O descarte de fêmeas ocorrido em anos anteriores, aliado à alta demanda por animais para reposição de rebanho, fez com que o poder de compra do pecuarista brasileiro atingisse o pior patamar da história na aquisição de bezerros, fato que ajuda a elevar os custos de toda a cadeia, inclusive o valor da carne.
Um levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) divulgado ontem (15) mostra que, na média parcial de abril (até o dia 13), foram necessárias 9,89 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro, “maior quantidade já necessária de arrobas para aquisição de um animal de reposição”. O resultado representa altas de 5,72% em relação a março e de 5,74% ante o verificado em abril do ano passado.
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A análise considera o índice Cepea/B3 para a cotação da arroba e o indicador Esalq/B3 com base em Mato Grosso do Sul para o bezerro – principal Estado produtor do animal. “Os preços do boi e do bezerro são recordes e seguem em alta, mas os do animal de reposição sobem com mais intensidade que os do animal para abate”, disse o Cepea em nota.
Nesta quinta-feira, o boi gordo fechou cotado a R$ 319,40 por arroba, alta de 61% no comparativo anual, enquanto o valor do bezerro atingiu R$ 3.164,86 por unidade, um salto de 71,3% no ano a ano, conforme dados do Cepea.
Com isso, o instituto afirmou que muitos pecuaristas que fazem a engorda do gado mostram cautela na compra de novos lotes de bezerro, mesmo diante dos elevados preços da arroba do boi gordo – o que também pode limitar as intenções de confinamento. A despesa com animais de reposição é um dos principais custos na pecuária, seguida pela alimentação do animal, que tem como base milho e farelo de soja.
Recentemente, a disparada nos preços da arroba bovina e a dificuldade de repasse integral desses custos para a carne no mercado interno têm afetado margens na indústria do Brasil, levando a uma onda de suspensões temporárias de produção que reduz abates e a oferta aos consumidores, conforme reportagem publicada pela Reuters nesta semana.
Gigantes como a Minerva Foods e a Marfrig chegaram a paralisar unidades para ajustar a produção em meio ao cenário adverso. (Com Reuters)