A empresa de dados Databricks já arrecadou US$ 1 bilhão em financiamento antes mesmo de um possível IPO em um futuro próximo. A empresa se torna ainda mais valiosa com os investimentos e apoio da elite empresarial formada pela Amazon, Google, Microsoft e Salesforce.
Franklin Templeton liderou a rodada de financiamento da série G, que em uma avaliação pós-dinheiro avalia a Databricks em US$ 28 bilhões. Outros investidores com credenciais de mercado público que se juntaram ao movimento foram Canada Pension Plan Investment Board, Fidelity e Whale Rock Capital. Do ponto de vista estratégico, é raro ver todos os quatro titãs da nuvem apoiando uma startup do setor. Amazon Web Services, CapitalG, Alphabet e Salesforce Ventures estão apoiando a Databricks pela primeira vez, enquanto a Microsoft se junta a outro grupo de investidores, que inclui BlackRock, Coatue, T. Rowe Price e Tiger Global.
A notícia da rodada de financiamento foi relatada pela primeira vez por Eric Newcomer.
A Databricks planeja usar esses fundos para acelerar sua presença internacional, afirma o CEO, Ali Ghodsi. Esse tipo de investimento é caro, diz Ghodsi, e exige que as empresas se adaptem às regulamentações de dados locais e aos requisitos de armazenamento, ao mesmo tempo em que localizam o produto e formam uma equipe local. “Isso nos permite acelerar e ser agressivos nesses grandes mercados. É quase como começar a empresa de novo”, afirma.
O financiamento chega em um momento em que a empresa, que fornece análise de dados e ferramentas de IA, ultrapassa US$ 425 milhões em receita recorrente anual, um crescimento de mais de 75% ano a ano. A Databricks foi criada por um grupo de acadêmicos e pesquisadores da Universidade da Califórnia e baseada na Apache Spark, uma ferramenta analítica de código aberto. A maioria dos mais de 5.000 clientes são pequenos, mas a maior parte da receita vem de empresas como Comcast, Credit Suisse, Starbucks e T-Mobile. Eles usam a Databricks como o que Ghodsi chama de “casa do lago de dados”, uma data warehouse ou “lago de dados” tradicional, com um “twist”. As empresas podem armazenar dados estruturados e não estruturados dentro da Databricks e, em seguida, colocar ferramentas de business intelligence ou de aprendizado de máquina.
Recentemente, a Databricks abriu sua receita para diferentes usos em sua plataforma, como ciência de dados e análise de negócios, no formato de verticais separadas. Isso também explica por que a Databricks, mesmo com uma avaliação de US$ 28 bilhões, preferiu permanecer fechada por enquanto. Ghodsi relembra quando a empresa lançou uma ferramenta de gerenciamento de dados chamada Delta. O produto foi lançado para os clientes sem custo adicional, o que prejudicou os números no curto prazo, mas gerou ganhos no longo prazo. “Por enquanto, estamos bem em sermos privados e estamos tentando tirar o máximo dessas estratégias antes de abrirmos o capital”, diz Ghodsi.
A avaliação da Databricks marca a empresa como uma das maiores no setor privado e de maior valor em tecnologia. É quase tão grande quanto o serviço de monitoramento em nuvem Datadog é comercializado. Equivale também a cerca de um terço da capitalização de mercado da Snowflake, que está promovendo sua própria “nuvem de dados” e que possui uma capitalização de mercado de US$ 80 bilhões após o maior IPO de software de todos os tempos. Ghodsi diz que a rodada da Databricks teve excesso de inscrições, que os investidores foram informados de que eles deveriam cortar suas alocações e que a empresa poderia facilmente ter levantado US$ 35 bilhões. “Eu deixei algumas avaliações sobre a mesa em todas as rodadas”, diz o CEO. “Por ser um jogo de longo prazo, é desejável que acionistas de longo prazo permaneçam na empresa após a abertura do capital.”
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A Databricks tem a intenção de superar a Snowflake, que começou com o armazenamento de dados, um setor adjacente ao mundo de TI. Isso pode ser esquisito para os investidores mútuos das empresas – Franklin Templeton e Salesforce Ventures apoiaram ambos. O diretor administrativo da Franklin Templeton, Jonathan Curtis, diz que cada uma tem suas próprias áreas de força, em uma realidade de mercado em que nem sempre o vencedor leva tudo. “Não há outros fornecedores de ponta a ponta em um mercado tão grande que estão indo tão bem quanto a Databricks. Quando surgiu a oportunidade de investir neles, decidimos ir com tudo”, afirma Curtis. É aí que os fornecedores de nuvem estratégica se tornam importantes para coroar um campeão de longo prazo: enquanto a Snowflake e outros trabalham em estreita colaboração com os maiores provedores de nuvem, poucos podem dizer que têm o apoio de todos os quatro de uma vez, possibilitando a Databricks a estabelecer relações de confiança com todas essas grandes empresas.
Sempre que Ghodsi decidir iniciar um IPO, a empresa precisará fazer mais para conectar sua visão técnica de futuro com a realidade empresarial atual. Ghodsi admite que em muitas empresas a inteligência artificial não se mostrou útil e que até mesmo as ferramentas de análise de dados podem não corresponder às expectativas. “A verdade é que IA é apenas um espectro. Você pode ir muito longe com insights de dados básicos e eles não precisam ser máquinas automatizadas de aprendizado”, explica. “Com isso, é possível ter a extremidade realmente avançada do espectro, que é o aprendizado de máquina em produção.”
Quando questionado se sua visão de longo prazo de negócios movidos a IA ainda está muito longe do presente, Ghodsi recuou e disse que uma das principais empresas de cartão de crédito já tem mais de 80 casos de uso distintos para as ferramentas da Databricks em operação. “O futuro acontece mais rápido do que as pessoas pensam. Elas olham para trás e dizem ‘não consigo acreditar no mundo em que vivemos agora, em comparação com dez anos atrás.’ E as grandes empresas são as que apostam nessas tendências seculares.”
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