Muito mais do que um tema para quem acompanha, ou simplesmente gosta de tecnologia, inteligência artificial (IA), há alguns anos, já é um elemento importante da agenda do C-Level. No ano passado, o principal estudo da Gartner, que mostra quais são as tecnologias valorizadas pelos CEOs, com participação de mais de 400 executivos e executivas da América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico, mostrou que IA é a considerada mais impactante no médio e longo prazos.
Outro estudo, da Deloitte, o Tech Trends 2023, aponta que a expansão da IA, agora com aplicações práticas e ferramentas que materializam seu uso, como é o caso do ChatGPT, por exemplo, trará um impacto direto em ecossistemas e arquiteturas descentralizadas. O grande desafio mapeado pela Deloitte, no entanto, ainda é a falta de mão de obra especializada, sobretudo de profissionais que consigam aplicar o potencial da tecnologia aos negócios e processos de transformação digital.
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Ainda que, muitas vezes, seja tratada como futuro, IA já é realidade de muitas empresas: estima-se que mais de 40% de companhias globais tenham seus negócios impactados. De acordo com estudo da Tortoise Media, o Brasil está em 39° lugar quando o tema é implementação, inovação e investimento relacionado à IA. Uma métrica importante, sobretudo, considerando o quanto a tecnologia movimentará de recursos nos próximos anos. Em especial, no caso brasileiro, o momento é importante para discutir o tema, principalmente pelo passo recente do Marco Legal da Inteligência Artificial e as experiências de empresas locais com o tema.
Ariel Grunkraut, CEO da Zamp, master franqueada Burger King e rede Popeyes no Brasil, que vai investir R$ 60 milhões em tecnologia neste ano, afirma que a empresa já trabalha com IA em diversas áreas há alguns anos. “Na nossa estratégia de operação, fortemente acelerada pela transformação digital, a inteligência artificial vem contribuindo para que o marketing tome decisões ainda mais assertivas, por exemplo. Isso significa que nossa estratégia é baseada no comportamento do consumidor, por meio de machine learning, atuando na personalização da experiência com a análise de dados proprietários.”
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Ainda de acordo com Ariel, a partir da tecnologia, a companhia também tem melhorado as margens de receita e eficiência operacional. “Temos aplicado IA em logística, evitando o desperdício de alimentos e otimizando as compras dos restaurantes com a análise do consumo de cada unidade. Entramos de cabeça na transformação digital e estamos expandindo essa cultura de dados em todas as áreas, até mesmo em Gente & Gestão, com o People Analytics, para atrair e reter os melhores talentos. A chegada do ChatGPT coloca toda a inteligência artificial em outro patamar.”
O papel do ChatGPT
Para o CEO da Zamp, o ChatGPT é uma importante evolução na inteligência artificial, agora com um nível de assertividade e a possibilidade de humanização do contato. “A estratégia de personalização continua sendo uma forte crença da companhia para seguir aperfeiçoando a experiência do consumidor e, por isso, continuaremos investindo nela para seguir à frente na experiência digital, oferecendo, por exemplo, cada vez mais ofertas hiperpersonalizadas e uma jornada digital sem atritos”, conclui Ariel.
Eduardo Peixoto, CEO do Cesar, hub de inovação que, dentre outros projetos mantém a Cesar School, afirma que a importância de IA na competição atual se reflete nos investimentos e produções científicas das big techs. “Hoje, Microsoft e Google já publicam mais artigos (e avançam na IA) do que a Universidade de Stanford, por exemplo. O ChatGPT é apenas mais uma das aplicações e a que se tornou mais visível fora do mundo da tecnologia. Mas não se iludam, ela já está presente de diversas formas no nosso dia a dia”
“O ChatGPT talvez seja a primeira aplicação de IA generativa com interface de uso amigável para uso pelo público em geral e com enorme potencial para setores que demandam construção e processamento de textos. A Microsoft saiu na frente, comprou e integrou a aplicação ao Teams, permitindo a automação de marcação de reuniões, transcrições, avançar ou retroceder gravação de reuniões em busca de falas específicas”, completa Eduardo.
Investimento em evolução
Para muitas empresas que operam no Brasil, inteligência artificial não é um tema novo. A Vivo, por exemplo, desenvolve, há mais de uma década, plataformas de atendimento ao cliente automatizadas. Na semana passada, em entrevista ao jornal O Globo, Chistian Gebara, CEO da companhia, anunciou que uma nova versão do chat da empresa, inspirada no ChatGPT, está sendo testada. Segundo ele, não é apenas sobre aprimorar o atendimento ao cliente, mas aproveitar as inúmeras possibilidades que a tecnologia oferece.
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Mensalmente, a companhia atende mais de 4 milhões de pessoas por meio de IA, o sistema chamado Aura foi desenvolvido em parceria com a Microsoft, parceira da OpenAI, dona do ChatGPT. “Já estamos em conversas e tentando ver os primeiros casos de uso dessa tecnologia dentro da nossa própria plataforma de inteligência artificial. Então, estamos em testes para começar já a usar”, disse o executivo.