Criada há menos de uma semana, a rede Techs for Testing surgiu a partir da iniciativa de Anna Lygia Rego, professora da escola de Direito da FGV/SP e diretora para América Latina da área de Legal & Regulatory da Standard & Poor’s, diante do atual cenário de pandemia. “Eu perdia três horas por dia no Twitter lendo informações que não mudavam em nada a situação. Achei que podia fazer algo”, lembra.
A executiva então começou a reunir pessoas em um grupo de Whatsapp. De uma dezena, o grupo foi crescendo e, atualmente, conta com 200 participantes entre professores, médicos que estão atuando na linha de frente na luta contra a Covid-19, advogados, economistas, empresários, executivos e membros de conselhos de administração de grandes empresas e empresas familiares, entidades privadas, organizações públicas, terceiro setor e comunicadores. Batizada de Techs for Testing, a iniciativa – que é totalmente voluntária e apolítica – tem como objetivo alinhar demandas e soluções para lidar com o desafio logístico de realização de testes laboratoriais e processamento dos dados referentes aos avanços da pandemia.
“A ideia surgiu a partir da recomendação expressa da Organização Mundial da Saúde – testar, testar e testar – e das subnotificações dos casos positivos”, diz ela, lembrando que só a disponibilidade massiva de testes seria capaz de atender a esses dois pontos.
A rede, então, analisa as demandas e encontra as melhores alternativas para o controle e combate ao coronavírus nas seguintes frentes: busca por testes rápidos e suas aprovações junto à Anvisa; logística dos testes e equipamentos de proteção individual para os profissionais da saúde; produção e fornecimento de EPIs; levantamento de recursos e financiamento para a produção destes EPIs e dos testes rápidos.
São, por exemplo, fornecedores que têm capacidade de aumentar a produção dos testes, mas não conseguem viabilizar seus contratos. Ou hospitais que precisam de viseiras – neste caso, o problema foi resolvido por uma empresa de impressão 3D. Ou, ainda, startups que já possuem testes aprovados pela Anvisa mas não possuem recursos para a produção a preço de custo em larga escala. “Tem gente doando e gente precisando de álcool em gel nas mais diferentes proporções. A nossa missão é ligar as pontas, destinando recursos com eficiência.”
A rede – que conta com a participação de nomes como o da empreendedora Leilane Sabatini, fundadora do marketplace @cansei_vendi, do médico José Galucci Neto, e das advogadas Gabriela Blanchet e Vanessa Cardoso – também analisa dados estatísticos e publica pareceres clínicos com o aval dos médicos de seu ecossistema. “Esta é uma iniciativa colaborativa da sociedade civil”, explica Anna Lygia, sem descartar potenciais patrocinadores ou eventuais doadores para necessidades específicas. “É uma ponte entre Estado, mercado e sociedade na resolução de uma emergência.”
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Uber anuncia pacote de ações para enfrentar a Covid-19
Um programa nacional foi criado pela Uber com ações que visam apoiar os mais de 1 milhão de motoristas e entregadores de comida que atuam através do aplicativo.
As ações incluem medidas da própria empresa e parcerias. Medidas da Uber evolvem a provisão de auxílio financeiro por 14 dias para pessoas que trabalham através da ferramenta e tiverem um diagnóstico positivo da Covid-19 ou quarentena individual solicitada por risco de disseminação da doença. O subsídio será calculado pela média de ganhos que a pessoa teve nos seis meses anteriores ao dia 6 de março.
No aspecto operacional, a Uber diz que irá disponibilizar recursos para a limpeza dos veículos. A empresa não diz se os recursos incluirão dinheiro ou álcool em gel, que se tornou uma raridade, mas afirma que está priorizando as cidades mais afetadas pela pandemia.
Para ajudar a proteger os autônomos que dependem da renda gerada pela plataforma, usuários estão sendo orientados a somente viajarem se necessário. Outras sugestões incluem medidas como a abrir as janelas no veículo quando usam o aplicativo para se deslocar. Quando usuários pedem comida pelo app, a orientação é solicitar a opção em que o entregador deixa os pacotes na porta.
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Governo ordena britânicos a ficar em casa via SMS
No Reino Unido, que ontem (23) iniciou um período de quarentena nacional, todos os cidadãos estão recebendo alertas emergenciais do governo via SMS. O conteúdo das mensagens ordena que todos os 66,4 milhões de habitantes fiquem em casa e detalha as novas regras e exceções, com um link com mais informações, além de argumentar que a medida visa proteger o sistema de saúde nacional e salvar vidas.
Esta foi uma operação gigantesca que precisou envolver todos os operadores de telecomunicações do país, que tem a Vodafone, O2 e Three entre os maiores players com atuação nacional. As mensagens tiveram que ser enviadas em partes, em um esforço que durou o dia todo. Segundo estatísticas oficiais, cerca de 79% dos adultos britânicos têm um celular. Segundo um novo estudo da Oxford University, é possível que metade da população – cerca de 33,2 milhões de habitantes – tenha sido infectada pelo novo coronavírus.
O envio da comunicação emergencial segue testes feitos pelo governo do Reino Unido em 2014, que previa um mecanismo onde o poder público poderia, se necessário, enviar mensagens para os cidadãos diretamente e sem a interferência dos operadores de telecomunicações.
Os testes aparentemente tiveram sucesso, segundo um relatório final sobre a comunicação emergencial via SMS, mas o arranjo nunca foi de fato usado – não se sabe se isso se deve ao custo associado, ou à falta de uma situação que fosse considerada uma real emergência. A falta de tal sistema que pudesse ser usado pelo governo resultou no recebimento das mensagens em horários e dias diferentes: alguns cidadãos receberam a mensagem só hoje, quando já deveriam estar em quarentena.
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Startup cria plataforma para conectar vizinhos
A startup brasileira Noknox, especializada em software para residências, criou uma plataforma para conectar voluntários e pessoas que fazem parte dos grupos de risco da Covid-19 e que precisam de ajuda, mas não podem sair de casa. Para isso, foi criada, em regime de emergência, a plataforma Vizinho do Bem, que identifica pessoas em situação de vulnerabilidade que moram perto do voluntário e conecta as duas partes por WhatsApp. Para isso, basta fazer o cadastro no site e informar se você precisa de ajuda ou deseja ajudar. A colaboração pode ir desde fazer compras no supermercado ou na farmácia até passear com o cachorro, por exemplo. Tudo gratuito para que as pessoas continuem saindo o mínimo possível de suas casas.
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Ribeirão Preto tem força-tarefa para fazer os testes de Covid-19 na cidade
O Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto, que abriga 74 empresas, está lançando uma iniciativa para viabilizar um espaço para a realização de testes de detecção do coronavírus, que atualmente são enviados ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e demoram até três semanas para ficar prontos. O Supera Parque está fornecendo a estrutura física de seus laboratórios, que estão sendo adaptados e transformados para servirem de locais onde as análises serão realizadas, e está organizando uma campanha par captar doações para a compra de insumos e reagentes.
“A intenção é direcionar a testagem para uma parcela da população mais vulnerável social e economicamente. Dessa forma, reduziremos a sobrecarga no sistema de saúde”, diz Saulo Rodrigues, gerente da Supera Incubadora de Empresas de Base Tecnológica. “Os laboratórios não estão dando conta da demanda”, explica Marcos Santos, CEO da Onkos, uma das empresas sediadas no complexo. Outro benefício direto é a redução expressiva do tempo entre a coleta e o resultado, que vai diminuir para dias. “Queremos testar o máximo de pessoas nesse momento, pois sabemos que é uma das estratégias mais eficazes para reduzir a proliferação do vírus na população”, complementa Santos
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MAIS
– A Pixit Soluções Digitais e a Axonn Health Tech lançaram a CoronaBr, que reúne informações sobre a Covid-19 e tem como destaque um enfermeiro digital chamado Pedro. Criada com a colaboração do médico infectologista Lucas Chaves, o serviço busca esclarecer a população sobre a prevenção e tratamento pós-contágio. Com base em perguntas sobre os sintomas, o robô ajuda o usuário a entender se pode ou não ter sido infectado pelo coronavírus. As perguntas são analisadas e o enfermeiro sugere o tratamento em casa ou faz a recomendação de buscar auxílio médico – a plataforma reforça que as sugestões são análises e não diagnósticos;
– A aceleradora Darwin Startups recebeu um aporte da empresa de tecnologia para o setor de serviços financeiros Sinqia. A intenção da empresa – que investiu cerca de 2,5% de seu faturamento para as áreas de P&D de software e, este ano, planeja destinar R$ 3,5 milhões a mais para investimentos em inovação – é “se conectar com o futuro do mercado financeiro”. A Darwin é focada em apoiar startups nacionais das áreas de fintech, insurtech, Big Data e analytics, bem como TI e telecomunicações. A Sinqia se junta ao grupo existente de parceiros corporativos da aceleradora, que inclui a B3, Grupo J.Safra, RTM e TransUnion;
– A Petrobras anunciou que vai direcionar parte da sua capacidade de processamento de computadores de alto desempenho (HPC) – os chamados “supercomputadores” – para colaborar com pesquisas de combate ao coronavirus, em parceria com o departamento de Química da Universidade de Stanford, nos EUA. O objetivo é contribuir com o Projeto Folding@home, coordenado pela instituição, que se dedica a estudar como o coronavírus se comporta no corpo humano e como a doença evolui, a partir da interação das proteínas virais, abrindo caminho para o desenvolvimento de medicamentos e vacinas. Entre outros avanços, esse projeto já ajudou a identificar, por exemplo, a estrutura da proteína que conecta o Covid-19 às células humanas.
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