Novas imagens feitas pelo telescópio espacial James Webb, da Nasa, foram divulgadas hoje (12). Elas mostram detalhes da nebulosa planetária chamada Nebulosa do Anel Sul, que antes estava escondida dos astrônomos. As nebulosas planetárias são as camadas de gás e poeira que algumas estrelas expelem à medida que morrem.
A revelação acontece um dia após uma prévia feita pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em que foi exibida uma imagem repleta de galáxias das profundezas do cosmos. O James Webb é o maior e mais poderoso observatório orbital já lançado.
O primeiro pacote de imagens coloridas e de alta resolução, que levou semanas para serem renderizadas a partir de dados brutos do telescópio, foi selecionado pela Nasa para fornecer imagens iniciais convincentes das principais áreas de investigação do telescópio Webb e uma prévia das missões científicas futuras.
“A poderosa visão infravermelha do Webb mostra a segunda estrela nesta nebulosa, juntamente com estruturas extraordinárias criadas à medida que as estrelas moldam o gás e a poeira circundantes. Novos detalhes, como esses dos estágios posteriores da vida de uma estrela, nos ajudarão a entender melhor como as estrelas evoluem e transformam seu ambiente”, disse a Nasa em comunicado à imprensa.
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As imagens também revelam galáxias distantes escondidas no fundo. A maioria dos pontos de luz multicoloridos vistos nela são galáxias, não estrelas, explica a agência.
O telescópio Webb permitirá que a comunidade astronômica mergulhe em muitos outros detalhes específicos sobre nebulosas planetárias como esta, formada por nuvens de gás e poeira ejetadas por estrelas moribundas. Compreender quais moléculas estão presentes e onde elas são encontradas nas camadas de gás e poeira ajudará os pesquisadores a refinar sua compreensão desses objetos.
Espera-se que o telescópio infravermelho de US$ 9 bilhões, construído para a Nasa pela gigante aeroespacial Northrop Grumman Corp, revolucione a astronomia ao permitir que os cientistas observem mais longe do que antes e com maior clareza o cosmos, o alvorecer do universo conhecido.
Entre os outros quatro “alvos” do Webb exibidos hoje estão duas enormes nuvens de gás e poeira lançadas no espaço por explosões estelares para formar incubadoras de novas estrelas – a Nebulosa Carina e a Nebulosa do Anel Sul, cada uma a milhares de anos-luz de distância de Terra.
A coleção de estreias inclui outro aglomerado de galáxias conhecido como Stephan’s Quintet, que foi descoberto pela primeira vez em 1877 e engloba várias galáxias descritas pela Nasa como “trancadas em uma dança cósmica de repetidos encontros próximos”.
Construído para ver seus objetos principalmente no espectro infravermelho, o telescópio Webb é cerca de 100 vezes mais sensível do que seu antecessor de 30 anos, o Hubble, que opera principalmente em comprimentos de onda ópticos e ultravioleta.
A superfície coletora de luz muito maior do espelho primário de Webb – uma matriz de 18 segmentos hexagonais de metal de berílio revestido de ouro – permite observar objetos a distâncias maiores, portanto, mais atrás no tempo, do que o Hubble ou qualquer outro telescópio.
Todos os cinco alvos introdutórios do telescópio Webb eram conhecidos anteriormente pelos cientistas, mas os funcionários da Nasa prometem que as imagens os capturam sob uma luz inteiramente nova, literalmente.
A imagem SMACS 0723 (acima) que Biden divulgou ontem (11) mostra um aglomerado de galáxias de 4,6 bilhões de anos cuja massa combinada atua como uma “lente gravitacional”, distorcendo o espaço para ampliar muito a luz vinda de galáxias mais distantes atrás dele. Trata-se da primeira imagem científuca feita pelo Webb e um registro inédito do universo.
Pelo menos uma das manchas de luz fracas e antigas que aparecem no “fundo” da foto – uma composição de imagens de diferentes comprimentos de onda de luz – remonta a mais de 13 bilhões de anos, disse o administrador da Nasa James Nelson.
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Isso o torna apenas 800 milhões de anos mais jovem que o Big Bang, o ponto de inflamação teórico que colocou a expansão do universo conhecido em movimento há cerca de 13,8 bilhões de anos.
A foto composta de joias, de acordo com a Nasa, oferece a “visão mais detalhada do universo primitivo”, bem como a “imagem infravermelha mais profunda e nítida do cosmos distante” já tirada.
As milhares de galáxias que aparecem na imagem foram capturadas em um pequeno pedaço do céu aproximadamente do tamanho de um grão de areia mantido à distância de um braço por alguém que está na Terra, disse Nelson.
(Com informações da Reuters e da Nasa)