Em uma ação que pode remodelar o cenário da mídia social americana, o TikTok enfrenta uma possível proibição nos Estados Unidos no domingo, a menos que sua empresa controladora chinesa ByteDance venda a plataforma. De implicações técnicas para usuários comuns a mudanças potencialmente sísmicas na dinâmica de poder da mídia social, os efeitos cascata de uma proibição podem transformar a maneira como os americanos criam, consomem e compartilham conteúdo digital nos próximos anos.
A proibição decorre de uma lei bipartidária aprovada pelo Congresso em abril de 2024 e assinada pelo presidente Joe Biden, dando à ByteDance nove meses para encontrar um comprador aprovado pelos EUA ou enfrentar o fechamento. Descrito pelo Departamento de Justiça dos EUA como “uma ameaça à segurança nacional de imensa profundidade e escala”, há preocupações de que a ByteDance possa ser forçada a entregar dados de usuários americanos ao governo chinês — uma alegação que o TikTok e a ByteDance negam firmemente.
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E embora o presidente eleito Donald Trump tenha solicitado que a Suprema Corte adie a proibição para buscar uma solução política após assumir o cargo, os riscos continuam altos para um aplicativo usado por cerca de 170 milhões de americanos mensalmente.
Veja por que a proibição está sendo proposta e como ela afetará os usuários. Por que o TikTok pode ser banido? No cerne da controvérsia do TikTok estão questões sobre privacidade de dados e entrega de conteúdo algorítmico. Como outras grandes plataformas sociais, o TikTok usa dados do usuário para alimentar seu sistema de recomendação de conteúdo, e a extensão e a natureza de suas práticas de coleta de dados se tornaram um ponto focal no debate sobre seu futuro no mercado dos EUA. Instituições governamentais em todo o mundo já demonstraram crescente cautela com o TikTok, e preocupações sobre suas práticas de dados levaram a ações de grandes instituições. Em 2023, tanto o governo britânico quanto a Comissão Europeia agiram para restringir o uso do aplicativo, proibindo-o de dispositivos de funcionários. A BBC seguiu o exemplo, orientando a equipe a remover o TikTok dos telefones da empresa, citando considerações de segurança. De uma perspectiva empresarial, os riscos são altos.
A receita de anúncios do TikTok nos EUA deve atingir US$ 11,01 bilhões em 2024, e potenciais compradores já estão surgindo, incluindo Frank McCourt, ex-proprietário do Los Angeles Dodgers, que afirma ter garantido US$ 20 bilhões em compromissos verbais de investidores. Tanto a Bloomberg quanto o The Wall Street Journal também relataram que autoridades chinesas estão discutindo a venda do TikTok para Elon Musk. No entanto, a ByteDance afirma que uma venda não é viável e que qualquer venda potencial provavelmente exigiria a aprovação de autoridades chinesas.
A potencial proibição do TikTok também traz implicações significativas além das fronteiras dos EUA. A proibição do TikTok na Índia em 2020 oferece um precedente — o aplicativo era igualmente popular lá antes de ser proibido. Os efeitos da proibição repercutiram no ecossistema digital da Índia, forçando uma rápida adaptação entre criadores de conteúdo e usuários. Houve respostas semelhantes em escalas menores em outras regiões — o TikTok está atualmente bloqueado em vários países, incluindo Irã, Nepal, Afeganistão e Somália.
O TikTok ainda funcionará depois de ser banido? Se implementada, a proibição criaria um efeito cascata em vez de um desligamento instantâneo. O impacto mais imediatamente óbvio seria a remoção do TikTok das lojas de aplicativos oficiais, dado que a lei proibiria especificamente “a distribuição, manutenção ou atualização” do TikTok por qualquer entidade nos EUA. As empresas que violarem essa proibição poderiam enfrentar multas de até US$5.000 por usuário — potencialmente chegando a US$ 8,5 bilhões, dada a atual base estimada de usuários do TikTok nos EUA. Também vale a pena notar que o aplicativo em si não desapareceria automaticamente dos telefones dos usuários.
Em vez disso, os usuários existentes provavelmente entrariam em um período de degradação gradual à medida que perdessem o acesso a atualizações críticas e patches de segurança. Espera-se que o aplicativo se tornasse instável e potencialmente inseguro de usar ao longo do tempo, à medida que se tornasse incompatível com versões mais recentes de sistemas operacionais móveis. Novos usuários que ainda não tivessem o aplicativo TikTok instalado em seus dispositivos no momento da proibição também poderiam teoricamente “carregar” o aplicativo de fontes não oficiais se possuíssem um dispositivo Android. Essa abordagem, no entanto, carrega riscos de segurança significativos, potencialmente expondo os usuários a software malicioso disfarçado de TikTok.
Além disso, os usuários do iPhone enfrentam obstáculos ainda maiores — eles precisam fazer o “jailbreak” de seus dispositivos, o que é um processo complexo que anula garantias e cria desafios técnicos contínuos. Usuários que ainda usam o aplicativo TikTok após um banimento também podem esperar uma experiência degradada, pois o aplicativo será forçado a depender de servidores estrangeiros, resultando potencialmente em desempenho mais lento para usuários americanos. No entanto, a legislação não parece exigir que os provedores de serviços de internet bloqueiem o acesso ao site do TikTok, ao contrário da abordagem da China para bloquear serviços estrangeiros. Se o TikTok for banido, quais são as alternativas? No mundo em rápida evolução do me