
Após conquistar o Nobel de Literatura em 2024, a escritora sul-coreana Han Kang não apenas consagrou seu nome internacionalmente, como também viu as vendas de suas obras dispararem, segundo portais locais. O romance “We Do Not Part” teve um salto de 9.000 vezes nas vendas em comparação ao dia anterior ao anúncio. Outros títulos da autora acompanharam o boom: “Atos Humanos” vendeu 2.200 vezes mais, e “A Vegetariana” registrou um crescimento de 1.900 vezes nas vendas no país.
Do ponto de vista financeiro e simbólico, o Prêmio Nobel tem um impacto incomparável. Além da medalha de ouro e do diploma, os vencedores recebem um prêmio em dinheiro, que no último ano foi de 11 milhões de coroas suecas (ou R$ 6,6 milhões).
No campo da Literatura, esse é o reconhecimento máximo para o conjunto da obra de um autor – o Nobel não premia um livro específico –, e é especialmente valioso para escritores fora dos circuitos literários dominantes da Europa e dos Estados Unidos.
Para as mulheres, porém, esse caminho tem sido historicamente mais difícil. Ao longo da história de mais de 120 anos do Prêmio Nobel, apenas 65 mulheres foram laureadas, frente a 908 homens. Especificamente na Literatura, entre as 121 pessoas premiadas, apenas 18 são mulheres — o equivalente a menos de 15% do total. Nesse contexto, a conquista de Han Kang rompeu mais uma barreira: ela se tornou a primeira mulher asiática a receber o Nobel de Literatura.
Representando os lusófonos, apenas o autor José Saramago levou o prêmio para Portugal, em 1998. Até 2025, nenhum brasileiro saiu vencedor, mas nomes como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles constaram entre os concorrentes em edições anteriores.

Entre as obras mais consagradas de Lygia Fagundes Telles estão “As Meninas”, “Seminário dos Ratos” e “Ciranda de Pedra”
Neste Dia Mundial do Livro (23), conheça escritoras que já foram laureadas com o Nobel de Literatura e as principais obras que as levaram a esse reconhecimento:
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1909: Selma Lagerlöf (Suécia)
Primeira mulher a vencer o Nobel de Literatura, ela foi premiada “em apreciação pelo idealismo sublime, imaginação vívida e percepção espiritual que caracterizam seus escritos”. Também foi pioneira em outras frentes: tornou-se a primeira mulher a integrar a Academia Sueca, em 1914, e a primeira a receber o título de Doutora Honoris Causa por uma universidade sueca.
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1966: Nelly Sachs (Alemanha)
A poeta e dramaturga alemã se tornou porta-voz da dor e dos anseios dos judeus durante e após o Holocausto ao ser laureada com o Nobel em 1966 junto com o escritor israelense Shmuel Yosef Agnon.
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1945: Gabriela Mistral (Chile)
A América Latina ganhou seu primeiro Nobel de Literatura com a poesia lírica de Gabriela Mistral. Entre os temas centrais de sua obra estão o amor, a maternidade, a terra, a morte, a mestiçagem e a cultura indígena.
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1991: Nadine Gordimer (África do Sul)
A segregação racial e os dilemas morais que dela derivam estão no centro de sua obra. Autora de mais de 30 livros, retrata com profundidade a degradação social vivida na África do Sul e os conflitos éticos enfrentados por uma sociedade dividida pelo apartheid.
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1993: Toni Morrison (Estados Unidos)
Também vencedora do Prêmio Pulitzer, a escritora abordou questões de raça, gênero e beleza em suas obras, que se apresentam como retratos profundos que vão além da sociedade americana e refletem dilemas sociais mundiais.
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2015: Svetlana Aleksiévitch (Bielorrússia)
A autora bielorrussa encontrou na “história das emoções” – narrativas polifônicas e profundas escritas no formato de entrevista – uma maneira de retratar o que parecia inenarrável: a guerra, a fome, a desigualdade e a destruição física e mental de populações inteiras. Suas obras mais conhecidas são “A Guerra Não Tem Rosto De Mulher” e “O Fim Do Homem”.
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2022: Annie Ernaux (França)
A autora francesa é o maior expoente contemporâneo da chamada autossociobiografia: histórias reais, contadas por ela mesma, mas trazendo reflexões sobre o contexto social e histórico em que estão inseridas. “O verdadeiro objetivo da minha vida talvez seja apenas este: que meu corpo, minhas sensações e meus pensamentos se tornem escrita, isto é, o inteligível e geral, e minha existência, completamente dissolvida na cabeça e na vida dos outros”, escreveu Ernaux em seu livro “O Acontecimento”.
1909: Selma Lagerlöf (Suécia)
Primeira mulher a vencer o Nobel de Literatura, ela foi premiada “em apreciação pelo idealismo sublime, imaginação vívida e percepção espiritual que caracterizam seus escritos”. Também foi pioneira em outras frentes: tornou-se a primeira mulher a integrar a Academia Sueca, em 1914, e a primeira a receber o título de Doutora Honoris Causa por uma universidade sueca.