O mundo da tecnologia perdeu, na sexta-feira, 9, um de seus principais nomes. A morte prematura de Susan Wojcicki, aos 56 anos, vítima de um câncer no pulmão, deixa na história um momento crucial para o mundo como o conhecemos. Em 1990, Susan foi a responsável por alugar a garagem de sua casa, em Menlo Park, na Califórnia, para que Larry Page e Sergey Brin criassem o Google.
Além disso, Susan foi a primeira funcionária a tornar-se um nome de confiança para os fundadores daquela que se tornaria uma das maiores empresas do mundo. Wojcicki estudou história na Universidade Harvard antes de trabalhar como fotojornalista na Índia. Ela retornou aos EUA e obteve um diploma em Economia pela Universidade da Califórnia, antes de obter um MBA pela UCLA. Antes de conhecer os fundadores do Google, trabalhou na Intel.
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Em 2006, esteve à frente do grupo que negociou a aquisição do YouTube por US$ 1,65 bilhão (R$ 9,1 bilhão). Wojcicki tornou-se CEO do YouTube em 2014 e afastou-se da plataforma de compartilhamento de vídeos no início de 2023. Em uma declaração, ela dizia que estava começando “um novo capítulo focado na minha família, saúde e projetos pessoais pelos quais sou apaixonada”.
Para a Forbes Brasil, Patrícia Muratori , head do YouTube no Brasil desde 2019, relata que Susan, provou ser uma líder “ao mesmo tempo brilhante, generosa, gentil e forte, tendo sempre um impacto positivo nas pessoas e negócios”. “À frente de uma plataforma com mais de 2 bilhões de usuários em todo o mundo, pude observar a sua habilidade em lidar com decisões complexas, garantindo sempre um crescimento saudável e sustentável para todo ecossistema de criadores, usuários e marcas. Susan tinha forte preocupação em garantir uma plataforma plural, com a missão de dar a voz a todos através da diversidade (assim lançou o Fundo Vozes Negras com forte atuação no Brasil) e seu foco em manter os Criadores no centro das nossas estratégias”, afirma Patricia.
Ainda de acordo com a executiva brasileira, com uma escuta ativa, Susan buscava compreender profundamente não apenas o alcance global do YouTube, mas também as fortes nuances dos diferentes mercados. “Ela foi essencial para o lançamento de produtos em diversas áreas na América Latina, fortaleceu nossos esforços de responsabilidade e tomou decisões estratégicas para o segmento de esportes no Brasil. Além disso, demonstrou um compromisso genuíno com questões de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), co-liderando o comitê global do YouTube voltado para pessoas com deficiência.”
Legado e memória
“Susan deixa um legado extraordinário como uma líder altruísta, dedicada e visionária. Ela demonstrou que mulheres podem ocupar as posições que almejamos, assumindo grandes decisões e liderando transformações ao longo de sua carreira. Susan abriu caminhos inéditos e mostrou que, com coragem e sabedoria, podemos explorar, criar e gerenciar grandes negócios, mesmo em setores predominantemente masculinos.
Além disso, Susan provou que a liderança não deve ser silenciosa. Ela foi uma defensora incansável das mulheres, da equidade de gênero e dos benefícios da maternidade e paternidade, provando que nossos desafios não deveriam ser um obstáculo ao avanço e crescimento profissional”, conclui Patricia.
A irmã mais nova de Wojcicki, Anne, é antropóloga e epidemiologista, que fundou a empresa de testes genéticos 23andMe e foi casada com o cofundador do Google, Sergey Brin, por vários anos. Em uma carta homenageando o legado de Susan para a empresa, publicada no blog da empresa nesta sexta-feira, 9, Sundar Pichai, CEO do Google, afirmaouque Susan deixa uma trajetória que foi além da tecnologia e dos negócios.
“Como uma das primeiras googlers — e a primeira a tirar licença-maternidade — Susan usou sua posição para construir um ambiente de trabalho melhor para todos. E nos anos que se seguiram, sua defesa em torno da licença-maternidade estabeleceu um novo padrão para empresas em todos os lugares. Susan também era profundamente apaixonada por educação. Ela percebeu desde cedo que o YouTube poderia ser uma plataforma de aprendizado para o mundo e defendeu os edutubers”, escreveu Pichai.
Ainda de acordo com Pichai, a executiva, mesmo lidando com grandes dificuldades pessoais nos últimos dois anos, “se dedicou a tornar o mundo melhor por meio de sua filantropia, incluindo o apoio à pesquisa para a doença que acabou tirando sua vida. Sei que isso foi muito significativo para ela e estou muito feliz que ela tenha tirado um tempo para fazer isso.”