![Imagem ilustrativa de robôs (agentes de IA) trabalhando](https://forbes.com.br/wp-content/uploads/2025/02/agentes-de-IA-768x512.png)
Antes dos computadores pessoais e dos arquivos enviados por e-mail, uma figura era unânime nos escritórios mundo afora: o office boy. No Brasil, é comum ouvir histórias de executivos que começaram no mundo corporativo por meio deste ofício. Apesar de ainda existirem, os poucos humanos encarregados pela movimentação de documentos estão fadados ao obsoletismo.
A cada avanço tecnológico, profissões são extintas, enquanto outras são criadas. Mercados acabam e novos surgem. Com a democratização da inteligência artificial generativa, a história se repete. Um relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial (FMI) em janeiro deste ano destaca que 92 milhões de empregos serão eliminados até 2030. Felizmente, o mesmo estudo aponta 170 milhões de oportunidades de trabalho até lá.
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O FMI cita os ofícios de “profissionais de correios, caixas de banco e similares, digitadores de dados e assistentes administrativos” como os mais afetados. Por outro lado, as carreiras de “desenvolvedores de software e aplicativos, especialistas em gestão de segurança digital e armazenamento de dados e designers de user interface e user experience” estão em pleno crescimento.
“No futuro, a expectativa é que as pessoas possam trabalhar de forma mais estratégica, com a IA cuidando das tarefas operacionais e generalistas. As empresas devem usar essas ferramentas para aliviar a pressão sobre os colaboradores, permitindo que se concentrem em atividades que agreguem valor ao negócio”, explica o professor Anderson Luis Szejka, gerente do núcleo de inovação tecnológica do Hotmilk, ecossistema da PUC-PR.
Se, por um lado, algumas instituições engatinham com as ferramentas de IA, outras estão criando negócios multimilionários com a tecnologia. Fato é que, assim como em um prompt, tudo depende do contexto. “Os negócios que estão adotando ferramentas de IA fazem isso em ambientes controlados e pagam caro por ferramentas devidamente seguras e funcionais. As empresas que não se adaptarem à nova tecnologia correm o risco de ficar para trás, no entanto, tudo deve ser feito com cautela”, diz Szejka.
Afinal, o que é um agente de IA?
No início deste ano, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, a ascensão da tecnologia de agentes de IA foi um dos assuntos mais comentados. Mas, afinal, o que é um agente de IA? De acordo com Fernanda Jolo, diretora de engenharia de clientes de IA para América Latina do Google Cloud, os “agentes de IA são softwares que podem compreender e aprender com informações multimodais – processando vídeo, áudio e texto — para tomar decisões de maneira autônoma, escolhendo o melhor caminho para executar uma tarefa predeterminada”.
Com um agente de IA, empresas podem aperfeiçoar processos cotidianos. No Brasil, já existem alguns exemplos práticos da tecnologia. Com a inteligência artificial generativa do Google Cloud, a Casas Bahia passou a catalogar automaticamente os produtos de seu marketplace. Antes da IA, o desafio era o gerenciamento de cerca de 300 mil novos cadastros por dia. “Este projeto, além de proporcionar uma melhor experiência de compra para os clientes e a otimização de processos internos, traz ganhos significativos para os nossos parceiros ao facilitar a entrada dos produtos”, menciona Filipe Jaske, diretor executivo de tecnologia do Grupo Casas Bahia.
“Por meio dos agentes de IA, as organizações conseguem desenvolver iniciativas que atendam a objetivos específicos, com utilização da linguagem natural, sem a necessidade de entendimento de códigos”, exemplifica Fernanda Jolo.
Agentes Especialistas
Diferentes setores, da administração condominial à cibersegurança, oferecem soluções personalizadas por meio da tecnologia. A brasileira Comunica.In oferece os serviços de seus “agentes de IA especialistas em comunicação corporativa” para gigantes como Bayer, McDonald’s, Volvo e BRF.
Em uma demonstração exclusiva à Forbes Brasil, a empresa criou em menos de um minuto um comunicado personalizado, com três versões de uma espécie de “newsletter” padronizada com a identidade visual escolhida, uma análise sobre o conteúdo apresentado e um relatório sobre como os colaboradores estão reagindo ao texto e assunto.
![Demonstração da Comunica.In](https://forbes.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Demonstracao-da-Comunica.In_-768x512.png)
Primeira parte da demonstração, momento em que o prompt é inserido e os agentes começam a “trabalhar”
“Quanto maior a empresa, mais complexo é fazer a comunicação chegar em todas as pontas. No início do negócio [há sete anos], o desafio que enfrentávamos era que, em média, uma equipe de comunicação interna tinha de três a cinco pessoas para elaborar uma comunicação para 50.000. A partir disso, pensamos que poderíamos utilizar os agentes para sanar esse desbalanceamento de carga de trabalho operacional”, conta Felipe Hotz, CEO e fundador do Comunica.in. Hoje, a startup oferece cerca de 17 agentes especializados em áreas como: contexto, performance, engajamento e segmentação do público.
Em parceria com a OpenAI, a Superlógica, empresa de software para administradoras de condomínios e imobiliárias, criou dez funcionalidades de inteligência artificial generativa. Entre elas, um agente que gera automaticamente o resumo das assembleias condominiais, outro que identifica artigos de regimentos internos para direcionar infrações, além de bots para o atendimento ao cliente e o preenchimento de descrições administrativas.
“Quando posicionamos a empresa como “AI first”, a IA deixa de ser um acessório e passa a ser parte do processo de trabalho de quem está executando uma tarefa. Isso melhora a agilidade das entregas e, consequentemente, sobra mais tempo para atividades nobres”, relata Ivan Perez, Diretor de Engenharia do Grupo Superlógica.
Próximo passo: democratização
Felipe Thomé, cofundador e COO da CisoX, startup do grupo de cibersegurança Dfense, enfativa que “os agentes de IA estão provando que a automatização não é só uma palavra bonita, mas sim um caminho para garantir uma coleta de informações eficiente, rápida e adaptada ao contexto de cada organização”. O executivo também pontua que a tecnologia “precisa ter um viés de democratização em seu desenvolvimento, reduzindo barreiras e permitindo que qualquer companhia possa implementá-la de forma estratégica, segura e eficiente”.