Geadas excepcionalmente fortes reportadas nas regiões agrícolas do Brasil na semana passada atingiram até 200 mil hectares cultivados com café arábica, ou 11% do total da área destinada à variedade no país, maior produtor global de café.
De acordo com estimativas preliminares da estatal Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgadas durante o final de semana, uma área de 150 mil a 200 mil hectares deve verificar danos, que vão de leves a severos.
Os pés de café são muito sensíveis a danos pelo frio, razão pela qual a produção brasileira de café, ao longo dos anos, se deslocou dos Estados do Sul para Minas Gerais, onde mais de 70% dos pés de café arábica do país estão localizados atualmente.
No entanto, as geadas atípicas reportadas em 20 de julho, quando as temperaturas caíram para níveis congelantes já no início da manhã, afetaram uma grande área de Minas Gerais, no primeiro evento climático do gênero na região desde 1994.
“A Conab segue monitorando a situação… Essas informações são preliminares e sujeitas a alteração”, afirmou a agência em nota.
O Brasil responde por cerca de 40% do mercado global de café. A perspectiva de uma produção reduzida em 2022, como resultado das geadas, fez com que os contratos futuros do café disparassem e os temores de “default” também aumentassem.
Vanusia Nogueira, diretora da BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais) e candidata do país à diretoria executiva da OIC (Organização Internacional do Café), disse que a maior parte das pessoas concorda com a perspectiva de um corte de 10% às estimativas iniciais para a safra 2022, de cerca de 67 milhões ou 68 milhões de sacas.
Ela disse que as cooperativas de café brasileiras decidiram trabalhar juntas, usando seus estoques disponíveis, para evitar o descumprimento de contratos existentes com grandes tradings de commodities.
Nogueira afirmou que o governo brasileiro provavelmente estenderá linhas de financiamento para que os agricultores recuperem os cultivos assim que as avaliações sobre os danos forem concluídas.
A corretora Escritório Carvalhaes disse, em relatório publicado no final de semana, que as expectativas iniciais para uma safra próxima ao recorde de 70 milhões de sacas (atingido em 2020) no ano que vem estão afastadas.
“Em nossa visão, as perdas na produção de arábica do Brasil no ano que vem serão significativas”, disse a corretora, acrescentando que os contratos futuros da commodity negociados na ICE ainda não refletem adequadamente a situação, apesar das altas nos preços na semana passada.
A previsão é de que o frio volte ao Brasil nos próximos dias, com potencial de novas geadas. (Com Reuters)
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