A informação divulgada ontem (29) pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e confirmada pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) sobre a ocorrência de foco de PSA (Peste Suína Africana) na República Dominicana disparou o alerta no setor produtivo de suínos do Brasil para a intensificação dos cuidados preventivos contra a enfermidade. Lidera o movimento a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que reúne 140 empresas e entidades dos vários elos da avicultura e da suinocultura do Brasil, responsáveis por uma pauta exportadora superior a US$ 8 bilhões.
A PSA é uma doença viral que não oferece risco à saúde humana, mas pode dizimar criações de suínos, pois é altamente transmissível e leva a altas taxas de mortalidade e morbidade. Considerada pela OIE como uma das doenças mais relevantes para o comércio internacional de produtos suínos, a PSA afeta somente suínos
“Imediatamente após a divulgação da notícia, estabelecemos contato com o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) e iniciamos tratativas para a composição de medidas preventivas em portos e aeroportos, além das granjas, que são os principais pontos de atenção. O trabalho segue evoluindo em linha com o que o ministério já tem executado com sucesso”, afirma Ricardo Santin, presidente da ABPA, lembrando que o Brasil não registra focos de PSA desde 1984. Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína. Foram 4,43 milhões de toneladas em 2020 – cerca de 4,54% da produção mundial – e exportou 1.024 mil toneladas – 23% da produção nacional, para 97 países.
Conforme a entidade, os rígidos procedimentos de biosseguridade adotados pelo setor produtivo foram atualizados e divulgados aos associados pela diretoria técnica, com foco especial na movimentação de pessoas intrassetorial. A preocupação, agora, é com o reforço da exigência do cumprimento de quarentena para brasileiros e estrangeiros que atuam direta ou indiretamente no setor produtivo, e que estejam retornando ao Brasil.
Ao mesmo tempo, foi reforçada a campanha “Brasil Livre de PSA” (www.brasillivredepsa.com.br), iniciativa da associação focada especificamente nos suinocultores de todo o país. A campanha traz alertas contra a visitação nas granjas, e indica cuidados para minimizar as chances da circulação da enfermidade no País.
Em caráter emergencial, a entidade também convocou o Gepesa (Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana) – formado por técnicos e especialistas das organizações associadas – para a discussão de novas ações no âmbito privado, em suporte ao trabalho de defesa agropecuária desempenhado pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
Na manhã de hoje o governo divulgou o Mapa divulgou o Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos que visa fortalecer a capacidade de detecção precoce de casos de PSC (Peste Suína Clássica), PSA (Peste Suína Africana) e a PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos), bem como demonstrar a ausência das doenças em suínos domésticos. “Reforçamos as recomendações para vigilância em portos e aeroportos, para assegurar que companhias aéreas e marítimas e viajantes obedeçam às proibições de ingresso de produtos que representem risco de pragas e doenças para a agropecuária”, destaca o diretor de Saúde Animal, Geraldo Moraes.
A PSA tem sido um martírio para os produtores chineses, donos do maior rebanho suíno do mundo. Nos últimos dois anos, a doença dizimou metade do rebanho do país, que tinha então 400 milhões de animais. Não por acaso, as vendas brasileiras para o mercado asiático foram o principal destaque no ano passado, representando 80% do total das exportações da suinocultura. No total, a Ásia importou 800,2 mil toneladas em 2020, volume que superou em 66,9% o desempenho registrado ao longo de 2019. A China, líder entre os países importadores (com 50,7% de participação das exportações totais do Brasil), foi destino de 513,5 mil toneladas, volume 106% superior ao exportado em 2019.
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