O termo Digital Twin, ou gêmeo digital, em tradução literal, tem sido cada vez mais presente no universo corporativo. O conceito, que reúne uma série de tecnologias para espelhar o mundo real em simulações e desenvolvimento de projetos ganhou ainda mais visibilidade com as discussões recentes sobre metaverso.
A aplicação da tecnologia remete à década de 1960, quando a Nasa começou replicar digitalmente suas espaçonaves em viagens para realizar estudos e desenvolver melhorias de instalações. Noel O’Connor, arquiteto sênior da empresa de tecnologia Red Hat, explica que, embora o caso da Nasa faça referência a uma réplica digital de um objeto físico, a tecnologia evoluiu ao longo do tempo para replicar processos em software e componentes de hardware simulados.
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“A tecnologia de gêmeos digitais é um conceito emergente que se tornou o centro das atenções da indústria recentemente e, nos anos mais recentes, da academia. Os avanços nos conceitos da indústria 4.0 facilitaram seu crescimento, principalmente na indústria de manufatura”, reforça O´Connor.
A IDC define gêmeos digitais como modelos virtuais de um produto ou ativo conectado ao protótipo físico ou instância via Internet das Coisas (IoT). “A Red Hat trabalhou com vários clientes para implementar soluções de gêmeos digitais, o que nos ajudou a compilar um resumo de alto nível de algumas das abordagens de arquitetura que usamos e das lições aprendidas”, explica Noel. Ele destaca que os sistemas “digital twins” são, frequentemente, usados para testar interações de componentes de software ou simulação de cenários e registro de resultados em maiores escalas. “Os dados coletados por meio desses testes podem ser integrados à inteligência artificial e outras ferramentas para prever resultados e ajudar a melhorar o desempenho do software”, explica.
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De acordo com a Gartner, em 2021, metade das maiores empresas do mundo já utilizaram gêmeos digitais e a estimativa é de que, até 2023, as receitas geradas a partir desta tecnologia saltem de US$ 9,8 bilhões para US$ 13 bilhões. Ainda de acordo com o Grand View Research, o mercado global de digital twins chegará, até 2025, a mais de US$ 25 bilhões em receitas.
Digital twins e metaverso
Nos últimos dois anos, com a ascensão do conceito de metaverso, o digital twin também vem sendo associado a esse mundo imersivo. Recentemente, a RTFKT, startup comprada pela Nike no final do ano passado lançou sua primeira coleção phygital. Neste caso, o conceito de gêmeo digital ganha uma nova conotação. Ou seja, as pessoas da comunidade são avisadas de uma coleção exclusiva ou com a assinatura de um designer específico, adquirem o NFT e a partir de então também podem entrar na fila para ter o tênis físico.
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Recentemente, a Siemens lançou uma plataforma de inovação aberta, a Xcelerator que, dentre outras soluções, desenvolverá tecnologia voltada a metaverso e digital twin. “É muito importante entender o metaverso sob novas perspectivas, mas também é fundamental compreender que, além da euforia, ele, ou conceitos e tecnologias relacionados, já fazem parte do contexto de muitas indústrias”, diz Peter Koerte, Chief Technology Officer da Siemens.