A BHub se lançou no mercado em 2021 oferecendo um sistema de gestão por assinatura para “desburocratizar a vida dos empreendedores brasileiros”. Pioneira no Brasil em backoffice as a service, captou R$ 180 milhões em pouco mais de um ano. Hoje conta com uma carteira de mais de 500 clientes e movimenta mensalmente cerca de R$ 60 milhões em contas a pagar e a receber.
“Com os nossos serviços, o empreendedor pode focar os esforços no que é o coração do negócio dele”, afirma Jorge Vargas Neto, fundador e CEO da BHub. “Ele pode delegar todas as funções que não sejam core.” Outro benefício é gastar menos. “Acumuladamente, já geramos uma economia de R$ 42 milhões para os clientes.”
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O cálculo é feito levando em consideração o custo de manter um departamento interno para lidar com administrativo, financeiro e RH versus o custo de assinar a BHub, que tem ticket médio de R$ 2.500. Geralmente, é o próprio empreendedor ou um head na empresa que interage com a BHub. “Fazemos todo esse esforço que muitas vezes são tarefas repetitivas: rodar folha de pagamento, obrigações acessórias, admissão, extinção de vínculo trabalhista, emissão e pagamento das vias de impostos e emissão das cobranças; esse tipo de tarefas.”
Todos os indicadores do cliente ficam em uma plataforma que gera insights sobre o negócio. “Gostamos de pensar que estamos construindo para o mercado de backoffice o que a Amazon Web Services fez com o de tecnologia. Antes, era extremamente custoso ter todo o aparato para uma empresa de tecnologia e, a partir da AWS, esses custos e o time to market foram muito reduzidos.”
A ideia de montar a BHub surgiu da experiência de Jorge como empreendedor. Ele já tinha fundado a Biva, vendida para o PagSeguro, e a Zen Finance, vendida para o Rappi. Atuava no RappiBank, como diretor de produtos, quando leu um artigo sobre uma empresa americana chamada Pilot, que prestava serviços de backoffice com base em tecnologia e tinha acabado de se tornar um unicórnio. “Foi um clique pra mim”, diz o CEO da BHub. “Conversei com o fundador dessa empresa e fiz uma pesquisa em que entrevistei 314 empreendedores ou pessoas interessadas em empreendedorismo. Foi unânime que é muito difícil ter um negócio no Brasil, e todas essas dores de backoffice eram um lugar-comum.”
Jorge juntou-se a sócios da área de contabilidade, jurídica e de tecnologia para lançar a BHub com um espectro maior de atuação do que o da Pilot. “Resolva toda a dor de cabeça do seu administrativo, financeiro, contabilidade, DP e fiscal”, promete o site da empresa. Foi uma adaptação ao mercado brasileiro. “Quando eu fiz essas 314 entrevistas, ficou muito claro que a dor era mais do que só a contabilidade.”
Hoje, segundo Jorge, há fila de espera de clientes, uma situação que faz parte da lista de vantagens e desvantagens de ser o primeiro a explorar um mercado. Ele explica: “Não temos uma pressão para diminuir preço e outras externalidades negativas de um fator competitivo. Mas também não havia nenhum tipo de API, nenhuma solução que permitisse nos movermos mais rápido. Eu gostaria de atender todo mundo que bate aqui. Daqui a pouco, vamos estar nesse patamar. Mas temos que desenvolver grande parte das soluções do zero. E aí se bate um pouco de cabeça e custa mais caro”.
Para dar conta, no time de cerca de 170 pessoas, cerca de 60 são engenheiros de software. “Esse esforço todo é bacana porque são barreiras de entrada que temos construído para outros que venham nos copiar. Eles vão ter que fazer tudo manual, passar por todos esse processo de discovery.”
*Reportagem publicada na edição 102, lançada em outubro de 2022