O principal evento de tecnologia e inovação bancária do país teve início hoje com uma fala incisiva do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, em relação aos bancos digitais. Diante de uma audiência abarrotada de executivos de bancos, o executivo abriu a 33ª edição do Febraban Tech reiterando “a segurança e confiança em sua plenitude” das instituições tradicionais.
Com uma rede de 115 associados incluindo os maiores bancos do Brasil e também pequenas e médias instituições, a Febraban representa o segmento há três décadas. Em sua conferência anual, a organização forja “a ponte entre o passado, o presente e o futuro da inovação bancária,” segundo Sidney, que emendou a afirmação com uma série de comentários sobre a concorrência recém-chegada.
“Alguns players da nossa indústria surgem do nada e se intitulam modernos, baratos e inovadores. Nós, bancos, não nascemos agora e não atuamos fazendo marketing e publicidade,” disse Sidney, reclamando sobre o “tom de demérito, quase acusatório” dos bancos digitais em relação às instituições tradicionais.
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O tom jocoso da concorrência revela, segundo Sidney, a falta da trajetória que os neobancos que criticam os “bancões” não têm: “Eles não têm história. Nós temos uma bela história. Não é depreciativo ter história, bases sólidas, presença física em todos os estados do país, fazer parte da vida de gerações de brasileiros e estar no dia a dia de milhões de empresas e pessoas”, pontuou o presidente da Febraban.
Com uma rede de mais de 18 mil agências físicas, a rede de bancos associados da Febraban tem diversas vantagens em relação aos players digitais, como a capacidade de atendimento presencial, ainda necessário para muitos brasileiros, disse o presidente da federação. “Não estamos apenas no 0800 e nos links e apps dos players digitais. Somos versáteis e plurais: presentes para quem precisa de amparo e virtuais para quem pode e quer”, frisou Sidney.
Ao olhar para o futuro dos bancos, o presidente da federação que representa nomes como Bradesco, Itaú, Santander e Caixa reforçou que bancos tradicionais não vão sair de cena. “Podem nos provocar à vontade. Somos transformacionais e geracionais”, disse o executivo, acrescentando que o segmento está avançando a passos largos rumo a movimentos como o real digital e open finance.
Em relação à bancarização dos brasileiros, um ponto que os neobancos tendem a tomar para si, Sidney reforçou que a tecnologia só faz sentido quando gera um impacto positivo para a sociedade. “Democratizar o acesso é estar mais próximo das pessoas, e os bancos nunca deram as costas aos seus clientes e ao Brasil. Sempre bancamos o que fazemos”, frisou.
Sustentabilidade e autorregulação
Este ano, a bioeconomia é um dos temas centrais da Febraban Tech. Em relação a isso, Sidney falou sobre o sistema de autorregulação bancária, que contém um eixo específico para tratar da responsabilidade socioambiental dos bancos.
Em vigor desde 2014, as normas foram aprimoradas há três anos para aumentar o controle dos bancos no financiamento de empreendimentos situados em áreas de desmatamento ilegal, ou de conservação e terras indígenas. Este ano, a federação anunciou autorregulação para a cada de carnes na região da Amazônia Legal e Maranhão.
Na agenda ambiental, bancos são parte da solução e não do problema, disse Sidney. “Temos um papel importante para direcionar recursos a projetos e atividades que contribuam para o desenvolvimento sustentável”, pontuou o executivo. “Esse caminho não aceita atalhos.”
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