Em janeiro deste ano, o Nubank atraiu, em uma rodada Série G, US$ 400 milhões. O destino do dinheiro? Expansão das operações no México e Colômbia. A partir deste momento, também começou uma nova fase da área de tecnologia do banco. Até então, a fintech, que está às vésperas de um IPO, havia registrado 34 milhões de usuários no Brasil, número que triplicou desde 2019. Em abril, Matt Swann, que havia passado por empresas como Amazon e Booking, assumiu como CTO. Seu desafio? Manter o ritmo de hyper growth, ou hiper crescimento, da plataforma de serviços financeiros.
“Queremos criar um ambiente onde os desenvolvedores possam construir e não gastar ciclos desnecessários em tarefas que podem ser automatizadas ou desviar a atenção da criação de valor para o cliente”
Além das operações no Brasil, Matt passou a ter sob sua responsabilidade as expansões do cartão no México e Colômbia e os escritórios de engenharia na Argentina, Alemanha e Estados Unidos. Ele recebeu a “benção” do ex-CTO Ed Wible, cofundador do Nubank ao lado de David Veléz e Cristina Junqueira e o cérebro de tecnologia por trás da história do banco. “Matt agrega um enorme repertório de experiência em domínios técnicos e uma expertise em desenvolvimento em larga escala que poucos líderes no mundo possuem. Estou animado em dar as boas-vindas ao Matt. Tenho certeza que ele vai fortalecer nossa equipe e nos ajudar a seguir crescendo e superando complexidades e desafios que têm aumentado à medida que ampliamos nossa base de clientes e nosso portfólio de produtos”, disse Ed, à época.
Quase oito meses depois, Matt lidera a tecnologia do banco em um momento ainda mais importante já que o Nubank espera levantar mais de US$ 3 bilhões em seu IPO. Em entrevista exclusiva à Forbes Brasil, ele destacou: “atuar como CTO, em especial neste momento da empresa, é um desafio motivador”. “A cultura, aqui, é sobre usar a tecnologia para melhorar a vida financeira de milhões de pessoas. Neste momento, estou focado em continuar trabalhando em nossa estratégia de talentos, criando times estruturados e diversos, além de continuar desenvolvendo nossa plataforma, garantindo escalabilidade e aprimorando processos. Quero que o Nubank ofereça o melhor produto digital com talentos de engenharia de ponta e seja o lugar mais desejável para se trabalhar”, afirma.
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A premissa do Nubank, de ser uma empresa de tecnologia que desenvolve soluções simples, de acordo com Matt, é refletida em uma dinâmica cada vez mais versátil. “Estamos desenvolvendo nossas tecnologias, explorando linguagens funcionais e projetos de código aberto para oferecer novos produtos e serviços, utilizando a tecnologia como um pilar fundamental para dimensionar nossa demanda por produtos convenientes e gratuitos, alinhadas ao objetivo de apoiar a inclusão financeira na América Latina”, explica.
“É necessário tomar decisões difíceis para garantir que se está alimentando a velocidade e o crescimento de curto prazo com novos produtos e recursos. Ao mesmo tempo em que assumimos compromissos com projetos que proporcionam alavancagem e qualidade de longo prazo, como plataformas e governança. Quando você tem uma cultura como o Nubank, centrada no cliente, orientada por dados e colaborativa, a tomada de decisões se torna muito mais fácil”, explica.
Sobre cultura de inovação, Matt acredita que todas as empresas devem ter um objetivo comum: facilitar a vida dos usuários por meio da tecnologia. “O recurso é utilizado para contribuir com vantagem competitiva e agilidade de atuação no mercado. No Nubank, nossa cultura de inovação é construída a partir de uma combinação de tecnologias, princípios de liderança e mecanismos de inspeção. Aproveitamos tecnologias como serviços de nuvem gerenciados sob demanda, o que nos permite focar na entrega de produtos e serviços, com a confiança de que a infraestrutura é escalável e segura. Também aproveitamos princípios de liderança como abordagens canônicas com opções de tecnologia para nos ajudar a focar e ser mais eficientes.”
“Aproveitamos tecnologias como serviços de nuvem gerenciados sob demanda, o que nos permite focar na entrega de produtos e serviços, com a confiança de que a infraestrutura é escalável e segura”
Matt reforça a importância de desenvolver uma relação fortalecida com o ecossistema. “Queremos criar um ambiente onde os desenvolvedores possam construir e não gastar ciclos desnecessários em tarefas que podem ser automatizadas ou desviar a atenção da criação de valor para o cliente. A construção de sistemas distribuídos também permite que as equipes tenham mais autonomia e se movam com mais rapidez. Além disso, também aproveitamos mecanismos de inspeção, como revisões de design e arquitetura, para garantir que recebamos o melhor feedback e estejamos sempre aprendendo”, pontua.
“Estamos enfrentando um grande problema de apagão tecnológico em todo o mundo. Com o aumento significativo da demanda por serviços de tecnologia, o número de profissionais disponíveis no mercado para ocupar esses cargos tem se tornado cada vez mais latente, dada a dificuldade de formação de pessoas na mesma proporção onde eles são necessários. Acredito que ainda temos muito que avançar em termos de investimentos e recursos. Praticamente, não há nada mais importante do que investir no desenvolvimento de pessoas”, aponta.
“Estamos enfrentando um grande problema de apagão tecnológico em todo o mundo. Com o aumento significativo da demanda por serviços de tecnologia”
Por fim, sobre o futuro do Nubank e da área de tecnologia, Matt reforça: “nossa equipe de engenharia abraçou ideias de programação funcional e imutabilidade desde o início, juntamente com vários outros conceitos que nos permitiram acelerar a criação de novos recursos e projetos. Daqui para frente, acelerar a expansão tem tudo a ver com automação e reutilização de plataformas”. Questionado sobre o que um IPO pode acrescentar ao dinamismo de toda essa dinâmica, Matt manteve o protocolo: “não tenho nada a comentar sobre isso”.