O Inovabra Habitat, misto de coworking com hub de inovação para startups do Bradesco, completa quatro anos neste mês de fevereiro. Desde que apostou em conectar empresas com startups e inserir nessa dinâmica também sua estrutura, o banco mudou de forma significativa os processos de inovação e transformação digital.
Renata Talarico Petrovic, head do Inovabra Habitat e Open Innovation do Bradesco, contabiliza que, desde que o hub existe, mais de 130 provas de conceito foram desenvolvidas pelos funcionários do banco, além de mais de 31 startups contratadas.
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“O inovabra habitat foi criado para incentivar a geração de negócios, estimular a cultura de inovação e acelerar as jornadas de transformação digital e cultural. O ambiente é hoje responsável por trazer inteligência e oportunidades de inovação do ecossistema que acelerem ou complementem o portfólio de soluções do banco”, explica a executiva.
Isso se dá, de acordo com Renata, não só pelos negócios diretos feitos com as startups, mas também pelo contato dos profissionais do banco com o ecossistema. “Além disso, é o epicentro da transformação cultural dos funcionários que têm interação constante com o empreendedorismo por intermédio de eventos, apresentação de startups e atividades de coinovação”, explica.
Renata detalhou, à Forbes Brasil, o atual cenário do ecossistema de startups no Brasil além das principais demandas vindas por meio do Inovabra Habitat.
Os recordes de investimentos em startups
“O ano de 2021 foi um marco no mundo de investimentos em startups superando a marca dos US$ 620 bilhões, segundo o relatório State of Venture 2021, lançado neste mês pelo CB Insights. Já no Brasil, o valor total investido cresceu mais de 300%, atingindo um recorde histórico de US$ 11,25 bi distribuídos por mais de 500 rodadas. O setor financeiro foi o mais ativo, mas os segmentos de varejo, logística, planos de saúde, imóveis e educação também se tornaram muito atraentes a investimentos e aquisições.”
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Novas demandas das empresas
“Para responder às novas demandas que têm surgido, as empresas tiveram que se reinventar. Desenvolver soluções ‘dentro de casa’ pareceu não ser mais o suficiente. Inovar deixou de ser opcional, tornou-se uma necessidade ou condicionante para a sobrevivência de empresas no mercado. O aumento do endividamento das pessoas e das empresas, a recessão econômica e as quedas no consumo das famílias requerem produtos mais baratos. O crédito precisava ser mais dinâmico, acessível e adequado às necessidades de cada cliente, tanto PF como PJ. Não havia tempo para desenvolver soluções, então, várias instituições financeiras decidiram adquirir soluções prontas ou investir em startups que já traziam produtos (na prateleira) para serem comprados, instalados e utilizados.”
Quais as premissas dessa relação?
“Os ambientes de inovação acabam sendo uma porta de entrada às oportunidades e soluções de startups para atender as demandas mencionadas acima. As empresas têm contratado startups ou investido através de suas áreas de Corporate Ventures, ou seja, muitas empresas têm buscado soluções por meio da inovação aberta. Os investimentos feitos por Corporate Ventures triplicaram entre 2020 e 2021. Complementar a isso, fazendo parte de uma comunidade através da filiação com hubs de inovação, as empresas trocam experiências e conhecimento, têm acesso a ferramentas e parceiros para alavancar suas estratégias de inovação e a transformação cultura dos seus funcionários.”
Indústrias em alta
“As FinTechs, de fato, lideram o acumulado de investimentos em startups nos últimos anos. Contudo, outros setores ganharam cada vez mais espaço: seguros, saúde, varejo, delivery, educação e imobiliário. Esses segmentos viram novas startups surgirem, se consolidarem e, até mesmo, virarem unicórnios. Observamos 10 unicórnios surgirem em 2021, sendo 4 RetailTechs, 2 LogTechs, 1 FinTech, 1 Criptoeconomia, 1 MarTech e 1 tecnologia. Enquanto isso, outros unicórnios receberam ainda mais aportes e passaram a adquirir ou investir em outras startups. Além disso, houve players mais “tradicionais” que optaram pela estratégia de inovação aberta por meio de aquisições. Boa parte das startups adquiridas por varejistas, por exemplo, atuam nos segmentos de e-commerce (RetailTech) ou de logística (LogTech). Um segmento que também surpreendeu foi o de PropTechs. Algumas startups passaram a expandir sua base de cliente e sua atuação geográfica também por meio de aquisições, após o recebimento de aportes milionários. Passaram a comprar imobiliárias, plataformas de gestão de condomínios e, em especial, a ofertar crédito imobiliário para financiamento e compra de imóveis sem recorrer a bancos.”