Encontrar a exceção à regra. Está aí o grande desafio para quem joga o jogo do capital de risco. No fundo, estamos sempre em busca de empresas extraordinárias. Estruturar uma carteira de investimento pressupondo que vamos errar em muitas escolhas, e que os poucos acertos compensarão o todo, é algo que precisa ser tratado com muito cuidado. Especialmente para evitarmos os riscos de, em nome da diversificação, deixar de buscar as empresas raras, as que realmente valem a pena.
Tem muita responsabilidade na mesa em uma decisão destas, e são diversos os critérios que ajudam a guiar esta escolha. O potencial dos empreendedores, o diferencial do modelo de negócios, o fit com o mercado e a capacidade de escalar em um mercado potencial são alguns deles.
Um cenário que ganha uma nova dimensão agora, já que milhões de dólares estão disponíveis para os ecossistemas de inovação. Tanto para o investidor quanto para o empreendedor, ter um alinhamento com a tese de investimento é o que vai decidir o aporte e o sucesso da operação. Até porque, quem investe não quer contribuir apenas financeiramente, mas, sim, poder transmitir a sua expertise para o negócio almejando o retorno que virá dele. A meta é somar para fortalecer a operação e tornar o negócio mais interessante.
Com o amadurecimento do ecossistema de inovação e o entendimento de que todos os setores da economia precisam estar próximos da vitalidade e da capacidade de criação e realização das startups, esse mercado está ficando cada vez mais interessante e sedutor. Mais startups estão se aproximando de movimentos de abertura de capital, M&A ou de se tornarem unicórnios. O ano terminou aquecido e assim deve seguir esse ano para o ecossistema de inovação brasileiro e global.
No Brasil, deveremos ver crescer em 2022 o volume das chamadas Emerging Giants, startups que já estão consolidadas no mercado, lucrativas, com soluções que atendem dores do mercado e que já passaram pela experiência de outras rodadas importantes de investimentos. Ou seja, estão próximas de se tornarem gigantes.
No Brasil, as emerging giants são lideradas pelas fintechs (27,6%), seguidas pelas adtechs (12,4%), retailtechs (10,5%), healthtechs (5,7%), edtechs (5,7%) e rhtechs (4,8%). Os dados fazem parte do levantamento das “Emerging Giants”, produzido por KPMG e Distrito, a partir da análise de 105 Emerging Giants brasileiras. Essas operações estão na região Sudeste do Brasil (78,1%), Sul (18,1%), Nordeste (1,9%) e Centro-Oeste (1,9%). Atuam há pelo menos sete anos no mercado e 40% delas têm entre 100 e 200 funcionários. Desde 2011, segundo o levantamento, já receberam mais de US$ 1,3 bilhão de aportes.
São empresas que cumprem um papel cada vez mais fundamental: transformar setores tradicionais e prepará-los para o século XXI. A tendência é esse mercado ganhar ainda mais impulso. Os investidores estão de olho no Brasil. O mês de novembro foi o maior em investimentos feitos em startups brasileiras no semestre, alcançando US$ 809,9 milhões, conforme dados da Distrito. Em 2021, o total chegou a US$ 8,85 bilhões até o penúltimo mês do ano, o triplo do registrado em 2020.
A América Latina é considerada uma das mais promissoras regiões para os próximos anos. Exemplo disso é o movimento realizado em setembro do ano passado pelo SoftBank Group Corp, que anunciou um compromisso inicial de US$ 3 bilhões para lançar o SoftBank Latin America Fund II, destinado US$ 8 bilhões para a região. E não foi por acaso. Foi uma decisão baseada no sucesso do seu fundo inaugural na região, de US$ 5 bilhões.
A presença massiva dos investidores no mercado latino-americano está dando o tom dessa evolução que estamos vendo. Os fundos de capital de risco ganham mais dinheiro, justamente, quanto mais as empresas presentes na sua carteira vão se fortalecendo e se tornando valiosas.
Muitas outras organizações, com atributos similares, surgiram antes da Apple, Google, Instagram, Twitter, Uber. Mas não usaram a sua tecnologia ou modelo de negócio para, realmente, criar algo inteligente. Não eram organizações raras. E você, o que pretende fazer para tornar a sua empresa um negócio de exceção em 2022?