O confinamento da Agro-Pastoril Paschoal Campanelli, com sede em Bebedouro (SP) e unidade produtiva no município de Altair, a cerca de 80 quilômetros, é referência em tecnologias de engorda intensiva de bovinos. A capacidade das instalações é de cerca de 30 mil cabeças, com 75 mil bovinos abatidos em 2020, levando em consideração dois giros de engorda. Para este ano, a previsão é abater 90 mil animais. À frente dessa máquina de produzir carne está o administrador de empresas Victor Campanelli, terceira geração de uma família de agropecuaristas que também cultiva grãos e cana-de-açúcar.
“Eu tive o privilégio de ser de fato, junto com meus irmãos e primos, sucessor e não herdeiro. Meu pai e meus tios estão saudáveis e ativos. É muito bacana ter a experiência deles, não contada, mas vivida”, diz Campanelli. “O que vem deles é muito conhecimento único. A pecuária é uma paixão e o conhecimento da apartação dos animais é uma ciência. Às vezes, a gente tem posições muito racionais, porque sou muito de número, mas o conhecimento do meu pai e meu tio, ainda saudáveis e ativos, é diferente, é engrandecedor.”
LEIA TAMBÉM: Dia do Pecuarista: 3 histórias de produtores que estão revolucionando a pecuária
O confinamento é considerado entre os mais tecnificados do país. A aposta em pesquisa e desenvolvimento é uma constante, com projetos visando a melhoria da terminação intensiva. Quando Campanelli se refere a “ser racional”, em trabalhar com números, significa gerir os riscos da entrada dos animais no confinamento, na dieta, na engorda, na sanidade e no comércio da boiada, que é toda rastreada visando mercados de carne de qualidade. “Olhando para dentro da porteira, o maior desafio é manter uma rentabilidade condizente com a agricultura”, diz o produtor. “A agricultura é o nosso concorrente em terra, em business. A saída é a sinergia, buscar a integração da agricultura com a pecuária, dar as mãos.”
Para ele, o futuro da pecuária está nos sistemas integrados. “O Brasil tem uma vantagem competitiva muito grande, porque há lugares em que o produtor consegue fazer safra, safrinha e uma terceira safra de boi.” Campanelli compara os sistemas locais com o modelo americano de pecuária. “É um modelo quase homogêneo, porque a cria é feita a pasto e a terminação em confinamento. No Brasil tem multi modelos que podem dar certo. Nosso trabalho é diferente e, lógico, queremos estar à frente, mas como o meu há muitos outros projetos bacanas.”
A intensificação dos sistemas é uma demanda atual, pelo capital envolvido, que é muito grande. “É preciso rentabilizar esse capital, fazer pecuária intensiva e de alta produtividade. Por exemplo, quando você integra a lavoura-pecuária com um confinamento, devolvendo esterco orgânico para a agricultura, isso é um sistema sustentável”, afirma. Campanelli diz que o grande desafio atual é comunicar a responsabilidade social e ambiental, mostrando que o setor gera empregos e cuida do meio-ambiente. “Um dos maiores desafios da pecuária brasileira está fora da porteira da fazenda, que é a gente conseguir se comunicar cada vez melhor, mostrar que a proteína vermelha não é nem vilã do meio ambiente, bem como não é vilã de uma vida saudável, de uma dieta bacana. A pecuária é sustentável.”
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.