Fernanda Torres fez história para o Brasil na madrugada de segunda-feira (6), ao vencer a categoria de Melhor Atriz em Filme Dramático no Globo de Ouro 2025. A estrela do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, traz o prêmio inédito para o país após concorrer com grandes nomes de Hollywood em sua estreia na premiação.
Antes da fama nacional e internacional com o longa, que estreou em novembro de 2024 nos cinemas brasileiros, a atriz construiu uma jornada profissional de mais de 40 anos, passando pelo teatro, cinema, TV e literatura.
Relembre, a seguir, a trajetória de carreira de Fernanda Torres
Tais pais, tal filha
Nascida no Rio de Janeiro, em 1965, Fernanda Torres herdou a veia artística dos pais, os ícones da dramaturgia brasileira Fernando Torres e Fernanda Montenegro. “Meus pais sempre me deram uma noção de independência na profissão. Desde que eu nasci, vi eles produzindo suas próprias peças. Eles faziam TV e cinema, mas a base era a produção independente com o teatro. Aprendi isso com eles”, disse em entrevista à Forbes Brasil em novembro de 2024.
Fernanda Torres e Fernanda Montenegro
Aos 13 anos, Fernanda Torres já estudava no Tablado, tradicional escola de atores do Rio de Janeiro, e estreava como atriz em sua primeira peça, “Um Tango Argentino”, de Maria Clara Machado.
Não demorou para a artista mergulhar no audiovisual. Aos 14 anos, atuou na TV Globo com a série “Aplauso”, e, aos 15, conseguiu um papel na novela “Baila Comigo.” A estreia no cinema veio em 1983, aos 18 anos, com o filme “Inocência”. O longa foi o pontapé para uma carreira com mais de 20 filmes no currículo, além de diversas peças e programas de TV.
Palma de Ouro
Muito antes de vencer o Globo de Ouro neste ano, aos 59 anos, Fernanda Torres já havia se consagrado internacionalmente no cinema. Com apenas 20 anos, ela fez história no Festival de Cannes de 1986 ao conquistar a Palma de Ouro inédita para o Brasil na categoria de Melhor Atriz. A artista levou o prêmio pela atuação no filme “Eu Sei Que Vou te Amar”, de Arnaldo Jabor.
Sucesso na comédia
Em 2001, Fernanda Torres catapultou sua fama nacional com a série cômica “Os Normais”. Conhecida pela personagem Vani, ela foi a estrela do programa com três temporadas, ao lado do ator Luiz Fernando Guimarães. O sucesso da produção rendeu mais dois longas com o elenco, “Os Normais – O Filme” e “Os Normais 2 – A Noite Mais Maluca de Todas”.
Mais de uma década depois da estreia da série, a atriz embarcou em outra comédia que marcaria sua carreira. Em 2011, Fernanda Torres estreou como a personagem Fátima em “Tapas & Beijos”, ao lado de Andréa Beltrão, que interpretava Sueli. A dupla icônica estampou as telas brasileiras ao longo de cinco temporadas, de 2011 até 2015, e conquistou um sucesso atemporal entre o público.
Fernanda Torres e Andréa Beltrão em Tapas & Beijos
Além da atuação
Para além do trabalho como atriz, Fernanda Torres também mergulhou na escrita. “Eu produzi minhas peças, fui escrever roteiros e sempre procurei ter projetos meus, não fiquei esperando convites”, afirmou em entrevista à Forbes Brasil.
Só na literatura, foram três livros publicados desde sua estreia no ramo em 2013. Seu primeiro romance, “Fim”, venceu o Prêmio Jabuti no eixo de inovação na categoria de Livro Brasileiro Publicado no Exterior, em 2018. A obra foi adaptada pela própria atriz para uma minissérie de 10 capítulos para o Globoplay, em 2023. Também lançou o livro de crônicas “Sete Anos”, em 2014, e o romance “A Glória e Seu Cortejo de Horrores”, em 2017.
“Ainda Estou Aqui”
Nos últimos dois anos, Fernanda Torres teve uma guinada na carreira com o drama “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles. “Eu já era mais velha do que a personagem e estava trabalhando com comédia há muito tempo, então não achei que o Walter me visse no papel. Fiquei muito surpresa e lisonjeada quando ele me chamou para estrelar o longa.”
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme acompanha a história de Eunice Paiva, uma dona de casa e mãe de cinco filhos na década de 1970, que se tornou uma grande ativista após o desaparecimento e assassinato do marido (e pai do autor) durante a Ditadura Militar no Brasil.
Gravado em 2023 e lançado em novembro de 2024, o longa ganhou os holofotes internacionalmente e conquistou grandes prêmios. Além do Globo de Ouro de Fernanda Torres, o filme venceu na categoria “Melhor Roteiro” no Festival de Veneza, após ser ovacionado em sua exibição e aplaudido por mais de dez minutos. Também levou o “Prêmio do Público” do Festival Internacional de Cinema de Vancouver, com mais de 40 mil votos, e ganhou uma estatueta no Critics Choice Awards pela atuação da protagonista, entre outras vitórias.
Selton Mello, Fernanda Torres e Walter Salles no Festival de Veneza
“Ainda Estou Aqui” ainda tem grandes chances de ser indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional, e Fernanda Torres também pode receber uma indicação para concorrer como melhor atriz no principal prêmio do cinema.
