O Rio2C, maior festival de inovação e criatividade do Brasil que ocorre de 4 a 9 de junho na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, traz, em sua nova edição, um report exclusivo desenvolvido pela W Futurismo, da futurista Jaqueline Weigel, também palestrante do evento.
O material apresenta dezenas de insights e projeções sobre o impacto da tecnologia na indústria criativa e destaca de que forma a inteligência artificial altera o consumo de conteúdo. “A inclusão de uma futurista renomada como Jaqueline Weigel, por meio do estudo realizado pela W Futurismo, destaca nosso compromisso em estar na linha de frente do conhecimento”, destaca Rafael Lazarini, fundador e CEO do Rio2C.
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“Entender os impactos da IA no consumo de conteúdo é essencial para o Rio2C, como evento do setor na América Latina, pois nos permite oferecer a toda nossa comunidade de criadores, informações valiosas que vão ajudá-los a navegar pelas transformações tecnológicas cada vez mais intensas e dinâmicas. Este relatório torna-se uma entrega concreta que marcará cada edição do evento, sendo continuamente atualizado e funcionando como um indicador”, destaca Rafael.
Thiego Balteiro, um dos curadores do Rio2C, responsável pela coordenação do material, reforça a importância da construção de cenários para o público do Rio2C. “Ao contemplarmos diferentes cenários de futuros e as variáveis que nos levariam para cada um deles, temos a oportunidade de fazermos melhores escolhas, de usarmos nossa criatividade para construir um caminho que nos leve na direção de um futuro desejado.”
Em entrevista à Forbes Brasil, Jaqueline Weigel destaca os principais pontos do estudo que pode ser baixado gratuitamente aqui. “O Rio2C é um evento que reúne milhares de profissionais da mesma indústria em uma conversa democrática, aberta e construtiva. Um espaço para que esta indústria debata seu papel social no mundo, suas perspectivas, seja alertada para riscos e para oportunidades em um mundo onde mudar não é mais opção e sim condição. Na era da consciência, precisamos alinhar negócios com propósito social de verdade, não apenas no discurso.”
Forbes Brasil – quais os principais impactos da IA no consumo de conteúdo a partir da perspectiva do estudo?
Jaqueline Weigel – A inteligência artificial deve expandir nossa capacidade de criar e de gerar conteúdo, assim como nossa criatividade. Ela é capaz de criar uma quantidade significativamente superior à dos humanos, e este pode ser um aspecto muito positivo. Com IA aumentamos nossa capacidade de aprender. IA será um co-piloto dos humanos e nos ajudará com o processamento e a organização de dados, podendo refinar nossa criatividade natural.
FB – Como esse contexto muda a vida do consumidor de conteúdo?
Jaqueline – Ela pode ajudar o consumidor no longo prazo a separar conteúdo ruim ou não confiável de conteúdo bom, além de promover conteúdos confiáveis e robustos. Certamente trará novas regras e novas práticas para a indústria de conteúdo. Mais transparência será necessária, e talvez a propriedade criativa e autoral seja expandida e pulverizada, trazendo novos formatos de publicidade e monetização a autores e escritores.
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FB – Qual a importância de discutir questões éticas neste contexto?
Jaqueline – O grande desafio da indústria será a ética, a regulamentação e o bom uso por parte de quem produz e de quem consome. É uma responsabilidade mútua. Os canais de consumo deverão ser ampliados, novos canais surgirão, e o formato deve mudar bastante. Em um mundo com tanta informação como já vivemos agora, é essencial que possamos filtrar, organizar e selecionar bons conteúdos de forma mais automatizada.
FB – Narrativa é outro elemento bastante presente no estudo, como as novas tecnologias alteram a forma como consumimos e criamos narrativas nesse mundo digital e ia first?
Jaqueline – Estudos de Futuros constroem e desconstroem narrativas. Temos narrativas que são imaginativas e nos levam a explorar possibilidades e narrativas colonizadoras, quando não verdadeiras ladainhas, com vieses cognitivos extremos e nada positivos à sociedade. Com a evolução de AI, será essencial desenvolver nosso pensamento crítico, nosso senso de análise e nossa capacidade de questionar o que consumimos. Não há nenhuma versão ou verdade absoluta, e as narrativas vêm recheadas de vieses, quando não de intenções manipuladoras, ocultas ou reveladas. AI aprende com dados humanos , e com interação com humanos, e deve aprimorar nossa forma de criar histórias. Enquanto despersonaliza o conteúdo, vai entendendo como os humanos pensam, e acredite, somos bem previsíveis.
FB – O que o estudo traz de alerta para marcas e plataformas que produzem conteúdo sobre o futuro e os desafios do contexto?
Jaqueline – São muitos alimentos para debates e aprofundamento. Na W Futurismo não fazemos mapa de tendências, por várias razões: não é nosso material de estudo para prospecção de futuros, elas tem vieses de quem os produz, e poucas pessoas lêem relatórios complexos. Tendências acabam fomentando estratégias ou narrativas sem nenhuma checagem profunda, e isto pode nos levar a seguir movimentos errados na tomada de decisão. Preferimos levantar informações e organizá-las em forma de texto provocativo e cenários para que o consumidor deste conteúdo já faça sua lição de casa: o que este estudo está trazendo de informação importante e aprendizado para minha empresa ou para minha carreira e o que devo manter no radar enquanto planejo meus próximos anos. O estudo dá recados claros: esteja atento aos radares de mudança em torno da sua indústria porque os sinais já estão dando pistas das próximas realidades. Antecipe-se e não imagine que estar bem hoje, inovar e usar tecnologia vai levar você a alguma posição de sucesso nos próximos anos. Entre os maiores desafios estão a recuperação da confiança, a ressignificação do papel social, a mudança de formatos com o cliente fazendo parte do design da experiência e novos modelos de negócio, especialmente em rede. Produzir conteúdo já não é mais um diferencial, nem alavanca para salvar seu negócio anterior.