Recentemente, a Fingerprints DAO collection chegou ao Brasil com o objetivo de ser referência em contratos inteligentes para obras artísticas digitais com base em NFTs de músicas, ilustrações, filmes, grafites e outros formatos. A coleção, criada em 2021 pelo empresário Luiz Ramalho e o sócio Renato Shirakashi, traz em seu slogan a mensagem “Collecting Beautiful Code”, algo como colecionando um lindo código. O projeto se propõe a ser o maior hub de coleção de arte digital da América Latina em um mercado que já cresce consideravelmente, atraindo mais de 200 mil participantes com vendas em torno de US$ 3 bilhões só em agosto de 2021.
As obras artísticas, uma vez registradas no sistema da Fingerprints, tornam-se digitais, permitindo ao criador receber royalties sempre que o NFT é vendido e revendido. Antes da obra subir na plataforma para consulta e venda, é analisada por um comitê de curadoria e aquisição que vai avaliar os recursos utilizados na obra, o impulso conceitual e a estética.
LEIA TAMBÉM: Veja quais são as marcas de moda que já possuem NFTs
“Acreditamos que o contrato inteligente de arte é um dos desenvolvimentos artísticos mais significativos deste século e queremos ser referência neste mercado que ainda é pequeno”, afirma Ramalho, que, atualmente, possui uma coleção na plataforma avaliada em mais de 200 milhões de dólares, presente em vários países e com um catálogo com artistas em todos os continentes. Segundo dados do site NonFungible.com, que reúne informações do setor, o número de carteiras ativas de NFTs subiu 26% em relação ao quarto trimestre de 2021 e 159% ante os primeiros três meses de 2020, chegando a 142.863 no fim de março deste ano. Vale lembrar que uma pessoa pode ter mais de uma carteira desse tipo.
Forbes Brasil – O mercado de arte foi um dos percursores do NFT, mesmo antes de o assunto ganhar o mainstream, por que isso aconteceu e de que maneira que a arte está se reinventando com a tokenização?
Luiz Ramalho – De certa forma, quando comparado com as outras vertentes de NFTs como jogos, o mercado de arte era o mais “pronto” para ser tokenizado. Esse movimento começou com programadores que viraram artistas, mas cada vez mais vemos artistas e galerias tradicionais buscando entrar no mundo de NFT. Nossa visão é que o NFT não muda fundamentalmente a arte, é apenas um novo meio, uma nova ferramenta à disposição dos artistas, como a fotografia, o vídeo e o digital já foram no passado.
LEIA TAMBÉM: Por que a Reserva vai investir em NFTs? CEO e fundador explica
FB – Considerando as metas da Fingerpints, o que há de desafios neste momento, mas também o que vocês enxergam de oportunidades, sobretudo no Brasil?
Luiz – Nosso principal desafio é estabelecer uma ponte entre o mundo da arte tradicional e a Web3 e NFTs. Por termos uma coleção focada em obras de arte que utilizam a blockchain como meio e não apenas como ferramenta de registro, estamos mais bem posicionados para ser essa ponte entre os dois mundos. Já fomos convidados a fazer a curadoria de um leilão da Sotheby’s, e a Art Dubai. O desafio é mostrar para o mundo tradicional que existe arte interessante sendo criada nesse novo meio, e que dar preconceitos. Temos o privilégio de ter uma parte do time no Brasil, e queremos usar essa posição pra tornar o país um hub mundial desse novo mercado
FB – Do ponto de vista do artista, existe abertura para a tokenização, ou ainda existe a necessidade de um processo cultural para que o aumente a adesão?
Luiz – Ainda existe muita desinformação. A atitude de muitos atores dentro de NFT também não ajuda a imagem do mercado – passa uma impressão de imaturidade, de pessoas buscando um lucro rápido. No entanto, já existem diversos artistas consagrados que entraram nesse mundo: Tom Sachs, Damien Hirst, fotógrafos como o brasileiro Luiz Braga, dentre muitos outros.