Com menos de quatro anos de operação, a Loft acaba de receber o maior aporte de uma startup brasileira da história. O investimento de US$ 425 milhões, aproximadamente R$ 2,3 bilhões, foi liderado pelo fundo norte-americano D1 Capital e contou com a participação de, pelo menos, uma dezena de outras instituições de venture capital e private equity como, por exemplo, Tiger Global, Andreessen Horowitz, Silver Lake e Monashees.
A série D da Loft desbancou o aporte de US$ 400 milhões levantado pelo banco digital Nubank no início deste ano com os fundos GIC, Whale Rock e Invesco. Além desse feito, o montante investido na plataforma de compra e venda de imóveis fez com que a proptech chegasse a um valor de mercado de US$ 2,2 bilhões, consolidando ainda mais o seu status de unicórnio, conquistado no início de 2020, após captar US$ 175 milhões na rodada de série C.
O cofundador e CEO da Loft, Mate Pencz, em entrevista exclusiva à Forbes, diz que tanto o aporte quanto a atual avaliação da empresa foram consequência de um ano de crescimento para a plataforma. Os principais fatores de sucesso, segundo ele, foram a intensificação da cultura do e-commerce no Brasil, assim como a possibilidade de comprar imóveis de maneira 100% digital em um momento de restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
A movimentação financeira pode representar um primeiro passo da Loft para um IPO (Oferta Inicial de Ações, em português), ainda que em uma realidade mais distante e não descartada. “A maioria dos investidores que entraram nessa rodada não investem em empresas privadas. O foco deles está mais em companhias públicas”, diz Pencz. “Eles estão colocando um pé forte na Loft que, na visão deles, deveria ser em médio ou longo prazo uma empresa de capital aberto.”
SEM FRICÇÃO À LA AMAZON
Com o caixa cheio, a palavra de ordem é investir grande parte dos US$ 425 milhões na criação de novas funcionalidades da plataforma, assim como no incremento da experiência do usuário. Segundo Pencz, cerca de 95% do foco da Loft está em buscar novas oportunidades para fortalecer o seu negócio principal: a venda e compra de imóveis pela plataforma.
Durante a entrevista à Forbes, o CEO da Loft revelou qual é sua inspiração para os próximos anos: a gigante do varejo Amazon. Embora pertencentes a diferentes ramos de atuação, a proptech quer replicar a facilidade de compra desenvolvida pela companhia criada pelo homem mais rico do mundo, Jeff Bezos. “Comprar alguma coisa na Amazon é uma experiência extremamente prazerosa”, diz. “Já no mercado imobiliário, essa experiência não é igualmente positiva.”
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O processo de compra e venda de imóveis é moroso e, quase sempre, burocrático. De acordo com Pencz, há mais de 180 etapas entre a intenção de se adquirir um apartamento até a mudança. A perspectiva é de que, com investimento, essa jornada seja cada vez mais digital. “Nós já conseguimos comprimir muitas etapas desse caminho”, afirma. “[Queremos] deixar tanto o vendedor, quanto o comprador mais feliz e tirar a fricção, fazendo a experiência mais feliz, transparente e agradável.”
EXPANSÃO DO PORTFÓLIO
Para conseguir crescer mais, o aporte não será destinado apenas à tecnologia e construção de novas formas de digitalizar o processo de compra de imóveis. A Loft quer levar o serviço para mais três capitais brasileiras até o final deste ano. Os municípios não foram escolhidos por enquanto.
Por ora, a empresa atua apenas nas cidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Os vendedores dessas duas capitais do sudeste são responsáveis por, aproximadamente, 15 mil imóveis no portfólio da plataforma. Em menos de um ano de operação no modelo marketplace, a proptech cresceu 15 vezes no número de unidades disponíveis para a compra.
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Segundo Pencz, também há planos de levar o modelo e a tecnologia da Loft para outras capitais e regiões metropolitanas da América Latina. No entanto, essa movimentação ficará para um futuro mais distante. “Todos os investidores que apostaram na gente nesta rodada enxergam um potencial de disrupção na região como um todo”, afirma. “Eles não estão apostando que nós faremos a diferença apenas no Brasil.”
AQUISIÇÕES FICAM PARA DEPOIS
Em 2020, a Loft saiu às compras e levou três empresas para dentro de casa. A primeira foi a empresa de pesquisa de mercado Spry, em fevereiro. Cinco meses depois, a compra da vez foi da startup de locação flexível Nomah. Por fim, em setembro, mais uma transação: a plataforma de crédito imobiliário Invest Mais foi integrada à operação da proptech.
Embora mais aquisições não sejam descartadas em 2021, a Loft deve ser mais minuciosa quando sair em busca de potenciais empresas parceiras de negócio. “Vamos usar os M&As como ferramenta, mas vai ser uma operação mais cirúrgica”, afirma Pencz. “Teremos caixa para transações maiores e estamos sempre de olho.” Segundo ele, há um time interno na Loft que monitora o mercado à procura de novos negócios.
O perfil das empresas pelas quais a Loft tem interesse permanece o mesmo. “O objetivo [de comprar outras companhias] é complementar o nosso negócio principal”, diz Pencz. “Certamente faremos novas aquisições, mas isso é secundário.”
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