Apesar de ser a empresa mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 2,7 trilhões, a Apple também enfrenta desafios. Não só de lucros e receitas, que segue como premissa para dar uma resposta aos acionistas da empresa, mas também na outra ponta, ao oferecer aos consumidores produtos que atendam a uma expectativa que, a cada ano, segue mais alta.
Os episódios que antecederam o lançamento do iPhone 15, que ocorreu nesta terça-feira, 12, apontavam para vários desafios. O primeiro tem relação com o desempenho do modelo anterior. O iPhone 14 teve demanda baixa o que forçou a Apple a classificar o movimento de vendas do modelo como “tímido”. Além disso, Tim Cook vinha sendo questionado pelos acionistas e admitiu, em fevereiro deste ano, que não estava feliz com os resultados da empresa.
Thomas Monteiro, analista do Investing.com, sinaliza que a euforia pré-evento também agravou a situação. “Os acionistas estavam ansiosos para ver se a empresa seria capaz de encontrar soluções para permanecer um refúgio seguro em momentos de turbulência no mercado, e isso está diretamente ligado às margens de lucro”, explica. Outro ponto, a China, que acenou com vários desafios, desde os problemas de produção até a proibição dos funcionários chineses de usarem iPhone, também é parte importante, agora, do futuro da Apple.
Confira as principais novidades apresentadas pela Apple:
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Divulgação/Apple O novo AppleWatch Series 9 conta com a tecnologia “double tap”, com um sensor de movimento capaz de captar dois toques do dedo indicador com o polegar para atender ligações, iniciar gravações de áudio, abrir aplicativos, entre outras funções.
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Reprodução/AppleEvent Com uma bateria que dura o dia inteiro, alimentada pelo novo chip S9, o smartwatch oferece um desempenho ainda melhor que os seus antecessores. Além disso, a Apple afirmou que o dispositivo contará com uma independência de redes de internet externas maior. A tela também será mais brilhante. Enquanto o localizador integrado ajuda a encontrar seu iPhone com facilidade. O toque final fica por conta da Siri, que agora está conectada aos seus dados de saúde para uma assistência personalizada.
O AppleWatch Series 9 custará a partir de: R$ 4.999,
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Reprodução/AppleEvent O novo Apple Watch Ultra marcará um marco como o primeiro produto 100% carbono neutro da Apple. Com aprimorada capacidade de cálculo de altitude e longitude, um modo noturno automático e métricas avançadas para corredores, este dispositivo é uma escolha poderosa para atletas. Seu design foi concebido para resistir a condições extremas, desde altas altitudes até ambientes aquáticos e aéreos. Além disso, oferece uma incrível autonomia de 72 horas de bateria no modo de baixo consumo de energia.
O dispositivo custará a partir de: R$ 9.699,00
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Reprodução/AppleEvent O novo iPhone 15 traz uma explosão de cores com opções em rosa, amarelo, verde, branco e preto, e uma das inovações mais notáveis da linha: a tecnologia “Dynamic Island”, onde o retângulo preto superior do aparelho é móvel e responde de maneira inteligente a widgets, proporcionando uma experiência de uso intuitiva e dinâmica.
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Reprodução/AppleEvent Entre outras vantagens do aparelho estão a câmera de 48MP, a tecnologia de resolução de imagens melhorada para retratos e ambientes com pouca luz, limpeza de áudio durante ligações, busca por amigos via compartilhamento de localização, tela duas vezes mais brilhante, resistência à água e o novo chip A16 Bionic.
O iPhone 15 custará a partir de: R$ 7.299.
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Reprodução/AppleEvent Uma das novidades mais interessantes da nova linha é a completa adaptação ao modelo USB-C. Além disso, os aparelhos poderão transferir cargas de bateria entre si.
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Reprodução/AppleEvent Tim Cook aproveitou o momento para reforçar a aposta da companhia no novo Apple Vision Pro. “Nossos desenvolvedores estão trabalhando para disponibilizarmos o Vision Pro para o público até o início de 2024.”
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Reprodução/AppleEvent O iPhone 15 Pro é feito de titânio e alumínio (este 100% reciclável), promete ser mais leve, resistente e fino, apresentando uma beleza surpreendente. Com um novo botão de ação multifuncional, que permite silenciar o aparelho, capturar fotos, gravar áudios, abrir apps e muito mais. Além disso, ele traz a já apresentada “Dynamic Island” e widgets de descanso semelhantes aos de um Mac, juntamente com o chip A17 Pro, o chip mais rápido já usado em um smartphone, segundo Tim Cook.
O novo IPhone 15 Pro custará a partir de: R$ 9.299
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Reprodução/AppleEvent O novo iPhone 15 Pro impressiona com uma câmera de 48MP Pro, zoom até 5X, 20 vezes mais estabilização que os antecessores e uma lente focal de 120mm. Segundo a Apple, essas inovações são correspondentes a 7 lentes de câmera no seu bolso.
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Reprodução/AppleEvent O novo MacBook Air impressiona com a maior capacidade de armazenamento e velocidade já vista na linha.
O novo AppleWatch Series 9 conta com a tecnologia “double tap”, com um sensor de movimento capaz de captar dois toques do dedo indicador com o polegar para atender ligações, iniciar gravações de áudio, abrir aplicativos, entre outras funções.
“Embora a questão relacionada à China não seja de fato tão relevante para as vendas, ela representa apenas mais um dos muitos riscos em meio a uma série de desafios que possuem a desaceleração esperada do consumo nos Estados Unidos, China e Europa como fator central. Assim, considerando esse contexto, a pergunta que todos estávamos ansiosos para responder, pelo menos a curto prazo, era se a empresa seria capaz de apresentar inovações suficientemente empolgantes para contrariar essas tendências. Infelizmente, parece que não o fez”, critica Thomas.
O analista provoca: isso significa que a Apple está fadada a enfrentar uma queda significativa? “De modo algum. A empresa continua sendo uma das maiores e mais resistentes do mercado. No entanto, o que isso implica, a meu ver, é que os investidores terão que ser pacientes com as ações no segundo semestre do ano. No entanto, acredito que a Apple tomou a decisão acertada ao não aumentar os preços de entrada do iPhone neste momento.”
Games e ecossistema
Pedro Sant’Anna, COO e fundador da allu, startup especializada em aluguel de iPhones, sinaliza dois movimentos importantes da Apple neste lançamento: o primeiro tem relação com o público gamer e o segundo com o reforço da conectividade. “No iPhone 15 Pro e Pro Max, duas coisas chamaram muito a atenção: primeiro o compromisso da Apple com o público gamer, que não é algo, historicamente, super relevante dentro da trajetória da marca por ser um ecossistema mais fechado, mas claramente estão dando muitos passos em direção de ter um sistema que seja agradável e apelativo para o público gamer”, destaca à Forbes Brasil.
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“Eles reforçaram várias questões em relação a conectividade, entre linhas de produtos. Mais uma vez eles demonstram que sempre quando eles trazem novidades em algum produto está relacionado ao desenvolvimento de um ecossistema macro. Agora com o acréscimo dos gestos, que já tinham sido mostrados na apresentação do Vision Pro, dentro do Apple Watch. O acréscimo do vídeo espacial, dentro do iPhone 15 Pro e Pro Max, também ligado com o Vision Pro. Então a Apple mais uma vez apostando na estratégia de conectividade do ecossistema, como é uma empresa que tem muito amor de marca a explorar, é sempre algo muito notório dentro da estratégia de marketing”, afirma o fundador da allu.
Percepções sobre o iPhone 15
Para Pedro Sant’ Anna, da allu, existe uma crença que de forma geral é validada sobre os iPhones ímpares serem upgrades superiores em relação os iPhones pares. “O que se manteve verdade, pois há uma diferença muito maior entre o iPhone 15, da linha básica, para o 14, da linha básica, diferentemente da mudança do 13 para o 14. O 13 e o 14 são virtualmente idênticos, com pequenas diferenças. O iPhone 15, basicamente, absorve todas as funcionalidades que foram apresentados na linha 14 Pro, e ainda traz algumas mudanças funcionais, especialmente na adaptação para o conector USB C. Além de outras pequenas mudanças, então, acho que é um upgrade muito justificável do usuário, que hoje tem um iPhone 12 ou iPhone 13 para o iPhone 15, da linha padrão”, conclui.
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Sustentabilidade
De acordo com Tim Cook, sustentabilidade é uma prioridade para a Apple e isso tornou-se um mantra. “Até 2030, todos os nossos produtos causarão impacto zero na natureza.” O executivo listou uma série de iniciativas para tornar isso possível: eliminar plástico de todas as embalagens até o final de 2024, uso de alumínio reciclável nos Macs e iPhones, fim do uso de couro para cases e produtos. Além disso, a Apple afirma usar 100% de energia limpa (solar e eólica) em todos seus escritórios e propriedades.
“Embora o lançamento do iPhone 15 e outros produtos sejam sempre aguardados com grandes expectativas, o que realmente marcou o evento foi o anúncio audacioso de que a Apple se compromete a alcançar o impacto ambiental zero até o ano de 2030, conforme a mensagem clara e impactante do CEO Tim Cook, “..nada é mais importante do que ajudar a salvar vidas”. A empresa se comprometeu a incluir medidas concretas em direção a esse objetivo, como o uso de materiais recicláveis em sua produção, a utilização de energia 100% limpa em seus produtos e em seus fornecedores, assim como investimentos diretos no plantio de florestas, resultando em uma pegada de carbono neutra em todo seu ecossistema”, analisa Antônio César, economista-chefe da Coinlivre.
Ainda de acordo com Antônio, com tais alterações propostas no evento de lançamento do novo iPhone, a Apple está claramente se posicionando de forma antecipada no mercado sustentável: “[Eles estão] adotando medidas concretas para mitigar seu impacto ambiental e se adaptar, previamente, a possíveis leis ou mudanças regulatórias que possam surgir nos próximos anos. Ao estabelecer metas ambiciosas para alcançar impacto ambiental zero até 2030, a empresa não apenas busca alinhar suas práticas comerciais com a crescente demanda por sustentabilidade, mas também liderar o mercado em uma economia cada vez mais disputada. Esta abordagem demonstra que o compromisso com o impacto ambiental é o ponto central, não apenas para o futuro da empresa, mas também, para o futuro da humanidade.”