Mais de 55 anos se passaram desde que Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisaram na superfície lunar. Nos próximos anos, a missão Artemis 3, da Nasa, pode levar novos astronautas à Lua. Porém, até hoje, ninguém conhece a superfície lunar tão bem quanto Robert Reeves, que vive em San Antonio, Texas.
O entusiasta estuda e fotografa a Lua há décadas — desde antes do pouso da Apollo 11 em 1969. “O interesse pela Lua está aumentando. Ela estará mais presente na mídia e no olhar do público. As pessoas comuns terão mais exposição ao tema do que costumavam ter”, afirmou Reeves.
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Recentemente, Robert lançou um livro em formato de guia fotográfico detalhado, com orientações para observar as formações lunares ao longo do mês usando pequenos telescópios. Para ele, a obra “não será apenas para astrônomos amadores, mas uma pauta de interesse nacional”.
Tudo começou com uma câmera comum
“Comecei a fotografar a lua no início dos anos 1960 com uma câmera comum de 35 milímetros e um telescópio refletor newtoniano de quatro polegadas. Consegui resultados razoáveis”, explica Reeves. Com os avanços da era digital, ele passou a produzir imagens extremamente nítidas da superfície lunar.
O astrônomo amador utiliza uma webcam de alta definição para gravar milhares de quadros enquanto seu telescópio rastreia o satélite natural da Terra. “O software processa o vídeo em uma imagem TIFF, que depois é editada no Photoshop para remover artefatos que parecem reais, mas não são. Para isso, é preciso identificar essas falsas formações e destacar os detalhes verdadeiros, o que demanda um conhecimento profundo da aparência da Lua.”
Nos últimos 20 anos, Reeves acumulou uma biblioteca com mais de 2.000 imagens, que ele compartilha diariamente em sua página no Facebook, chamada “Postcards from the Moon”.
As Novas Missões Artemis
A perspectiva das novas missões da Nasa empolga Reeves? “A exploração lunar passou por muitos ciclos políticos — tanto o presidente Bush quanto outros líderes anunciaram grandes planos de retorno à Lua, mas esses projetos serviram apenas para distrair a população de questões políticas”, comenta. “Em seguida, os planos saíram do radar.”
Atualmente, seus sentimentos em relação ao programa Artemis não são muito otimistas, e ele gostaria que a mídia acompanhasse o projeto mais de perto. “O fato de que os planos finalmente estão avançando, ainda que a passos de tartaruga, é encorajador, mas estou decepcionado com a direção que estão tomando”, diz. Reeves acredita que o programa Artemis será excessivamente caro e envolto em mistério.
“Há pouca transparência”, afirma sobre o trabalho da SpaceX e da Blue Origin no desenvolvimento dos módulos lunares que levarão astronautas à superfície da Lua pela primeira vez desde 1972. “Não é como nos tempos da Apollo, quando cada mínimo detalhe era notícia pública. Estamos no escuro sobre o que está acontecendo e como bilhões e bilhões de dólares serão gastos.”
Uma Obra de Arte
Parte da frustração de Reeves com a Artemis vem de sua expectativa por imagens deslumbrantes da superfície lunar, algo que ele espera ver, mas teme não acompanhar em tempo real.
O Photographic Atlas of the Moon é tanto uma obra de arte quanto uma prova de sua dedicação. Mesmo a 384.400 quilômetros de distância, Reeves utiliza um telescópio Celestron de 8 polegadas e câmeras especializadas para capturar detalhes geológicos impressionantes — sombras projetadas sobre crateras, falhas e cordilheiras.
As fotografias são tão nítidas e detalhadas que os próprios astronautas da Artemis 3 podem ter dificuldade em igualar a qualidade das imagens de Reeves — mesmo enquanto orbitam a lua.