As importações de soja pela China – assim como de outros grãos, incluindo milho e trigo – avançaram no primeiro trimestre impulsionadas por uma forte demanda do setor de ração, mostraram hoje (13) os dados divulgados pela alfândega.
As importações de soja quase dobraram em março na comparação ano a ano, segundo os números, com carregamentos do Brasil sendo liberados após atrasos. Enquanto isso, as importações de milho e trigo saltaram no primeiro trimestre devido aos elevados preços do produto no contexto doméstico, além da escassez de oferta.
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A China, maior compradora global de soja, importou 7,77 milhões de toneladas da oleaginosa em março, alta de 82% na comparação anual, segundo a Administração Geral de Alfândegas. “As chegadas de soja em janeiro e fevereiro ficaram abaixo das expectativas do mercado devido ao atraso de cargas. Alguns embarques atrasados foram liberados depois pela alfândega”, disse Xie Huilan, analista de agricultura da consultoria Cofeed, falando após a divulgação dos dados.
“Mais de 5 milhões de toneladas de soja dos EUA foram embarcadas em janeiro para envio à China, e parte disso chegou em março”, afirmou Xie.
A alfândega não divulgou números separados e mensais para milho e trigo em março, que geralmente são publicados na segunda metade de cada mês. Entretanto, a repartição disse que a China importou 6,727 milhões de toneladas de milho no trimestre, disparada de mais de cinco vezes frente ao ano anterior, enquanto as importações trimestrais de trigo mais que dobraram ano a ano, para 2,925 milhões de toneladas.
As chuvas no Brasil atrasaram a colheita e os embarques de soja neste ano, fazendo com que as cargas enviadas anteriormente chegassem lentamente nas últimas semanas. As importações de soja da China nos primeiros três meses do ano ficaram em 21,18 milhões de toneladas, alta de 19% frente às 17,79 milhões de toneladas no ano anterior, segundo os dados de alfândega.
As processadoras chinesas haviam antes aumentado as compras de soja devido às boas margens de esmagamento, uma vez que o mercado antecipava uma forte demanda do setor de criação de suínos do país, que tem se recuperado rapidamente. Apesar disso, recentes surtos de peste suína africana eliminaram pelo menos 20% do rebanho reprodutor no norte da China, de acordo com algumas estimativas, reduzindo a demanda por farelo de soja, um importante ingrediente para rações.
Os contratos futuros de soja negociados na Bolsa de Commodities de Dalian caíram 10% desde que atingiram altas recordes em janeiro, devido às preocupações com a demanda devido aos surtos.
As chegadas de soja nos próximos meses devem ser ainda maiores, disseram fontes da indústria e analistas, fator que aliado a demanda mais baixa, pressiona ainda mais as margens de esmagamento do produto. (Com Reuters)