A startup Casai estreia hoje (4), oficialmente, suas operações no Brasil. Criada na Cidade do México no início de 2019, a proptech de hospedagem inteligente recebeu financiamento equivalente a mais de R$ 300 milhões em duas rodadas que envolveram investidores do porte de Monashees Capital, Kaszek Ventures e Andreessen Horowitz, e, desse total, pretende destinar R$ 100 milhões nos próximos anos a seu processo de expansão, que começa por aqui.
À frente das operações está Luiz Eduardo Mazetto, que deixou a Monashees no início do ano passado já com o objetivo de planejar a entrada da Casai em território brasileiro. O executivo, que desejava diversificar sua atuação profissional com uma visão mais focada no empreendedorismo, escolheu a proptech por se identificar com o negócio, já que os avós, imigrantes italianos, eram proprietários de um hotel em Araras, no interior de São Paulo.
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“A proposta da Casai surgiu da decepção de um dos fundadores com a falta de padrão nos apartamentos onde costumava se hospedar”, conta Mazetto, referindo-se a Nico Barawid, que atualmente ocupa a posição de CEO do negócio. “Ele teve inúmeros problemas em suas hospedagens, que vão da ausência de wi-fi à falta de manutenção dos banheiros, que o levaram a almejar uma consistência nos imóveis que estivessem à altura do conforto proporcionado pelos hotéis e da flexibilidade dos apartamentos.”
A solução encontrada por Barawid passa por uma plataforma que disponibiliza apartamentos exclusivos, com design único e funcionalidade smart home, 100% conectados e gerenciados por meio de dispositivos, equipados para estadias curtas ou prolongadas. Atualmente, são cerca de 400 unidades disponíveis, 300 na Cidade do México e 100 em São Paulo. “A Casai – que significa casa inteligente – surgiu como uma empresa de tecnologia focada na hospitalidade”, diz Mazetto.
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O brasileiro explica que a startup faz uma curadoria rigorosa para que os hóspedes saibam exatamente o que vão encontrar ao optarem por uma das unidades da plataforma. Por meio de algoritmos e inteligência de dados, a startup detecta os locais com maior procura e, com base neles, mapeia potenciais unidades. Em seguida, entra em contato com os proprietários – que podem tanto ser pessoas físicas quanto construtoras, incorporadoras ou fundos de investimentos imobiliários – e fecha o modelo de negócio, de acordo com o que melhor atenda ao perfil de risco do dono do imóvel. A Casai pode, por exemplo, ficar responsável por toda a operação da unidade e, para isso, cobrar uma taxa mensal, ou pode alugar o imóvel por um valor fixo.
“Isso depende do proprietário, mas, qualquer que seja o modelo, há um aumento de rentabilidade, já que usamos a tecnologia para arbitrar os preços entre os aluguéis tradicionais e os valores variáveis cobrados pela hospitalidade como serviço”, explica Mazetto. “Além disso, o proprietário não tem dor de cabeça. Cuidamos de tudo, da manutenção à gestão dos hóspedes, passando pelo marketing e pela adaptação das unidades ao nosso padrão. Ele só recebe o dinheiro no fim do período de hospedagem.”
PADRONIZADOS, PORÉM ÚNICOS
Mazetto explica que muitos itens são padronizados para que as pessoas tenham referência do nível de hospedagem oferecido pela Casai. Entre eles, estão amenities Granado, máquinas de café expresso, acesso inteligente sem chave e a tecnologia proprietária Butler, um sistema desenvolvido pela startup que permite que o hóspede controle, via aplicativo, toda a experiência interativa no interior do apartamento e tenha suas solicitações respondidas remotamente. Porém, ao mesmo tempo, a plataforma aposta em elementos únicos capazes de fazer os inquilinos se sentirem como cidadãos locais, como obras de artistas do país, apoio de concierges habilitados a resolver os mais variados tipos de demandas e guia de atrações.
“Tudo isso acaba fidelizando o cliente, o que, para algumas cidades onde a recorrência é grande, como São Paulo, é fundamental”, explica Mazetto, que enxerga em seu público-alvo tanto executivos em viagens rápidas a trabalho como hóspedes locais interessados em permanências mais longas sem nenhum tipo de preocupação. “As unidades são preparadas para receber bem em ambas as situações.”
Segundo ele, no entanto, existe um desafio que passa pela adaptação à demanda local no caso da expansão. “O nosso próximo mercado, que muito provavelmente será o Rio de Janeiro, vai nos confrontar com características diferentes das de São Paulo”, diz ele, explicando que, neste momento, o principal público no Brasil passar majoritariamente pela população doméstica – a plataforma está em testes por aqui desde o fim do ano passado, com algumas unidades-piloto.
“Percebemos, neste período, que 80% dos nossos hóspedes são cidadãos locais, que aproveitaram a pandemia para se mudar para um lugar temporário para ficar mais perto da família ou porque estavam reformando seus lares. Outros exemplos são habitantes de fora de São Paulo interessados em passar um fim de semana na capital, trabalhadores em home office que optaram por mudar de ares e até artistas e influenciadores que usam os nossos espaços para a produção de conteúdo”, conta, revelando que a startup triplicou de tamanho nesse intervalo de tempo e manteve uma taxa de ocupação em torno de 90% em suas unidades da capital paulista, localizadas em bairros nobres, como Vila Olímpia, Pinheiros, Jardins e Itaim Bibi. “Já no México, por causa da proximidade com os Estados Unidos, há um mix maior de turistas domésticos e internacionais.”
Segundo Mazetto, a proposta da Casai vai diretamente ao encontro das necessidades aceleradas pela pandemia, já que todo o check in pode ser feito de forma automatizada, sem contato humano, e as unidades estão aptas para atender às exigências atuais das pessoas por espaços que ofereçam funcionalidade e conforto para trabalhar e morar ao mesmo tempo. “Esse cenário, aliado à tendência crescente dos nômades digitais, mostra o potencial deste mercado.”
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