
Se você ainda pensa em paixões juvenis com bilhetes trocados na aula e olhares tímidos no refeitório, está na hora de uma atualização. A Geração Alpha entrou no chat — ou melhor, está entrando nos servidores do Roblox, mandando mensagens no TikTok e, quem sabe, até sussurrando palavras doces por meio de prompts no ChatGPT.
A Geração Alpha está começando sua jornada no mundo dos relacionamentos e não é da forma tradicional.
Como mãe de crianças da Geração Alpha e alguém profundamente envolvida com a forma como a tecnologia molda as conexões humanas, estou aqui para dizer: um novo capítulo nos relacionamentos entre jovens está começando — e ele está sendo escrito com códigos, emojis e servidores de jogos.
Nascida entre 2010 e o fim de 2024, a Geração Alpha ainda está crescendo, mas suas primeiras experiências com namoro estão começando. Das paixões da pré-adolescência às festas escolares, os primeiros sinais de como essa geração se aproxima do amor estão surgindo.
1. Os jogos são os novos cupidos
Esqueça encontrar alguém na escola ou no shopping. Os pré-adolescentes de hoje estão criando laços profundos enquanto jogam. Plataformas como Roblox, Fortnite e Minecraft não são mais apenas espaços para brincar. São lugares onde amizades se formam — e, às vezes, paixões também.
Relatórios mostram que 1 em cada 3 jogadores desenvolveu um relacionamento romântico por meio dos jogos, e 42% dos gamers da Geração Z dizem ter feito amizade dentro de um jogo com alguém que depois se tornou um parceiro.
Um relatório recente da Entertainment Software Association (ESA) revelou que, entre os adultos com 18 anos ou mais, 39% disseram ter conhecido um bom amigo, cônjuge ou parceiro por meio de videogames. Mais de um quinto dos jovens de 16 a 24 anos em Londres dizem que preferem jogar online em um encontro do que ir ao cinema ou jantar fora. Outra pesquisa apontou que 43% dos gamers nos EUA disseram ter desenvolvido sentimentos por alguém com quem jogavam online.
A mesma pesquisa mostrou que 79% dos entrevistados acreditam que relacionamentos formados por meio dos jogos são tão válidos quanto aqueles que começam pessoalmente ou em aplicativos de namoro.
O que isso significa para a Geração Alpha?
Seus primeiros laços emocionais estão se formando por meio de avatares e encontros virtuais. Esse tempo na tela não deve ser descartado como “apenas tempo de tela”.
Para a Geração Alpha — que muitas vezes entra nessas plataformas aos 7 ou 8 anos — é natural que seus playgrounds digitais também se tornem seus primeiros palcos de namoro.
2. As redes sociais são os novos corredores da escola
Para a Geração Alpha, as redes sociais são equivalentes a passar bilhetinhos.
A natureza temporária das interações nas redes permite que as crianças flertem sem a sensação de deixar rastros. A vida social da Geração Alpha acontece no Snapchat, TikTok, WhatsApp e Instagram, onde um emoji de coração ou um filtro bem usado pode significar muito mais do que parece. Um jovem de 14 anos hoje pode estar “namorando” alguém só porque trocam Snaps com frequência, enviam corações ou combinam de se encontrar na próxima festa da escola.
Mas não é só diversão e filtros. A Geração Alpha usa as redes sociais como um palco de ensaio onde testam sentimentos, experimentam linguagens e exploram relacionamentos — às vezes sem nunca dizer uma palavra em voz alta. As redes sociais oferecem uma prévia das dinâmicas dos relacionamentos (boas e ruins) antes mesmo do primeiro beijo. Essas microinterações funcionam como ensaios em tempo real para relacionamentos futuros.
3. A IA pode ser o novo cupido
Se a Geração Z começou a usar o ChatGPT para bolar respostas criativas em aplicativos de namoro, o que esperar da Geração Alpha, que crescerá com companheiros e assistentes de IA, quando começarem a pedir conselhos românticos?
Já há sinais de que eles estão recorrendo a ferramentas como o ChatGPT para expressar sentimentos ou escrever mensagens para os crushes.
Perguntas sobre “como dizer eu gosto de você” estão cada vez mais comuns.
Isso não é necessariamente algo a temer. Pode ser um sinal de que o crescimento emocional e a exploração agora acontecem em colaboração com a tecnologia, e não em oposição a ela.
À medida que a IA se integra cada vez mais às suas vidas — da lição de casa aos dispositivos inteligentes — pode se tornar uma parte natural da forma como a Geração Alpha navega pelo amor jovem.
4. Repensando o romance: mais cedo e com mais inteligência
A Geração Alpha se diferencia por seu acesso à tecnologia e sua fluência em usá-la para explorar identidade e conexão. Seus “kits iniciais” de namoro são bem diferentes das gerações anteriores: um celular, um console de jogos, um app de rede social e um assistente de IA.
Eles não estão necessariamente começando a namorar mais cedo, mas estão fazendo isso de maneira diferente. As fronteiras entre amizade e paquera, online e offline, real e virtual, nunca foram tão borradas.
E agora, pais?
Não estamos dizendo que a Geração Alpha já está usando aplicativos de namoro. Mas estamos dizendo que a base para como eles entendem atração, conexão e comunicação já está sendo construída — e de um jeito radicalmente diferente do que vimos antes.
Como pais, educadores, designers de plataformas e tecnólogos, precisamos prestar atenção. Seja no Roblox, no Snap ou com agentes de IA, o futuro dos relacionamentos para essa nova geração já começou — e embora pareça brincadeira, devemos levá-lo a sério.