A tecnologia é um dos principais pilares de inovação do iFood. Hoje há mais de 100 modelos de inteligência artificial rodando dentro da empresa, desenvolvidos internamente. “A empresa tem 6 mil pessoas, e metade ou é engenheiro ou é cientista de dados”, diz o VP de estratégia e finanças Diego Barreto. “Boa parte do iFood é gerido no dia a dia por esses modelos. A compreensão do tempo, da oferta, da demanda, da topografia, do horário, do dia da semana, de um ponto específico que envolva Copa do Mundo, um feriado e coisas do tipo, isso tudo é gerenciado por um algoritmo que usa capabilities de machine learning.”
É um processo que vem se desenrolando desde 2019. “Foi quando tomamos a decisão: precisamos ser uma empresa de inteligência artificial. O nível de complexidade do iFood não vai nos permitir fazer algo por meio de regras duras: se isso, então aquilo”. No mesmo ano, Sandor Caetano foi contratado como Chief Data Scientist. No ano seguinte, para acelerar a transformação por meio da aquisição de talentos, houve a compra da Hekima, startup mineira de IA. “A gente trouxe todo esse time para dentro, e eles se tornaram sócios do iFood. Estão aqui até hoje.”
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Paralelamente, foi feito um trabalho interno de treinamento. “A gente criou um programa, o Badhu – Business Analyst Data Heavy User –, para o cara que não é o cientista de dados, mas que vai se utilizar bastante disso. Deve ter aqui hoje umas 2 mil pessoas com esse certificado. A partir daí, o movimento começou a ser orgânico.”
Houve também um esforço para comunicar as mudanças. “A gente se preocupa demais em explicar para as pessoas o que está acontecendo”, diz Diego. Segundo ele, não é algo pontual, e sim parte da cultura da empresa. Assim como a liberdade para a tomada de decisões. “Para nós, é um grande absurdo criar um monte de política na empresa e querer falar de inovação. Com um monte de política, a pessoa só está playing by the rules. O que eu quero são pessoas que entendam o contexto. E então ajam.” Assim, segundo o VP, os funcionários podem até errar mais, mas também têm mais chance de inovar.
Com essa mentalidade, o iFood tem avançado para áreas que vão além do food delivery, aproveitando seus principais ativos: a cartela de clientes e o know how em logística. “O iFood hoje tem 45 milhões de clientes espalhados em 1.500 cidades do Brasil. E faz algo único na América Latina, e que poucas empresas do mundo fazem, que é um last mile em tempo muito pequeno com um preço acessível.” Assim, desde abril de 2021, a empresa ampliou o serviço para entregas de supermercados, depois de farmácias e pet shops. Agora vem testando um shopping, com lojas de diferentes produtos, e também entregas B2B. “A mesma pessoa que compra em um supermercado compra uma comida em um restaurante e compra uma Novalgina”, diz Diego. “E o ativo de entrega rápida e barata é o mesmo.”
Outro destaque recente de inovação foi a criação de motos elétricas, em parceria com a Voltz e a Rede Ipiranga, que disponibilizou estações de baterias. Inicialmente, foram produzidas mil unidades, e o plano é chegar a 25 mil. No anúncio do lançamento, o iFood anunciou que os novos veículos seriam disponibilizados para entregadores parceiros com desconto e facilidade de financiamento e gerariam economia de 70% em custo de manutenção e rodagem. O iFood tem a meta de chegar a 2025 realizando 50% de suas entregas com veículos não poluentes. Em relação à pauta ESG, a empresa divulgou também que, até 2023, pretende alcançar 50% de mulheres na liderança, 40% de colaboradores negros e 30% de líderes negros.
*Reportagem publicada na edição 102, lançada em outubro de 2022