Fred Santoro, ex-head de startups da AWS, plataforma de cloud da Amazon, apresentou hoje ao mercado a Raketo Venture Market. O novo negócio se propõe a reunir agentes importantes do ecossistema brasileiro de startups para acelerar empreendimentos e projetos.
Segundo dados da SlingHub, o ecossistema brasileiro tem mais de 18 mil startups, e atingiu o recorde de US$9,4 bilhões em investimentos em Venture Capital no ano passado. Já em 2022, de acordo com um estudo levantado pela Distrito, houve um aumento de 86% em VC Seed (para startups em estágio inicial), chegando a US$282 milhões.
Leia mais: Startups brasileiras já atraíram R$ 6,8 bi de investimentos em 2022
Em sua primeira rodada, a Raketo conta com os investidores Tiago Galli (co-Founder C6 Bank) e Yan Tironi (fundador de startups de sucesso como Amigo Edu, Cubos Academy e PeerBnk que também foi executivo do Citi e ItauBBA). A Raketo lança sua plataforma para investimento em startups em parceria com a Divihub, que captou R$1 milhão no seu último projeto fechado.
Santoro explica que, na nova Venture Market, serão analisados os desejos e necessidades dos consumidores das startups e, “a partir do estudo, construídos com os fundadores novos produtos e modelos de negócio para criar valor a eles e, consequentemente, aos investidores”. Ele explicou à Forbes Brasil os detalhes do projeto.
“Meu sonho grande é que 5% das carteiras de investimento dos brasileiros estejam alocadas em Venture Capital, e iremos rentabilizar diferentes players do ecossistema para ajudar ainda mais startups e captarem mais investidores”, afirma Santoro.
Forbes Brasil – O que é a Raketo e o que te motivou a apostar neste projeto?
Fred Santoro – A Raketo é um Venture Market, um mercado para captação de investimentos públicos e privados de capital para startups. O que me motiva é minha imensa empatia pelos fundadores de startups, pessoas extremamente inovadoras e corajosas que arriscam tudo e dedicam suas carreiras para resolverem problemas da sociedade de forma mais eficiente. Startups nascem para resolverem problemas, e acredito fortemente que devemos nos unir para ajudá-las a terem sucesso. Montamos um time brilhante de mentores para isso, inclusive.
FB – Que tipo de demanda existe no ecossistema de inovação brasileiro que demanda a atuação da Raketo?
Santoro – Existe uma clara demanda de suporte por parte de empreendedores, tanto financeiro, mas também de conhecimento e networking. Existe também uma demanda de investimentos menos arriscados em tecnologia por parte dos investidores que buscam não somente retorno financeiro, mas construir um legado apoiando a inovação. A Raketo supre essa demanda ajudando startups a crescerem de maneira sustentável com produtos e modelos de negócios mais rentáveis e escaláveis, enquanto atraímos investidores a encontrar oportunidades mais líquidas e lucrativas.
Leia mais: Investimentos em startups no Brasil caem quase pela metade em 2022
FB – Qual o maior desafio atual do ecossistema e como essa fase de ajustes entre investimentos e startups traz missões e oportunidades?
Santoro – Tanto os empreendedores quanto os investidores finalmente se deram conta que crescimento a todo custo é insustentável. É fundamental se tornar eficiente para criar um negócio de longo prazo e que irá durar muito mais tempo do que todos nós aqui na Terra. Para inovar, precisamos passar mais tempo pesquisando, testando e escutando de verdade os consumidores ao invés de ficar simplesmente gastando fortunas dos investidores para crescer desordenadamente. Acredito que o maior desafio é conseguir mudar a cultura de pensar no curto prazo. Para motivar esse pensamento, montamos nosso modelo de negócio de uma maneira diferente, reinvestimos 50% de nossas receitas em equity das startups que apoiamos. Queremos ser líderes globais e, para atingir um objetivo tão grande, temos que ter uma estratégia clara de longo prazo e ajudar ao máximo as startups a crescer, não somente investindo dinheiro nelas.
FB – Considerando tua experiência na AWS o que você enxerga de avanço nos último anos no ecossistema brasileiro e os maiores desafios?
Santoro – Pude perceber claramente um maior amadurecimento de todos os stakeholders, especialmente empreendedores e investidores de fora de São Paulo. As três primeiras startups que decidimos apoiar pela Raketo são do Rio de Janeiro, Santa Catarina e Bahia. Vejo também fundadores inspiradores que tiveram exits reinvestindo seus lucros em novas startups, o que é fantástico para o ecossistema. Nosso mercado está cada dia mais experiente e tendo acesso a mais fontes de informações para tomar decisões com mais qualidade. Também existe mais compreensão dos investidores em relação a especificidades de investir em tecnologia, principalmente nos estágios mais iniciais das startups. Acredito que os maiores desafios estão relacionados à formação e retenção de profissionais, e ajudaremos as startups a combater esses desafios dentro de nossa plataforma.