O Apto, plataforma online que conecta construtoras e empreendimentos a potenciais compradores de imóveis novos, registrou um crescimento de 28% no faturamento em julho deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já no consolidado de julho e agosto de 2020, o aumento foi de 43% em relação a 2019. O desempenho é maior do que os 20% de incremento nas vendas registrado no levantamento da BRAIN Inteligência Corporativa junto à Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) entre junho e julho deste ano.
Fundada em 2015 por Alex Frachetta, a startup funciona como um shopping de residências recém-lançadas, em processo de apresentação da planta ou prontas para morar em diversas regiões do Brasil – como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Goiânia e Curitiba – de mais de 100 construtoras, entre elas, Cyrela, Trisul e Even. O número de contratações, ou seja, de imóveis disponíveis na plataforma, também aumentou: só em julho, esse incremento foi de 31%. Atualmente, são 2.363 empreendimentos, que somam cerca de 7 mil tipos diferentes de unidades.
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No primeiro semestre do ano, a empresa lançou algumas ferramentas apoiadas em tecnologia para facilitar a busca dos consumidores. Uma delas é o comparador, que mostra até três projetos na mesma tela, permitindo contrapor características como o estágio da obra, localização, preço e os diferenciais de cada um, como áreas de convívio e lazer. Outra foi o chatbot que presta serviço 24 horas tanto para compradores quanto para os anunciantes de imóveis.
“Nós já temos o Vince, nosso consultor virtual imobiliário que atende o público por e-mail, e também disponibilizamos um chat que conecta os compradores diretamente com as construtoras, incorporadoras e imobiliárias. No entanto, essa nova ferramenta é um sistema de mensageria próprio, com inteligência artificial, que tem como objetivo orientar o usuário de forma rápida e objetiva para que ele encontre o imóvel ideal”, explica Alex Reis, gerente de marketing do Apto.
Outra inovação foi o tour 3D, que permite que os usuários da plataforma vejam o imóvel decorado sem precisar sair de casa. Essa, inclusive, é uma tendência que, ao que tudo indica, veio para ficar, tanto no caso dos marketplaces do segmento quanto das próprias construtoras e incorporadoras. A Banib Conecta, plataforma que oferece a ferramenta, registrou alta de 95% no número de visitas, alcançando mais de 412 mil acessos no primeiro semestre de 2020. O CEO da empresa Renato Rodrigues afirma que a pandemia influenciou uma nova cultura de mercado na busca por imóveis, trazendo mais notoriedade para os tours virtuais, que se tornou frente importante para a vistoria de imóveis em meio ao distanciamento social.
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“Esse novo modelo de visita fez muito bem ao nosso negócio, pois trouxe mais comodidade, acelerou o processo de decisão do cliente, aumentou a produtividade dos corretores, economizou tempo, dinheiro e também ajudou na visibilidade e no conceito da nossa imobiliária”, diz Alexandre Rodrigues, fundador da JD Brokers, que usa a ferramenta da Banib Conecta. Os imóveis da empresa receberam mais de 2 mil acessos e quatro deles, de alto padrão, tiveram seus negócios concretizados com o auxílio do tour virtual, totalizando R$ 12 milhões em vendas.
ALÉM DO TOUR VIRTUAL
“A crise gera novas oportunidades e mostra que as vendas também podem acontecer no ambiente virtual, desde que haja confiança e credibilidade entre as partes. Muitas negociações são feitas de maneira 100% digital, a partir da tríade tecnologia, transparência e boas informações”, diz Leonardo Paz, CEO do marketplace Imovelweb, que na primeira semana de abril já havia registrado 19% mais buscas do que na quarta semana de março.
A pandemia de Covid-19 e o consequente isolamento social impactaram fortemente o setor imobiliário, principalmente no início. No entanto, algumas empresas foram muito ágeis em encontrar soluções capazes de derrubar as barreiras físicas e adaptar o processo de compra ao novo cenário. Além dos tours virtuais, lançamentos digitais, vendas online, drones para captação de boas imagens, automatização de processos e investimento em marketing digital passaram a fazer parte da rotina dessas empresas.
MRV, Tenda, Direcional, Cyrela, Tecnisa e Trisul, entre outras, iniciaram ou ampliaram suas iniciativas de vendas por meio de plataformas digitais. A MRV, que tem grande parte de seus negócios concentrados em imóveis que se encaixam no programa Minha Casa Minha Vida, estava, no início do ano, conduzindo um projeto piloto de vendas online em Belo Horizonte que, com a pandemia, foi ampliado para as 160 cidades nas quais atua.
Já a mineira Brasal Incorporações lançou, ainda no primeiro semestre, um aplicativo de relacionamento com várias soluções digitais que tornaram a comunicação e o atendimento mais ágeis e personalizados para os moradores. A Direcional, sediada em Belo Horizonte, constatou que uma parcela significativa dos contatos entre novos consumidores e corretores de imóveis ocorria pelo WhatsApp. Com base nessa informação, desenvolveu uma solução de atendimento específica por esse canal, que se tornou a principal interface de relacionamento.
Enquanto isso, a construtora AP Ponto garantiu a entrega das chaves dos compradores de unidades de seu empreendimento Ponto Lótus, em Uberlândia (MG), com o uso de drones. Os dispositivos saíram do condomínio e foram até as casas dos clientes. “A conquista da casa própria é um dos momentos mais desejados pela população brasileira e sempre proporcionamos uma experiência única na entrega de chaves. No cenário atual, propusemos uma solução capaz de manter essa experiência sem comprometer a emoção e sentimento de realização dos clientes”, explica Evelise Canali, sócia da Mageda Transformação Digital, responsável pelo desenvolvimento da tecnologia.
A Vitacon aproveitou o momento e digitalizou todo o processo de venda – desde os estandes virtuais até a conclusão efetiva da operação, passando pela assinatura de contrato e lavratura da escritura de forma online, por meio de videoconferência e assinatura digital. “A virada que a tecnologia traz para o setor é uma mudança de paradigma: saem o papel, o carimbo e a burocracia, entram o bom senso, a eficiência e a assinatura digital. Definitivamente é uma novidade que veio para ficar”, afirma Alexandre Frankel, CEO da incorporadora.
OUTRAS INOVAÇÕES NO SETOR
Além da experiência de compra, outras inovações estão sendo adotadas pelo setor. A Yuny Incorporadora, por exemplo, responsável por empreendimentos em São Paulo e no litoral paulista, desenvolveu um novo formato de manual do proprietário que permite algo inédito: o cliente agora consegue ver, como se fosse em um raio-X, a infraestrutura instalada no interior das paredes do imóvel. A iniciativa é fruto da parceria com a InBuilt, startup que desenvolve projetos de realidade aumentada para o setor de construção civil.
A iniciativa nasceu da necessidade de simplificar o acesso dos proprietários às plantas dos imóveis, permitindo que qualquer pessoa consiga facilmente identificar os projetos de hidráulica, elétrica e outras informações estruturais relativas ao empreendimento, como modelos e especificações de cubas e metais instalados no ambiente. A parceria foi feita por meio do YunyLab, unidade de negócios responsável pelos projetos de inovação da incorporadora.
Outra novidade é que, na última semana, a cidade de São Paulo passou a adotar o sistema Aprova Digital para avaliar todos os pedidos de novas obras e reformas em empreendimentos imobiliários da capital paulista. A tecnologia foi doada à Secretaria Municipal de Licenciamento (SEL) pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), o Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e o Sindicado da Construção Civil (Sinduscon-SP).
“A digitalização do licenciamento deve atrair novos investimentos para a cidade, agora que tecnologia vai tornar o processo mais rápido. As incorporadoras ganham em agilidade na avaliação de projetos, enquanto a prefeitura ganha com menos burocracia para dinamizar uma das principais atividades econômica da cidade. Acredito essa mudança será importante para a cidade a se recuperar do impacto da pandemia de Covid-19”, afirma Luiz Antonio França, presidente da Abrainc.
O CEO do Apto espera um segundo semestre acelerado. “O mercado imobiliário foi obrigado a não lançar novos empreendimentos nesse primeiro semestre, porém, diferente de uma recessão econômica, espera-se que a retomada seja rápida, porque o desejo e a capacidade de comprar um imóvel novo continua existindo. Por isso, as construtoras vão lançar o máximo possível do que estava planejado no começo de 2020. O que não for possível ainda neste ano, ficará para o começo de 2021, talvez já nas primeiras semanas, afinal o Carnaval foi cancelado”, diz Alex Frachetta.
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