com foco em tecnologia na Arábia Saudita. Em 2013, tornou-se uma das primeiras mulheres a integrar a Assembleia Consultiva da Arábia Saudita, órgão que aconselha o rei sobre questões importantes para o país.
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Getty Images Nadia Calviño
56 | Presidente, Banco Europeu de Investimentos | Luxemburgo
O Banco Europeu de Investimentos (BEI) é o braço de empréstimos da União Europeia e conta com cerca de US$ 260 bilhões (R$ 1,5 trilhão) em capital subscrito, o que o torna uma das maiores instituições financeiras multilaterais do mundo. Na liderança, está Nadia Calviño. A economista e advogada espanhola assumiu o cargo em janeiro de 2024, tornando-se a primeira mulher e espanhola a liderar o BEI desde sua criação pelo Tratado de Roma em 1958. Anteriormente, ela foi Primeira Vice-Presidente da Espanha e Ministra da Economia, Comércio e Empresa no governo do Primeiro-Ministro Pedro Sánchez.
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Getty Images Carmen Correa
56 | CEO, Pro Mujer | Uruguai
A Pro Mujer é uma das principais organizações voltadas ao desenvolvimento de mulheres na América Latina, tendo concedido mais de US$ 4,4 bilhões (R$ 26 bilhões) em microcréditos e realizado mais de 10 milhões de intervenções de saúde nas últimas três décadas. Carmen Correa integra a organização sem fins lucrativos há oito anos e, nos últimos três, atua como CEO. Sob sua liderança, a equipe da Pro Mujer cresceu para 1.500 colaboradores, ampliou sua atuação para a Guatemala, o sudeste do México e comunidades de mulheres migrantes latinas nos Estados Unidos, além de garantir uma doação de US$ 1 milhão (R$ 5,9 milhões) da Visa Foundation.
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Divulgação Jackie Ying
58 | Cientista | Cingapura
Jackie Yi-Ru Ying é uma das cientistas mais influentes nos campos da nanociência e nanotecnologia, com mais de 350 artigos de pesquisa publicados. Após concluir seu doutorado em Princeton, tornou-se professora no MIT aos 35 anos, a mais jovem da instituição. Mais tarde, retornou a Cingapura, onde fundou e liderou o Instituto de Bioengenharia e Nanotecnologia, que produziu mais de 650 patentes e 1.330 artigos científicos. Atualmente, Ying trabalha no NanoBio Lab, na Agência de Ciência, Tecnologia e Pesquisa de Singapura.
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Divulgação Lee Jung-ae
61 | CEO, LG Household and Health | Coreia do Sul
Lee Jung-ae é CEO da LG Household and Health Care, sendo a primeira e única mulher a liderar uma subsidiária do conglomerado sul-coreano. Ela entrou na empresa em 1986 e ascendeu até se tornar CEO em 2022. Em sua função, supervisiona divisões que vendem produtos de beleza, limpeza e bebidas, incluindo a linha de cosméticos The Whoo e a marca de sabonetes Dr. Groot, além da distribuição de produtos da Coca-Cola. Lee anunciou planos para levar os itens de beleza da LG aos EUA, enquanto investe em fusões, aquisições e no desenvolvimento de estratégias de e-commerce com IA.
Fernanda Torres
59 | Atriz e Escritora | Brasil
Fernanda Pinheiro Monteiro Torres tornou-se a primeira brasileira a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático, em janeiro de 2025, por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”. Curiosamente, a primeira brasileira indicada ao prêmio foi sua mãe, Fernanda Montenegro. A carreira de Torres começou aos 13 anos, e, mais de quatro décadas depois, ela acumula inúmeros prêmios no cinema e no teatro. Em 2025, foi indicada ao Oscar pelo mesmo longa, que também concorre como melhor filme internacional e melhor filme. Além de atuar, Torres também escreve: seu primeiro romance, “Fim”, publicado em 2013, vendeu mais de 200 mil cópias, foi traduzido para sete idiomas e adaptado para a TV.
Confira a lista completa aqui.
*Escrito por Erin Spencer Sairam, Zoya Hasan, Francesca Walton e Danielle Keeton-Olsen, com reportagem adicional de Maria Gracia Santillana Linares e James Simms. Editado por Maggie McGrath, com edição adicional de Caroline Howard e Rana Wehbe Watson